A calagem é fundamental para os solos naturalmente ácidos, que é uma característica dos solos tropicais. Mas apesar de ser uma prática corriqueira para os produtores rurais, alguns agricultores não têm obtido o retorno esperado quando o assunto é calagem. […]
A calagem é fundamental para os solos naturalmente ácidos, que é uma característica dos solos tropicais. Mas apesar de ser uma prática corriqueira para os produtores rurais, alguns agricultores não têm obtido o retorno esperado quando o assunto é calagem.
Para esclarecer algumas dúvidas quanto ao assunto, o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Carlos Hissao Kurihara esclarece alguns mitos e verdades sobre a calagem, que poderão contribuir com um resultado positivo no manejo de solo:
1- Aplicação simultânea de calcário e gesso
A aplicação simultânea de calcário e gesso pode prejudicar a correção da acidez do solo?
Mito. Esse é uma estratégia de manejo recomendada para se obter a melhoria do ambiente radicular em profundidade, reduzindo os impactos negativos dos veranicos e/ou estiagens.
De acordo com as informações da Embrapa, o gesso agrícola é um subproduto da fabricação de ácido fosfórico, utilizado na produção dos fertilizantes fosfatados, constituído por cálcio, enxofre, fósforo e flúor. Este insumo tem sido utilizado como melhorador do ambiente radicular no perfil do solo, em doses que variam de 700 a 3.200 quilos por hectare, conforme a textura do solo.
Os resultados obtidos, por meio de experimento conduzido na Embrapa Agropecuária Oeste, indicaram que a aplicação conjunta com gesso, mesmo em dose elevada (até 7 toneladas por hectare), não prejudicou a reatividade do calcário, avaliada em termos de elevação do pH e neutralização do alumínio, independentemente da textura do solo.
2- Quantidade de calcário na calagem
Para calcular a quantidade de calcário utilizado na calagem, devo considerar apenas o valor da saturação por bases, representada por V%?
Mito. É preciso considerar também o Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT) e a profundidade desejada de incorporação de corretivo no solo, segundo Kurihara. Um dos critérios mais utilizados para se definir a quantidade de calcário a ser aplicado é a saturação por bases, que vem a ser a proporção na qual o complexo de adsorção de um solo está saturado por cálcio, magnésio e potássio.
Segundo a Embrapa, em suma, a saturação por bases, representada por V%, nada mais é do que a percentagem das cargas negativas que um determinado solo possui em pH 7,0 (também denominado de capacidade de troca de cátions, ou simplesmente, CTC potencial) e que está ligada aos cátions básicos.
Já o PRNT é um índice cujo valor depende dos teores de cátions neutralizantes (ou seja, os teores de CaO e MgO) e do grau de moagem do produto. Por esta razão, quando se utiliza um calcário com valor de PRNT menor ou maior do que o padrão 100%, torna-se necessário aumentar ou diminuir proporcionalmente a quantidade a ser aplicada, respectivamente.
3- Armazenar o calcário a granel
Armazenar o calcário a granel, no próprio campo, pode trazer algum problema em relação à qualidade do produto?
Mito. O calcário armazenado a granel, no próprio campo, não terá diferença em sua qualidade química, comparativamente ao calcário ensacado, armazenado no galpão. Contudo, segundo Kurihara, é importante que o agricultor esteja ciente de que o insumo armazenado a granel pode conter umidade em torno de 10 a 15% e o uso de calcário úmido pode resultar em equívoco grosseiro na correção da acidez do solo.
De acordo com a Embrapa, em geral, não há tempo para se proceder a determinação da umidade do produto, razão pela qual acaba se aplicando uma dose efetivamente menor do que o necessário. E como os erros são cumulativos, se o agricultor utilizar um calcário com 85% de PRNT e 15% de umidade, e se pretenda corrigir a camada de 25 cm de profundidade, a quantidade de corretivo deve ser acrescida em 73%.
4- Aplicação do calcário
Aplicação de calcário é tão simples, que qualquer um pode fazer?
Mito. Para o bom êxito da calagem e obtenção do potencial completo de correção da acidez do solo, alguns fatores devem ser observados. De acordo com o pesquisador, o processo passa pela necessidade obrigatória de realizar uma correta e qualificada análise de solo, com atenção ao procedimento de coleta de amostras, análise em laboratórios de qualidade, interpretação correta do nível de fertilidade; regulagem adequada do distribuidor de calcário em função do valor de PRNT, da profundidade de incorporação e da umidade do produto; e uniformidade na distribuição, informou a Embrapa.
Artigo original do site SF Agro | Farming Brasil
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