Liderança feminina no agronegócio
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Liderança feminina no Agronegócio

6 min de leitura

Administradoras, gestoras, engenheiras agrônomas, Ministra da agricultura ou técnicas de campo. As mulheres ocupam hoje cada vez mais espaço em diferentes áreas do agronegócio trazendo um olhar atento aos detalhes, um novo estilo de gestão e competência de sobra. Mas […]

por Luisa Torres
17 de março de 2022
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Liderança feminina no agronegócio
Liderança feminina no agronegócio

Administradoras, gestoras, engenheiras agrônomas, Ministra da agricultura ou técnicas de campo. As mulheres ocupam hoje cada vez mais espaço em diferentes áreas do agronegócio trazendo um olhar atento aos detalhes, um novo estilo de gestão e competência de sobra. Mas ainda há muitos desafios a serem superados.

Você sabia que de cada 10 cargos de gestão do agronegócio brasileiro, menos de 2 são ocupados por mulheres? 

Atualmente, o país conta com a presença da liderança feminina no agronegócio em um milhão de propriedades rurais, segundo o último senso do IBGE.  

São mulheres que assumem a posição, muitas vezes, após uma sucessão familiar e que com determinação e competência, transformam o negócio, o fazendo crescer ainda mais.  

São mulheres que têm o #poderdeinspirar, como a Flávia Montans, produtora rural que bateu um papo com a gente. Veja abaixo:

Liderança feminina no agronegócio: entrevista com Flávia Montans

Syngenta Digital: Flávia, hoje você é uma referência no agronegócio brasileiro e uma mulher que serve de inspiração pra tantas outras mulheres no agro. Como foi traçar esse caminho? Enfrentou muita dificuldade? 

Flávia Montans: Venho de uma família de agricultores. Sou neta, bisneta, filha de produtor rural. Passei a minha infância toda na fazenda, vendo como tudo acontecia. Fiz agronomia na faculdade mas não me via como líder do agronegócio, no campo de liderança. Então, parti para o mestrado, pensei em dar aula.

Mas a vida prepara a gente para outros caminhos e meu pai teve um problema de saúde. Precisou se ausentar da propriedade e eu tive que assumir de uma hora pra outra. Só somos eu e minha irmã. Ela estava fazendo especialização fora do Brasil e não queria seguir na área do agronegócio. Como eu tinha feito agronomia, acabou que eu toquei os negócios. Saí do Paraná e vim parar em Goiás.

Não foi fácil porque eu mudei de cidade, vim parar em um lugar que não conhecia ninguém, não tinha familiares me apoiando, mas foi muito gratificante. Na verdade, a dificuldade que enfrentei não acho que foi muito por ser mulher mas pela inexperiência mesmo de liderar pessoas que sabiam mais que eu. Isso é muito complicado. Você cair de paraquedas em uma propriedade rural para liderar uma equipe já pré- existente com muito mais experiência que você, imagina! Então, eu mais aprendi com eles, no dia a dia.

Morei três anos na fazenda , sozinha, com os funcionários, participando do dia a dia, aprendendo com tudo o que acontecia. A gente sabe que a pratica é bem diferente da teoria. Fazer agronomia é uma coisa e ir para um cargo de gestão é outra

Já faz quinze anos que estou na liderança da propriedade rural. Meu pai veio a falecer. Depois de um tempo me casei, já tenho filhos. E eu tenho meu marido que me ajuda na propriedade, me ajuda muito!

Flávia Montans com o marido e os filhos na fazenda

Qual o papel da mulher para o agronegócio?

Flávia Montans: Acho a mulher mais comunicativa, mais paciente, mais determinada. Quando dão uma função, ela cumpre mesmo. Eu gosto da comunicação da mulher. Acho que depois que ela entrou, ela se comunica melhor. Ela fala melhor o que acontece, ela traz uma visão mais humana. Mais 360 graus.  

Como é ser uma mulher do agronegócio? 

Flávia Montans: Eu acho que o maior desafio da mulher, não só no agro como em qualquer profissão, é a maternidade. E foi a coisa mais difícil que aconteceu pra mim. Quando tive filhos, minha vida mudou totalmente. É muito difícil conseguir conciliar maternidade com trabalho. Acho que muitas mulheres desistem aí, sabe? Desistem de dar o primeiro passo.

A gente ainda tem pouco apoio dentro de casa, pouco apoio governamental. Muitas mulheres precisam de ajuda do governo pra deixar os filhos em creches.

Flávia acredita na união das mulheres para um maior empoderamento feminino

Como aumentar o empoderamento feminino no agronegócio?

Flávia Montans: Acho que é dessa maneira que vocês estão fazendo. Incentivando outras mulheres através de palestras, de vídeos, de gravações em redes sociais. Isso são trabalhos de incentivo para uma mulher servir de inspiração para a outra. Acho tão bacana!

Fizemos um curso de liderança e nele criamos um grupo de mulheres em Catalão, Goiás. Existe um grupo de mulheres de Rio Verde. Existe o Agroligadas, é um grupo de mulheres enorme que começou no Mato Grosso. Movimento muito legal que eu admiro o trabalho. Hoje, existem muitos movimentos femininos. Acho que o primeiro passo é se agrupar a um movimento desses se você sente vontade porque uma vai ajudando a outra, uma vai dando dica para a outra.

Eu não tenho noção de administração? Onde posso chegar nessa parte? Onde começo? É uma troca. Juntas somos mais fortes. Podemos fazer acontecer, além de aumentar a liderança feminina no agronegócio. Aumentar a nossa participação no agro.

Às vezes, eu até me pergunto: será que essa história não está cansativa? Será que a gente não está falando tanto disso? A gente precisa falar.

Tem mulheres que ainda não se sentem encorajadas a dar o primeiro passo. A gente precisa ser exemplo para uma juventude que vem por aí. Às vezes para aquela mulher está faltando só escutar o primeiro apoio. Escutar um vai em frente, dê o primeiro passo!

Grupo FAZ Sucessoras do Agro

Inclusive, fizemos um programa que se chama #seliganafazenda, no nosso grupo de mulheres Faz Sucessoras do Agro, que é um grupo de liderança feminina no agronegócio. A gente levou não só a mulher, como um jovem em idade decisória para passar um dia na fazenda conosco e mostramos a quantidade de empregos e oportunidades que eles têm no agronegócio.

Nós mostramos todas as medidas socioambientais que são tomadas dentro do agronegócio. Explicamos toda a cadeia e mostramos, na prática, como funciona o campo. Queremos com isso não só revelar que o agro é cheio de oportunidades, mas desmistificar o agronegócio. Tem gente que ainda pensa que o campo é lugar de gente que fala errado, que é aquele homem simples.

Hoje, para operar uma máquina agrícola você precisa saber de computação, estudar bastante, ter qualificação. A remuneração é muito boa. A gente quis mostrar tanto para a mulher tanto ao jovem o o tanto de oportunidade através desses trabalhos.

Em resumo, a ascensão da liderança feminina no agronegócio é um fenômeno promissor. Mulheres em todo o setor estão desafiando estereótipos, superando obstáculos e demonstrando habilidades de liderança excepcionais. Seu envolvimento no agronegócio traz uma abordagem inovadora, resiliência e uma perspectiva única para enfrentar os desafios atuais e futuros.

A valorização da liderança feminina é fundamental para o desenvolvimento sustentável e inclusivo do setor agrícola. É essencial que a sociedade e a indústria continuem apoiando e incentivando a participação das mulheres em todas as etapas da cadeia de produção agrícola.

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