5g no agronegócio: veja entrevista com a Embrapa
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5G e a conectividade no campo: entrevista com Embrapa Agricultura Digital

7 min de leitura

5G e a conectividade no campo

por Luisa Torres
15 de dezembro de 2021
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5g no agronegócio: veja entrevista com a Embrapa
Tecnologia e 5g no agronegócio

A tecnologia 5G, que acaba de chegar ao Brasil, irá trazer inúmeros benefícios para o país, especialmente para o agronegócio, alavancando ainda mais o setor.

Mas para que os produtores possam se beneficiar dessa inovação, é preciso antes superar os desafios de infraestrutura e ampliar a conectividade.

Para falar sobre o assunto 5G e agronegócio, a Syngenta Digital convidou Silvia Massruhá, chefe geral da Embrapa Agricultura Digital e membro da Câmara do Agro 4.0 coordenada pelos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Qual o impacto do 5G para o agronegócio brasileiro?

Silvia Massruhá: É importante ampliar a conectividade no meio rural. Existe relatório que o Ministério da Agricultura fez recentemente sobre a conectividade no campo. Ele mostra que apenas 23% das áreas rurais são cobertas com a conectividade. E o relatório simula dois cenários: um primeiro cenário duplicando o número de antenas. Hoje, temos 4.400 torres e antenas. Duplicando, ampliaríamos a cobertura para 48%.

Já no cenário 2, se aumentarmos o número de antenas para 15 mil antenas, aumentaríamos a conectividade para 90%. Eles também estimaram sobre o valor bruto da produção. Em um primeiro cenário, teríamos um valor bruto de produção com aumento de 47 bilhões de reais.

No segundo cenário com aumento de aproximadamente 100 bilhões. Só isso já mostra o peso da conectividade, o impacto econômico que isso pode ter nesse setor que tem puxado a economia do país.

O que é 5g? Qual a diferença para 4G ou 3G?

Silvia Massruhá: Se a gente lembrar lá do 2G, vamos recordar que só conseguíamos falar por telefone, só por chamada de voz. Depois, veio o 3G com as mensagens de texto. O 4G trouxe um boom. Vídeos, aplicativos. Qual a diferença para o 5G?

O 5G vai permitir você ser 20 vezes mais rápido do que o 4G, ou seja, será possível processar e devolver a informação de forma mais rápida. Hoje, por exemplo, você tem uma colheitadeira que estima a produtividade por talhão.

Muitas vezes você tem que ir lá na sede, conectar um pen drive para copiar as informações. Você não consegue fazer isso de maneira online. Outro exemplo: você usa o drone para capturar as imagens. Depois manda as imagens para nuvem, processa os dados para aí fazer o monitoramento de pragas, para aplicar um defensivo.

Só que tudo isso ainda é feito de maneira offline para depois tomar uma decisão. Com o 5G essa tomada de decisão será real time, ele irá permitir você processar as imagens em tempo real e devolver essa informação mais rapidamente para o produtor tomar a decisão online. Esse é o grande diferencial dele. Mas na agricultura, aumentar a conectividade seja 3G, 4G ou redes de baixa frequência, como a gente fala (internet via rádio, satélite) é importante porque vai permitir com que o produtor comece a usar mais a tecnologia digitais.

Pensando na robotização, na agricultura inteligente, mais autônoma, o 5G é imprescindível. Nós temos que trazer o 5G e ele vai trazendo o 4G, 3g onde não tem cobertura para a gente dar o próximo passo.

Como o 5G pode ajudar na segurança alimentar?

Silvia Massruhá: Segundo dados da ONU, o mundo tem que alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050. Para isso, é esperado que a produção de alimentos aumente 70% e que 40% venha do Brasil. Mas quando falamos em aumentar, estamos dizendo aumentar com sustentabilidade nas três dimensões: econômica, ambiental e social.

E para que isso possa ocorrer vamos ter que usar essas tecnologias digitais. Elas são uma maneira de aumentar a produtividade, com menos expansão de área, garantir a segurança alimentar, garantir que os alimentos também sejam seguros, além de ajudarem a garantir a competitividade.

Quando o 5G será implementado no Brasil?

Silvia Massruhá: Existe uma programação para a implementação do 5G entre 2022 a 2029 com a instalação de antenas pelas capitais do país.

Normalmente, as operadoras priorizam onde tem mais densidade mas nesse leilão do 5G o legal é que veio junto uma determinação que as operadoras ofereçam 4G ou 3G para localidades mais remotas.

Onde estão as escolas rurais, chegando na região rural. É um ganho que a gente vai ter porque vamos conseguir aumentar essa cobertura de internet.

Antena de 5G para manter sinal na fazenda
5G no Brasil: Falta de conectividade é o grande desafio do agronegócio.

Como o 5G vai ampliar o uso da agricultura digital?

Silvia Massruhá: Esse leilão do 5G, na verdade, está trazendo expansão de áreas de conectividade para áreas remotas também. Então, mesmo que não chegue o 5G, vai chegar a conectividade, já melhora o sinal.

O número de produtores rurais é muito importante. Na verdade, a minoria é considerada grande produtor. O restante é pequeno e médio. E são os pequenos que têm mais dificuldade de entender como a tecnologia digital pode agregar valor no processo de produção dele, ajudar a melhorar custos ou melhorar o modelo de negócios dele.

É um trabalho que temos que fazer no país para a inclusão digital, inclusão cultural.

Fizemos um estudo na Embrapa com parceria com Sebrae nacional, aplicamos de abril a junho de 2020. Foram entrevistados aproximadamente 1000 produtores rurais e prestadores de serviço.

Desses, 67% eram produtores e 33% prestadores. O interessante é que 85% deles responderam que utilizam pelo menos uma tecnologia digital mas é muito diferente a percepção. 70% dos respondentes têm até 70 hectares, 25% dos entrevistados têm 500 hectares e o 5% acima de 500 hectares.

Daí você já percebe a diversidade no nosso país e é muito interessante porque às vezes usar um aplicativo de mensagem para entrar em contato com a extensão rural, cooperativa, associação de produtores já é usar tecnologia digital. Já para outros produtores, o entendimento de usar tecnologia digital é drones para aplicação, utilização de defensivos.

O que a gente vê é que a tecnologia digital pode ajudar na democratização ou ajudar os pequenos a ter mais escala. Mesmo que eles ainda não tenham capacidade de investimento para comprar tecnologia, às vezes podem fazer isso através de uma associação de produtores, de cooperativas. Um drone por exemplo, pode ser usado de maneira compartilhada.

Essa percepção dos pequenos produtores de que a tecnologia é algo inacessível mudou na pandemia. Nela, o produtor precisou de uma plataforma online para compra dos insumos e produtos, precisou de usar um app de delivery para entrega dos produtos…. A pandemia funcionou como um acelerador para as novas tecnologias. Iniciou uma inclusão digital básica.

Gostou da entrevista? Então aproveite para conhecer mais sobre tecnologia e 5G no agronegócio com o nosso conteúdo sobre como a tecnologia tem ajudado produtores do MATOPIBAPA.

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