Você sabe qual a relação entre o ESG e o agronegócio? Investidores e consumidores estão cada vez mais atentos à real prática do respeito ao meio ambiente por parte de diversas empresas, principalmente as do agronegócio, setor que tem sido […]
Você sabe qual a relação entre o ESG e o agronegócio? Investidores e consumidores estão cada vez mais atentos à real prática do respeito ao meio ambiente por parte de diversas empresas, principalmente as do agronegócio, setor que tem sido o motor da economia brasileira.
Nessa esteira, que inclui a busca por uma maior confiança do mercado, o ESG, ganha espaço entre os produtores rurais.
ESG é uma sigla muito usada no meio corporativo que em inglês significa: Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança).
O Brasil lidera a produção das principais commodities agropecuárias do mundo. Estima-se que essa produção continue crescendo. Para se ter uma ideia, um estudo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, indica que até 2030, a produção deve crescer mais de 20%.
Com isso, as empresas do setor estarão cada vez mais presentes no mercado de capitais, o que aumenta a exigência de boas práticas relacionadas ao ESG. Os especialistas afirmam que empresas/produtores que adotarem em seus negócios modelos que se alinhem às melhores práticas ambientais, sociais e de governança se diferenciarão e ajudarão a elevar nosso país a liderança mundial de produção aliada à preservação.
O grande desafio tem sido produzir mais sem aumentar a área, preservando os recursos naturais. E isso o Brasil tem feito muito bem. Como? Com a ajuda da tecnologia! Hoje, a agricultura digital conta com drones, sensores, internet das coisas, machine learning que, aliados a boas práticas de manejo, uso de energias renováveis e uma gestão otimizada e eficiente, têm tornado o agronegócio bem mais sustentável. Fazendo com que o produtor rural brasileiro se destaque quando o assunto é preservação ambiental.
Outras questões como o controle da emissão de carbono, número de operações com uso intensivo de água e redução da energia usada também estão sendo buscadas no campo. A agricultura é uma das atividades que tem alto potencial de passar de emissora à recuperadora de carbono.
Você sabia que o agronegócio emprega 1 de cada 3 trabalhadores no país? E as contratações não param de crescer. Só em 2021 mais de 150 mil vagas foram criadas, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados.
Com tanta gente se dedicando ao campo, cuidar do social é indispensável, além de trazer retorno para as empresas. No ranking Great Place to Work (GPTW) Brasil, 93% dos entrevistados disseram ter orgulho de pertencer a empresas do agro.
Entre as práticas sociais, fazendas e empresas devem prezar pela diversidade da equipe, dar oportunidades, respeitar as leis trabalhistas e dos direitos humanos, por exemplo.
A governança diz respeito ao cumprimento das regras, garantindo uma conduta corporativa. Comitês de auditoria e de compliance são comuns quando se pratica uma boa governança. Nela, é essencial prever cenários futuros, traçar metas de curto, médio e longo prazo, além de fornecer, dentro de um plano, os meios necessários para a sua execução.
E é exatamente esse pilar, o principal gargalo do agronegócio, segundo diversos stakeholders do setor, de acordo com a pesquisa “Agronegócio: Desafios à competitividade do setor no Brasil”, realizada pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio).
Para falar sobre o assunto do ESG e agronegócio, convidamos Marcello Brito, ex-presidente da associação, hoje coordenador técnico da Academia Global do Agro, na FDC, e Conselheiro do Fórum Mundial de Bioeconomia.
Syngenta Digital: Marcello, por que a Governança é considerada o maior desafio na implementação do ESG?
Marcelo Britto: É mais fácil você lançar um plano ambiental e um plano social do que você transformar toda a governança da sua empresa. E quando você fala de governança, estamos falando de todas as ações que você toma. Se você pegar qualquer certificação mundial, você vai ver que o item número 1, vai estar escrito em inglês: Full Legal Compliance que significa estar em acordo com todas as leis nacionais e geralmente com todas os acordos internacionais do qual seu país é seguidor.
O processo de governança é a base estrutural que vai te dar condição de criar alguma coisa no social e ambiental. E dentro da Governança tem algo muito sério, principalmente no país de leis tão estranhas como o nossos, que é a parte de compliance. Se você não está de acordo com o compliance do Brasil, vamos pegar um exemplo aqui do agro. Se em 2022, dez anos depois do lançamento do Código Florestal, se você não estiver com seu CAR já definido, não vou falar validado porque não é problema do produtor, é problema do governo do estado, mas se você não tiver CAR, se não tiver dado entrada nos seus processos de regulamentação fundiária, se não tiver dado entrada nos seus processos de regularização ambiental, licença ambiental, licença de operação, licença de tudo, você não pode falar que pode dizer que você é ESG. Então, a parte mais importante desse tripé é o G da Governança.
A gente não pode esquecer de um outro ponto que compõe essa questão de governança que é a governança pública. Você não vai conseguir ocupar ou estabelecer de forma correta 100% da governança privada sem a governança pública. E esse é o grande muro que trava o desenvolvimento brasileiro. É a falta de governança pública. E isso se traduz em quê? Nas dificuldades que você tem de conseguir as licenças. Na insegurança jurídica. O fato da gente ter um código florestal que é uma lei espetacular, lançada há dez anos atrás, que não tem 5% dela implementada, mostra a insegurança jurídica do processo brasileiro. Então, isso não é caro para nós enquanto sociedade. A gente está vendo agora, toda a discussão na questão dos fertilizantes como se fosse nova. Esses dias, eu publiquei em um grupo nosso, matérias dos anos 2000, matérias dos anos 90 mostrando essa questão. Um país que não tem plano de futuro, plano de 5, plano de 10 anos, de 20 anos, não é um estado. É um país político que se renova há quatro anos.
Isso é o componente de governança. É você saber o que tem que fazer hoje, mas muito mais do que isso, é você prever o que você tem que fazer amanhã, para o amanhã. E as empresas que conseguem fazer isso são as empresas que estão liderando o processo e estão liderando no mundo todo.
Syngenta Digital: Marcello, como implementar o ESG diante de tantas leis, normas no país, são muitos desafios!
Marcello: Você pode chamar isso de desafio ou você pode olhar como oportunidade. Se olha como desafio, você se mantem eternamente pensando: “ Ah.. aqui no Brasil não dá para fazer, tem lei demais, tem dificuldade demais. O processo? É difícil. Mas ele é oportunidade. Que país no mundo tem a oportunidade de construir ainda tanta coisa boa dentro do agronegócio como o nosso?
Quanto menor a propriedade, mais difícil é se integrar no ESG. Por isso, existe uma formulazinha que diz o seguinte: É impossível você estruturar sua empresa, sua propriedade, dentro do conceito ESG sem a ajuda dos seus fornecedores, seus clientes. É um processo em corrente, em cadeira. Todos participam. Você não estará no seu compliance perfeito se seu fornecedor não estiver.
O seu cliente não estará em compliance perfeito se você não estiver. O mercado consumidor mundial é muito mais complexo e exigente do que a gente espera. Então, você não tem o que recorrer. Ou você faz ou mais cedo ou mais tarde você estará fora do jogo.
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