Se existe uma cultura agrícola que faz com que o Brasil se destaque no cenário internacional é a cafeicultura. De acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab -, o país deve produzir cerca de 46 milhões de […]
Se existe uma cultura agrícola que faz com que o Brasil se destaque no cenário internacional é a cafeicultura. De acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab -, o país deve produzir cerca de 46 milhões de sacas de 60 kg de café em 2017. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa – projeta que o valor bruto da produção brasileira de café alcance a casa dos R$ 21,9 bilhões este ano.
O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC -, Nathan Herszkowicz, confirma o bom desempenho e perspectivas promissoras também no consumo do grão. “Nosso país registrou, em 2016, um consumo per capita de 84 litros de café por habitante/ano. O item está presente, atualmente, em 98,5% dos lares brasileiros”, expõe.
Mesmo com previsões favoráveis, especialistas reforçam que o produtor rural deve ter atenção constante com aspectos decisivos para o sucesso da lavoura – como as especificidades do cultivo, combate à pragas e doenças e investimento em tecnologia. Silas Brasileiro, presidente executivo do Conselho Nacional do Café – CNC -, ressalta que a cafeicultura é uma cultura perene, com ciclo de longa duração, o que demanda visão estratégica por parte do cafeicultor. “O produtor que ingressar na atividade deve se planejar, no mínimo, para os próximos vinte anos, pois nesse período a produtividade das plantas está em seus maiores níveis”, argumenta.
De acordo com Anísio José Diniz, pesquisador da Embrapa Café – uma das unidades descentralizadas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -, para alcançar o bom desempenho da lavoura é preciso ter em conta as condições de solo e clima ideais para o crescimento e desenvolvimento das plantas, garantindo produtividade e qualidade.
O engenheiro agrônomo defende que, para que bons resultados sejam alcançados e que a projeção favorável ao setor cafeeiro se confirme, a equipe envolvida na cultura deve se manter atualizada quanto às tecnologias envolvidas, por exemplo, na avaliação da fertilidade do solo para correção da acidez e nutrição da cultura. Assim, a adoção de soluções tecnológicas para o campo, deve acompanhar um diagnóstico e ser supervisionada por engenheiros agrônomos e outros profissionais conforme o objetivo da produção.
O entendimento profundo do ciclo do café também é necessário e um grande diferencial de uma lavoura competitiva. “No plantio realizado no início das chuvas, há um melhor desenvolvimento das plantas, tanto pela maior disponibilidade hídrica como pela ocorrência de temperaturas mais elevadas. Já no plantio de março, as plantas tendem a um menor desenvolvimento inicial pela redução de temperatura”, pontua Anísio, que é doutor em Agronomia.
Dessa forma, o sucesso da safra também passa pela precisão na determinação dos momentos de plantio e colheita. “Os cuidados nas fases após a colheita, especialmente no processamento, beneficiamento e armazenamento dos grãos de café,também são decisivos e podem ser auxiliados pelas empresas desenvolvedoras de tecnologias agro”, frisa.
Saúde da lavoura segue desafiando o cafeicultor
O cotidiano dos cafeicultores é cercado por desafios. Uma questão que tira o sono dos produtores e afeta diretamente a produtividade e lucratividade da lavoura é a presença de pragas e outras doenças. Anísio destaca a ferrugem, que é uma doença de origem fúngica recorrente nas lavouras de arábica e canephora. Ela ocorre principalmente em lavouras mais comprometidas pela desnutrição ou nas que tiveram produtividade muito elevada nas safras anteriores.
A ferrugem provoca intensa desfolha da planta, que tem seu potencial comprometido sobretudo na safra seguinte. “Há variedades e cultivares com resistência à raça de maior ocorrência no Brasil, e os métodos de controle químico existentes são bastante eficientes se aplicados da forma correta”, avalia, ressaltando a importância, assim, do melhoramento genético na cafeicultura.
Os nematoides também causam dor de cabeça aos produtores e são extremamente danosos às plantas. “Para a renovação das lavouras, é importante evitar as áreas sabidamente infestadas. Sempre que o técnico ou produtor tiver dúvidas, deve encaminhar amostras de solo e raízes para o laboratório analisar”, recomenda o pesquisador da Embrapa Café.
Entre as pragas, Anísio elenca como grandes vilões o “bicho mineiro”, que assola as lavouras de café arábica, e a “broca dos frutos”, que ameaça as culturas de café conilon, embora ambas ocorram nas duas espécies. Ácaros, cochonilhas, cigarras e a “broca das hastes” são outras pragas preocupantes. “De forma semelhante às doenças, o controle integrado, utilizando-se de diferentes meios, como a escolha por variedades e cultivares mais resistentes aliada ao controle cultural e químico, é sempre o mais sustentável”, finaliza
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Texto escrito em parceria entre Maria Antonia Machado Barbosa, Engenheira Agrônoma, Doutoranda em Fitotecnia pela UFV e mestre em Fisiologia Vegetal pela mesma Universidade. Atualmente conduz pesquisas sobre a fisiologia e o manejo cultural da macaúba. E também por Leonardo Duarte Pimentel, […]
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