A macaúba é uma palmeira de regiões tropicais e pode ser usada em diferentes indústrias, desde a alimentícia até a de energias renováveis. Saiba mais sobre a planta.
As mudanças climáticas registradas nos últimos anos tem refletido sobre a agricultura. O setor agrícola tem sido pressionado devido ao aumento na demanda por alimentos e por fonte de energias renováveis. Nesse sentido, plantas como a macaúba, espécie nativa brasileira, surgem como uma aposta certeira.
Sobretudo porque são culturas oleíferas, que atendem tanto o setor energético a partir da extração de óleo para fabricação de biodiesel quanto os setores agrícola e alimentício.
Com base nesse cenário, o Brasil desponta como um dos países de maior potencial para liderar a agricultura energética no mundo, devido a sua flora diversificada. Entre as espécies de palmeiras nativas, a macaúba (Acrocomia aculeata).
Quer conhecer mais sobre esta planta e para o que ela serve? Então continue a leitura e descubra todo o potencial alimentício, pecuário e energético da macaúba.
Palmeira nativa da flora brasileira, a macaúba (Acromia Aculeata) pertence à família Arecaceae e está espalhada por todo o território de clima tropical americano. Só para ter uma ideia, existem exemplares da espécie do México até a Argentina sendo que, no Brasil, é um dos lugares em que mais se encontra a árvore.
A macaúba possui várias denominações populares, que variam de acordo com a região de distribuição da espécie, como: mbocayá (Argentina); totaí (Bolívia), corozo (Colômbia, Venezuela); tamaco (Colômbia); coyol (Costa Rica, Honduras, México); bocaiúva, chiclete-de-baiano, coco-baboso, coco-de-catarro, coco-de-espinho, macacaúba, macaíba, macaibeira, macajuba, macaúba, macaúva, mucaia, mucajá e mucajaba (Brasil).
Ela apresenta, boa adaptabilidade a condições mais extremas, como baixa precipitação e solos de baixa a média fertilidade – características importantes para enquadrar o seu cultivo em áreas marginais e não competir com a agricultura de alimentos.
Seu principal produto são os frutos com elevado teor de óleo e de amplo espectro de uso, como: biodiesel, setor alimentício, fármacos, cosméticos, lubrificantes entre outros. Além disso, a macaúba tem importância sócio-ambiental, com potencial para compor Sistema Agrossilvipastoril e recuperação de áreas degradadas.
Até pouco tempo, a planta era explorada exclusivamente no sistema extrativista, sendo utilizada principalmente para produção de sabão. Entretanto, sua domesticação tem andado a passos largos e impulsionada por instituições públicas e privadas, através de pesquisas e instalação de cultivos comerciais.
A macaúba é distribuída desde a América Central até o sul da América do Sul, com ocorrência nas savanas (cerrados) e florestas abertas da América Tropical.
No Brasil, é considerada uma das palmeiras de maior dispersão, sendo encontrada em praticamente todas as regiões do país. Os estados que apresentam maior concentração são: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Piauí, Tocantins e Ceará.
É denominada como uma palmeira rústica de grande adaptabilidade a diferentes condições de clima e solo, sendo que as populações naturais ocorrem principalmente em áreas de vegetação aberta com alta incidência de luz solar e solo de textura média.
A macaúba é uma palmeira arbórea que pode atingir até 20 m de altura. Apresenta estipe único recoberto por espinhos e uma copa com aspecto plumoso. Uma palmeira adulta apresenta em média de 20 a 25 folhas, com comprimento que varia de 2,5 a 3,0 m, apresentando espinhos ao longo da ráquis.
Suas inflorescências, que contém flores femininas e masculinas, são emitidas entre as folhas como longas espatas, que quando maduras, abrem-se expondo a ráquis floral, especialmente durante a estação chuvosa. Geralmente são emitidos em média quatro cachos por planta com dimensões de 80 a 130 cm e que podem produzir até 500 frutos.
Os frutos de macaúba são globosos com tamanho variando entre 2,0 e 3,5 cm. Possuem casca (epicarpo) de cor verde nos estádios iniciais de desenvolvimento passando a coloração amarela ou castanha quando maduro.
A polpa (mesocarpo) é fibrosa e mucilaginosa de coloração amarela, que recobre o endocarpo de cor preta, lenhoso, rígido, que protege a amêndoa oleaginosa de cor branca, recoberta por membrana escura e pouco espessa.
É exatamente da parte polposa e da amêndoa que se retiram os principais produtos da macaúba: os óleos para produção de biodiesel, cosméticos e alimentícios.
Por se tratar de uma espécie com ampla distribuição geográfica em regiões com diferentes características edafoclimáticas (clima, relevo, umidade e outras condições climáticas distintas), a macaúba apresenta grande variabilidade morfológica.
No Brasil, há consenso de que há pelo menos três populações distintas de macaúba:
A macaúba constitui-se como uma promissora fonte de óleo vegetal para a indústria de combustíveis, cosmética e alimentícia. Com alta produtividade, a palmeira pode render até 5.000 kg de óleo/hectare, valores próximos à produção da palma.
Dois tipos de óleos podem ser obtidos a partir da polpa (mesocarpo) e da amêndoa dos frutos da macaúba:
Além do óleo, o processamento dos frutos gera coprodutos de grande valor agregado. Os resíduos da polpa e da amêndoa podem ser utilizados na produção de farinha e torta que podem ser utilizados na alimentação humana e animal.
A casca pode ser utilizada como fonte de energia para a queima, e o endocarpo pode ser empregado na fabricação de carvão vegetal. A parte do broto da planta produz um tipo de palmito rico em vitaminas e minerais, podendo ser consumido por humanos.
E, para finalizar, as folhas e caule podem ser transformados em fibras e cordas utilizados na fabricação de redes, cordas, chapéus, cestos, balaios e outros produtos.
Por conta de todas essas aplicações, praticamente não há resíduos nas plantações de macaúba. Usada nos mais diversos processos, todas as partes da palmeira possuem algum tipo de uso, o que faz dela um importante recurso natural e com potencial para ser cada vez mais produzido.
* Este artigo foi produzido em parceria com:
Maria Antonia Machado Barbosa, Engenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal Rural da Amazônia, mestre em Fisiologia Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e doutora em Fitotecnia pela UFV. Atualmente leciona na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e conduz pesquisas sobre a fisiologia e o manejo cultural da macaúba.
Leonardo Duarte Pimentel, Engenheiro Agrônomo pela UFV, mestre em Melhoramento de Plantas e Biotecnologia, doutor em Fitotecnia/Nutrição Mineral e Adubação de Plantas e pós-doutor em Agroenergia (todos pela UFV). Professor efetivo no Departamento de Agronomia da UFV, atualmente conduz pesquisas visando o desenvolvimento da cadeia produtiva da macaúba e integra a Rede Macaúba de Pesquisa (REMAPE).
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