Entre os anos de 1516 e 1532, antes mesmo do aparecimento da tequila, do rum e do pisco, a primeira bebida das Américas era destilada em solo brasileiro! A história sobre a criação da cachaça tem duas versões: a primeira […]
Entre os anos de 1516 e 1532, antes mesmo do aparecimento da tequila, do rum e do pisco, a primeira bebida das Américas era destilada em solo brasileiro! A história sobre a criação da cachaça tem duas versões: a primeira conta que os portugueses, sentindo falta de consumir a bagaceira – destilado de casca de uva – inventaram a versão derivada, feita do caldo da cana-de-açúcar.
Em uma segunda versão, a história relata que durante a fervura da garapa nos engenhos de açúcar, uma espuma se formava, era retirada e jogada nos cochos. Os animais que consumiam o líquido, apelidado de cagaça, ficavam revigorados! Percebendo os benefícios da bebida, os escravos passaram a consumi-la, e os portugueses, que já conheciam técnicas de destilação, deram início a produção da aguardente de cana brasileira.
Fruto da cagaça ou uma versão da bagaceira, a cachaça está prestes a completar 500 anos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Cachaça (IBRAC), no ano passado, a pinga brasileira foi exportada para mais de 54 países, gerando receita de 14 milhões de dólares. Apesar do resultado representar um crescimento de 5% em comparação a 2015, o setor ainda encontra muitos desafios.
PINGA DA BOA
Em Pirapora, interior de Minas Gerais, a família Valladares Mourão é dona do alambique que tem capacidade de produção para 160 mil litros/ano da cachaça que leva o mesmo nome do município. Criado na década de 80, o grupo produz para o grande público e também uma versão premium, com até 22 anos de envelhecimento. Mas o nicho que consome a versão com padrão mais alto ainda é muito restrito, o que encarece o processo de produção.
“O Brasil precisa olhar com mais carinho para o seu produto típico e exclusivo”, afirma Carlos Lima, Diretor Executivo do IBRAC. O país possui menos de 2 mil produtores da bebida devidamente registrados, com 4 mil marcas. Na visão de Thomaz Valladares Mourão, sócio e sucessor do grupo Pirapora, a falta de acesso e de conhecimento são os principais fatores que ainda levam a cachaça a ser vista como uma bebida de segunda categoria dentro do Brasil. “O consumidor de whisky ou
cerveja sabe o valor que produtos premium têm, e aceita pagar mais pela qualidade. No caso da cachaça, o conhecimento ainda é muito pequeno e o cliente acaba optando por um produto mais barato, com menor qualidade”, comenta.
Além da busca pelo reconhecimento como um destilado de qualidade, os produtores de cachaça possuem grandes desafios para o futuro. Para o Diretor Executivo do IBRAC, é necessário ampliar a proteção da bebida no mercado internacional. Enquanto a vizinha, tequila, é protegida em mais de 46 países, a cachaça está protegida apenas nos Estados Unidos e na Colômbia.
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