O monitoramento constante de pragas é fundamental para a saúde de qualquer lavoura e também para a saúde financeira da fazenda. Uma infestação fora do controle pode causar danos irreparáveis à cultura, além de causar prejuízo na safra e gastos […]
O monitoramento constante de pragas é fundamental para a saúde de qualquer lavoura e também para a saúde financeira da fazenda. Uma infestação fora do controle pode causar danos irreparáveis à cultura, além de causar prejuízo na safra e gastos com mais defensivos. Para que o cenário seja evitado é importante ter rapidez nas decisões e realizar o controle na hora certa, com uma boa estratégia de ataque, e introduzir uma nova rotina na lida diária da produção agrícola: o Manejo Integrado de Pragas.
Índice:
O que é o Manejo Integrado de Pragas?
Estratégias e tipos de controle do MIP
Agricultura Sustentável com Manejo Integrado de Pragas
O manejo integrado de pragas é um conjunto de técnicas e medidas sustentáveis para prevenir pestes e doenças na lavoura. O objetivo principal do MIP é reduzir, principalmente, os custos com defensivos agrícolas, monitorar as pragas e aumentar a produtividade, sendo aplicável a várias culturas. Com a utilização do manejo integrado, estima-se a redução de cinquenta por cento em aplicação de inseticidas. Todas as técnicas são realizadas para que a população de pragas seja controlada, mantendo-a abaixo dos níveis que causam danos econômicos ao produtor.
Michele Franco, especialista em transformação digital da Syngenta Digital e agrônoma, conta que antes do conceito do MIP existir, os produtores trabalhavam de olho no calendário. “Muitos (produtores) não entendiam porque aplicar determinado produto. As aplicações eram feitas em épocas específicas, calendarizadas. Hoje, com o MIP, isso não acontece mais necessariamente”, explica. A especialista ainda conta que com o MIP “se analisa o ecossistema inteiro pra saber qual é a orientação mais assertiva, no tempo correto”.
A primeira coisa a se fazer é reconhecer as principais pragas prejudiciais à lavoura, identificando seus hábitos e seus inimigos naturais, antes mesmo do início do plantio. Depois de tudo mapeado, o monitoramento precisa ser feito com regularidade até o momento da colheita. As estratégias de combate, caso surja uma infestação, também precisam estar definidas.
“Esse ácaro tem hábitos subterrâneos?” ou “Esse inseto fica escondido ou em cima das folhas?” são exemplos de perguntas que ajudam o produtor ou o técnico a conhecerem os hábitos da praga, facilitando a procura dela na lavoura.
No modelo de manejo integrado de pragas, prioriza-se o controle natural, monitorando a população de pragas, além de usar a cadeia alimentar a favor das culturas. Raízes, folhas, hastes, flores e frutos devem ser analisados com lupas e armadilhas.
As pragas têm, por natureza, uma flutuação populacional. Isso significa que em determinados períodos, como um tempo mais quente, o número de invasores tende a aumentar. Por isso, no MIP é extremamente importante saber qual é o nível de controle de uma praga. Ele precisa estar sempre mantido abaixo do nível de dano econômico.
Outro ponto a ser levado em conta é que como no MIP se respeita e se prioriza o ambiente natural e biológico, desde que não tragam prejuízos, é fundamental saber quais insetos podem ser benéficos para a lavoura e quais estão presentes (sem influência externa) no cultivo. É que eles podem, em alguns casos, servir como predadores naturais e aliados do manejo integrado de pragas. É o chamado combate natural e biológico que vamos conhecer mais a frente.
Mariana Loiola, agrônoma e transformadora digital da Syngenta Digital, explica que o monitoramento é feito por amostragens. “Um número de pontos é definido, de acordo com o tamanho da área em hectares, e o técnico faz o caminhamento pré-determinado”, explica. Dependendo do que ele encontra nesses pontos, caso seja identificado um nível de dano superior ao nível de controle, é preciso iniciar o combate à praga. “Os mapas de calor, inclusive, nos ajudam a entender como essa praga está atuando, por qual talhão ela entrou e qual o nível de infestação. A tecnologia auxilia bastante o nosso trabalho no campo”, enfatiza.
Mariana diz ainda que cada cultura tem seu nível de controle de dano e seu tempo de monitoramento. “Na soja, em média, você precisa de sete dias para a reentrada no talhão. O algodão demanda um monitoramento maior”.
No manejo integrado de pragas, o objetivo não é eliminar por completo as pragas mas reduzir a sua população para um nível que não cause nenhum dano à lavoura. Essa manutenção traz enormes benefícios, promovendo bons resultados. “O trabalho que a gente faz na Syngenta Digital é importante. Com a nossa tecnologia, o produtor tem o histórico da praga, da daninha. Não só trabalha por safra. Trabalha-se o ecossistema todo da fazenda e esse comparativo de safras diz muito sobre como fazer um manejo mais certo”, acrescenta Michele Franco.
Fatores ecológicos, ambientais, sociais e econômicos devem ser levados em conta na hora de escolher a melhor estratégia no combate às pragas.
As condições climáticas também devem ser contadas para se ter uma ideia da infestação. O calor e suas temperaturas mais altas tendem a acelerar o ciclo de vida dos insetos, fazendo com que eles se multipliquem mais.
Veja a seguir os principais tipos de controle do manejo integrado de pragas:
Esse é um tipo de controle que foca em ações de prevenção. Práticas corretas de manejo são importantes no controle cultural. Rotação de cultura, uma adubação no tempo certo, época de plantio adequado, irrigação, poda, destruição de restos da cultura na entressafra são algumas das boas práticas a serem seguidas.
No controle comportamental, plantas “armadilhas” ou repelentes, além da utilização de feromônios para a interrupção da reprodução são muito utilizados.
As armadilhas consistem na captura de insetos para controle populacional. Uma dela é a armadilha luminosa, que atraem pela luz os insetos que possuem alguma atividade noturna entre 19h e 5h da manhã. Esse método funciona para besouros, mariposas, percevejos, cigarrinhas, moscas, grilos e mosquitos. Outro tipo de armadilha são os cartões adesivos que prendem os insetos assim que acontece o contato. Eles são indicados para detecção e monitoramento de cigarrinhas, moscas-brancas, mariposas, pequenos besouros e outros.
As armadilhas devem ser colocadas entre as fileiras de plantio e, principalmente, na bordadura da lavoura, se for o caso de início da safra. Para o monitoramento são recomendadas de 100 a 200 armadilhas por hectare.
Outra técnica bastante tradicional entre as lavouras é a pano de batida, conta Mariana Loiola. “Nessa técnica, muito utilizada na cultura de soja, o pragueiro coloca um pano branco de aproximadamente um metro na entrelinha e bate a soja”. As pragas caem no pano e em seguida é feita uma contagem.
São medidas para impedir danos das pragas como esmagamento de ovos, catação manual de lagartas, inundação de área, formação de barreiras físicas e até a modificação da temperatura e/ou luminosidade.
O uso de barreiras físicas, como valas e coberturas plásticas, dificulta a locomoção dos insetos para a plantação.
No caso da soja, é possível utilizar, como controle físico eficiente, a calagem. A aplicação de calcário na área é realizada para reduzir o PH do solo, tendo um melhor aproveitamento dos nutrientes, explica Loiola. “A gessagem também é muito indicada para uma cultura perene como o café”.
Utilização de melhoramento genético através de plantações resistentes. Esse tipo de método tem se tornado cada vez mais comum entre os produtores. Uma outra forma de uso de plantas resistentes seria a aplicação das plantas transgênicas, em que um gene exógeno é transferido para a planta.
Algumas variedades de plantas desenvolveram mecanismos de defesa e se tornaram resistentes ou tolerantes, repelindo e até deixando de serem alvo das pragas. As vantagens desta tática incluem a facilidade de uso, compatibilidade com outras táticas de controle de pragas, baixo custo e impacto cumulativo sobre a praga com o mínimo dano ambiental. Por outro lado, o desenvolvimento de variedades de soja tolerantes a pragas requer tempo e investimentos consideráveis, e nem sempre as resistências obtidas se tornam permanentes.
No controle biológico, busca-se atrair ou introduzir na plantação inimigos naturais da praga ou doença, como insetos, fungos e bactérias. Entre os benefícios estão a redução de acidentes ambientais provocados pelo uso de agrotóxicos; alternativa econômica para certos inseticidas; e a prevenção de perdas econômicas de plantações. Por outro lado, as principais desvantagens estão relacionadas a necessidade de um melhor planejamento e uma gestão intensiva da cultura. O controle biológico, toma mais tempo, às vezes os custos são superiores ao uso de defensivos agrícolas, requer paciência e sistema de acompanhamento e registros, além de treinamento da equipe.
Uma das formas de conservar os inimigos naturais é a utilização de inseticidas químicos seletivos que matam as pragas mas que têm pouco efeito sobre os inimigos naturais.
Quanto maior for a diversidade do agroecossistema, maiores as chances dos inimigos naturais permanecerem na cultura e contribuírem no controle das pragas.
Nesse tipo de controle, é necessário entender todo o sistema da plantação e das relações ecológicas entre os insetos agressores, seus inimigos naturais e o ambiente onde esta plantação está inserida. Segundo a Embrapa, é importante que insetos benéficos nos cultivos agrícolas não sejam confundidos : se são inimigos das pragas, são amigos dos produtores. Este conhecimento visa capacitar o agricultor a diferenciar os predadores das pragas da lavoura através das características morfológicas que eles apresentam.
Segundo a ETD Michele, esse tipo de controle é mais benéfico em culturas perenes como a cana de açúcar ou citrus. “Apesar disso, para soja e milho, os produtores estão começando a usar também”.
Utilização de defensivos com muita precaução para evitar efeitos negativos sobre os inimigos naturais e polinizadores. É importante sempre alternar o uso dos defensivos para evitar a resistência das pragas, aumentando a eficiência da aplicação.
No manejo integrado de pragas, somente quando as táticas anteriores se mostraram ineficazes para controlar a infestação na plantação, então o uso de defensivos agrícolas se torna justificável. Em muitas plantações, principalmente a soja, inseticidas e herbicidas ainda são os principais meios de controle de pragas e apresentam suas vantagens: são relativamente baratos e fáceis de aplicar, transportar, além de serem versáteis, pois podem ser apresentados em diferentes formas (aerossóis, líquidos, granulados, iscas, e de liberação lenta).
“A agricultura de precisão, como é oferecida pelo Protector, tem como fundamento o MIP. Com o Protector, é possível aplicar somente a quantidade necessária de defensivos, no lugar necessário, evitando o uso indiscriminado, além de trazer economia para o produtor”, explica a especialista em transformação digital, Mariana Loiola.
No Brasil, as pragas são ameaças cada vez mais presentes nas lavouras, de norte a sul. O produtor precisa se conscientizar de que um ambiente saudável e equilibrado oferece, naturalmente, uma resistência ao surgimento e proliferação de organismos que causem danos às culturas.
Utilizar corretamente as estratégias de manejo integrado de pragas listadas anteriormente ajuda a manter o equilíbrio do ambiente, preservando os inimigos naturais das pragas e impedindo prejuízos econômicos. Além, claro, de diminuir consideravelmente o uso de defensivos agrícolas , promovendo uma agricultura cada vez mais sustentável.
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