O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e o manejo de pragas em canaviais se torna decisivo quando o assunto é produtividade. Essa produção poderia ser ainda maior, sem fatores do ambiente que diminuem a expressão plena do […]
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e o manejo de pragas em canaviais se torna decisivo quando o assunto é produtividade.
Essa produção poderia ser ainda maior, sem fatores do ambiente que diminuem a expressão plena do potencial produtivo da planta de cana-de-açúcar. Dentre eles, as pragas agrícolas podem prejudicar a produção de forma quantitativa e qualitativa e, portanto, devem ser bem manejadas a fim de preservar a produtividade da lavoura.
Atualmente, os cinco principais insetos-pragas de ocorrência nas áreas de cana-de-açúcar na região Centro-Sul e com alto potencial em causar prejuízos significativos são: a broca-da-cana, Diatraea saccharalis (Lepidoptera: Crambidae), a cigarrinha-das-raízes, Mahanarva fimbriolata (Hemiptera: Cercopidae), o bicudo-da-cana, Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae), o besouro, Migdolus fryanu e os cupins
Conheça cada uma deles e aprenda como fazer um manejo de pragas em canaviais de forma eficiente!
A broca-da-cana pode causar a morte da gema apical (sintoma também conhecido como “coração morto”), quebra da cana, enraizamento aéreo, brotação das gemas laterais, encurtamento dos entrenós e perda de produtividade.
Os danos não se limitam ao campo, pois as galerias construídas pelas lagartas facilitam a penetração de fungos oportunistas nos colmos, responsáveis pela inversão da sacarose e redução do rendimento industrial. Prejuízos segmentados por produto mostram redução de 1,5% na produtividade de colmos, 0,49% no rendimento de açúcar e 0,28% no rendimento de etanol (Arrigoni, 2002). Para o seu controle, a técnica mais usual é a liberação do parasitoide larval Cotesia flavipes (Hymenoptera: Braconidae).
No entanto, em áreas com alta pressão da população da praga, há inseticidas químicos, bem como o entomopatógeno Bacillus thuringiensis, que são indicados para o controle da larva antes de sua penetração no colmo. Ainda, o parasitoide de ovos trichogramma galloi (Hymenoptera: Trichogrammatidae) tem sido testado como uma ferramenta de controle adicional da broca-da-cana.
Já a cigarrinha-das-raízes, tem aumentado de forma considerável a sua população nas áreas de cana-de-açúcar em decorrência da redução da prática de queima das plantas para colheita. Com a introdução da cana-crua, a colheita dos colmos é realizada sem a necessidade do fogo, o que preserva os ovos da praga e permite que a sua população se desenvolva e atinja níveis elevados no campo. Tanto a fase jovem do inseto (ninfa) como o adulto podem atacar as plantas.
As ninfas se alimentam das raízes, podem comprometer o fluxo de água e nutrientes, causar desidratação, desnutrição e queda na fotossíntese (Rossato, 2010) com necrose nas folhas (Mendonça et al., 1996). Consequentemente, os colmos adquirem diâmetro reduzido, murcham a partir do ápice e podem se tornar secos e enrugados.
Para o controle da cigarrinha-das-raízes, há disponível a tática biológica através do fungo Metarhizium anisopliae, bem como o químico com vários inseticidas registrados.
Recentemente, a praga que tem se destacado em decorrência do aumento da sua infestação nos canaviais é o bicudo-da-cana. O principal motivo desta expansão é o plantio com a presença de formas biológicas do inseto na muda. A fase larval do seu ciclo biológico se alimenta do rizoma (caule subterrâneo) da planta, provoca o amarelecimento das folhas mais velhas e necrose (morte de tecido).
Diferente da broca-da-cana e da cigarrinha-das-raízes, o bicudo-da-cana impacta na longevidade do canavial, haja vista que a morte da touceira não é recuperada e ocorre a diminuição da população de colmos no campo (stand). A cada 1% de rizoma atacado, há redução de 1% na produtividade de colmos (Pires et al., 2014).
Para manejar esta praga, uma das premissas é o plantio de amendoim ou soja nas áreas de reforma, o que contribui sobremaneira com a quebra do ciclo do inseto. Ainda, o plantio de cana-de-açúcar com a utilização de muda com boa qualidade fitossanitária, incluindo a técnica MPB (Muda Pré-Brotada) e a aplicação de inseticida químico no plantio. Caso seja identificada a presença da praga na lavoura, o fungo Beauveria bassiana, bem como inseticidas químicos registrados podem ser utilizados para o seu controle nas áreas de soqueira.
Independentemente de qual destas três pragas esteja ocorrendo na lavoura, é fundamental a realização de amostragens periódicas para constatar a magnitude da população do inseto-praga no campo. E através destes levantamentos, realizar a análise dos dados coletados, e com gerenciamento, tomar a decisão com rapidez e eficiência.
O besouro Migdolus fryanus é outra espécie responsável por tirar o sono do produtor de cana. Uma das maiores preocupações está em sua fase como larva. Ao longo de aproximadamente dois anos, ataca o sistema radicular da planta, causando diversos problemas, como falhas na brotação das soqueiras, induzindo uma reforma precoce no canavial.
Os cupins geram os maiores problemas para os produtores na fase iniciam da cultura, quando atacam os toletes recém-plantados, danificando as gemas e trazendo, gerando falhas na germinação. Sem o manejo de pragas em canaviais de forma efetiva, eles são capazes de comprometer de forma significativa toda a lavoura.
Novos indicadores de qualidade para a matéria-prima começaram a ser analisados nos últimos anos. Hoje, pesquisadores e usinas conseguem dimensionar muito bem o impacto da qualidade da cana sobre o rendimento industrial, insumos e na qualidade do açúcar produzido.
Indicadores como o ATR (Açúcares Redutores Totais), por exemplo, podem sofrer impactos catastróficos devido a danos físicos e ataque de pragas e microrganismos. Por isso, tanto se fala sobre rapidez na tomada de decisão e a eficiência em campo – são fatores determinantes para a saúde e rendimento das safras na cana-de-açúcar.
É necessário ferramentas adequadas para estar atento a todos os detalhes que impactam a produtividade. Assim, tecnologias para monitoramento de pragas, sensoriamento remoto e gestão de frota são quase indispensáveis para quem deseja manter os índices de qualidade elevados.
Outros fatores que afetam a qualidade da matéria-prima são a temperatura, frequência e quantidade de chuvas, contaminação por bactérias ou fungos, acidez do caldo – ocasionado por microorganismos, quantidade de palhiço, concentração de amido e outros.
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