Agronegócio no Brasil: como será daqui dez anos? - Syngenta Digital
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Agronegócio no Brasil: como será daqui dez anos?

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Convidamos Roberto Rodrigues, engenheiro agrônomo, embaixador especial da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) para um bate papo sobre tecnologia e o futuro do agronegócio no Brasil. Roberto participa de inúmeros conselhos empresariais aqui e fora do país. É coordenador do Centro de Agronegócios da FGV e também foi Ministro […]

por Luisa Torres
08 de junho de 2021
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Agronegócio no Brasil: como será daqui dez anos? - Syngenta Digital

Convidamos Roberto Rodrigues, engenheiro agrônomo, embaixador especial da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) para um bate papo sobre tecnologia e o futuro do agronegócio no Brasil. Roberto participa de inúmeros conselhos empresariais aqui e fora do país. É coordenador do Centro de Agronegócios da FGV e também foi Ministro da Agricultura.  

Syngenta Digital: Roberto, um estudo da FAO aponta que daqui dez anos, para conseguirmos alimentar toda a população mundial que não para de aumentar, o Brasil terá que crescer 40%.  É uma responsabilidade enorme nas costas do nosso agro, não? É possível cumprir essa meta?  

Roberto Rodrigues: É verdade. O mundo sempre olhava o Brasil com uma certa preocupação e até com um certo temor dado o nosso potencial de crescimento que tem sido extraordinário. Nos últimos 30 anos, por exemplo, a área plantada com grãos, no Brasil, cresceu 81% e a produção cresceu 380%. Quase 5 vezes mais! Isso por causa da tecnologia que foi gerada aqui no Brasil e incorporada pelos produtores rurais brasileiros que são investidores confiantes no país.  

Foi colocado pela FAO e SGA, confiando no nosso potencial de crescimento, que em dez anos a oferta mundial de comida precisa crescer 20% para que o mundo se alimente. Mas para que o mundo cresça 20%, o Brasil precisa crescer 40%.  Por três razões: primeiro, tecnologia tropical sustentável. A tecnologia traz o aumento da produtividade e por trás disso tem algo muito importante. Hoje, cultivamos no Brasil 60 milhões de hectares com grãos. Se nós tivéssemos a produtividade que tínhamos em 1990, quando começamos a medir esse processo, seriam necessários mais 109 milhões de hectares para produzir a safra desse ano! Ou seja, nós preservamos o desmatamento em 109 milhões de hectares.  

Tecnologia fez do Brasil agrícola uma potência. Hoje se produz mais em menos espaço.
A tecnologia fez do Brasil agrícola uma potência. Hoje se produz mais em menos espaço.

Segundo ponto que torna esse crescimento possível é que temos terra disponível. Os números da Embrapa são impressionantes. O Brasil ainda tem 66% do seu território coberto pela vegetação nativa, dos quais um quarto está nas fazendas privadas. O produtor rural paga para preservar um quarto do território nacional e o mais importante: tudo que é cultivado, plantado, seja azeitona, alface, cana, café, ocupa apenas 9% do território nacional.  

Terceiro ponto é gente. Se você olhar o que está acontecendo no Brasil agrícola hoje, tecnologias novas, digitalização, juventude indo para o campo preparadíssima, competente, rejuvenescendo o agro brasileiro.  

Esses três fatores somados: tecnologia tropical sustentável, terra disponível para crescer e gente capaz são fatores que nenhum outro país tem na condição que o Brasil tem.  

Outro dado interessante, dessa vez de exportação: Em 2020, o agronegócio brasileiro exportou 21 milhões de dólares. Vinte anos depois, 101 milhões de dólares. Cinco vezes! É um agro negócio competitivo, eficiente e que está disputando cada vez mais espaço. Agora, sem a tecnologia não vamos a lugar nenhum. “ 

Syngenta Digital: Então, você acredita que vamos cumprir essa meta em dez anos? 

Roberto Rodrigues: Eu acredito que podemos. Se vamos conseguir? Depende. Tem que ter estratégia que passa por logística, infraestrutura, política de renda no campo, acordos comerciais que permitam novos mercados, investir ainda mais em tecnologia. Hoje temos a melhor tecnologia tropical do mundo. Isso é dinâmico, se não investirmos outro país faz e passa na nossa frente. Não podemos parar de investir.  

Com a pandemia, duas grandes janelas se abriram para o futuro. Segurança alimentar e sustentabilidade. A pandemia mostrou que alguns países não têm capacidade de se abastecer internamente e o mercado global vai ser mexido por essa condição.  O outro ponto é a sustentabilidade. A juventude quer preservar o meio ambiente e as discussões vão durar nos próximos anos, felizmente. 

Syngenta Digital:  Como a tecnologia pode auxiliar ainda mais o campo nos próximos dez anos? 

Roberto Rodrigues: Vem vindo uma onda nova que é a agricultura 4.0, tecnologia da internet das coisas. Drones, tratores que vão trabalhar sem operários. Tem um processo tecnológico acontecendo no mundo inteiro que é impressionante. Qual o problema? Isso depende de conectividade, são torres, antenas colocadas no país inteiro para que os produtores consigam receber a informação em tempo hábil e aplicá-la na sua propriedade rural. O problema é que o Brasil não teve condições de fazer os investimentos necessários para a conectividade e isso está gerando um abismo em relação a grandes e pequenos produtores. 

Os grandes montam suas próprias antenas, compram maquinas agrícolas, tem computadores de bordo, Gps que funcionam por causa das antenas. Já os pequenos compram o trator com computador, mas não tem como ler esses processos por falta da conectividade.  

E é aqui que passa o papel extraordinário das cooperativas agropecuárias! 

Syngenta Digital:  Nós temos o programa Controle Certo, por exemplo, em que os pequenos produtores podem comprar através das cooperativas.   

Roberto Rodrigues: Isso é essencial.  As tecnologias inovadoras, sobretudo na área da digitalização, podem reduzir 10% do custo de produção. Faz muito bem a Syngenta Digital com esse processo junto as cooperativas agropecuárias porque elas são um fator de distribuição da renda. Não só da tecnologia, elas oferecem ao produtor a tecnologia corretaA que precisa ter e não o que o mercado quer.  

Pra você ter uma ideia, hoje no Brasil, 54% da produção agropecuária passa por cooperativas. Com uma característica: 80% dos cooperados são produtores médios e pequenos. Os grandes não precisam. Se viram sozinhos. Mas os pequenos morreriam sozinhos.  

Syngenta Digital: O Brasil, muitas vezes, é visto com uma imagem distorcida e negativa com manchetes sobre o desmatamento, os incêndios ilegais.  A ministra Tereza Cristina chegou a dizer que o Brasil é o país mais sustentável do mundo. O Senhor concorda? 

Matriz energética brasileira é um exemplo de sustentabilidade
Matriz energética brasileira é um exemplo de sustentabilidade

Roberto Rodrigues: O Brasil é a maior potencia agrícola e ambiental. Nós temos a Amazônia, mas temos que cuidar dela, acabar com o desmatamento ilegal, com os incêndios. Acabar com a ilegalidade. Isso mancha a nossa imagem sustentável de produtor de alimentos , de energia e fibras também.

A tecnologia tem esse papel extraordinário de nos ajudar a sermos mais sustentáveis. 46% da agroenergia, na matriz energética brasileira, é renovável, por exemplo.

Em quase metade (dos países) no mundo desenvolvido é 14%. Agora o que ninguém sabe é que a agricultura, sobretudo etanol e a cogeração de eletricidade das usinas de cana, agora o biodiesel e o álcool de milho, representam 18% da matriz energética do país. É mais que as hidrelétricas somadas no Brasil. A agroenergia sustentável permite uma matriz energética muito mais renovável que no resto do mundo.  

Na área de grãos, estamos precisando de cada vez menos terra. Temos terra suficiente com tecnologia.   

Agora, tem que ter logística, infraestrutura.  Ninguém queria o cerrado. Era uma terra mais pobre, pouca argila, pouca matéria orgânica. A Embrapa dominou o cerrado. Entenderam como transformar uma terra degradada em terra produtiva e muito da nossa agricultura foi para lá. Mas a estrada não foi, a ferrovia não foi, o armazém não foi, o porto não foi. Então, a gente produz hoje com competência enorme no cerrado, mas quando o produto sai de lá, o custo Brasil inibe nossa competitividade. Logística e estrutura são fundamentais para reduzir o custo Brasil e aumentar a competitividade. 

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