Por Alice Dutra – Strider* O Brasil é admirado em todo o mundo por seu potencial produtivo na cultura da soja. Mas existe um gargalo real no nosso processo de produção. A deficiência não envolve altos custos para ser resolvida […]
Por Alice Dutra – Strider*
O Brasil é admirado em todo o mundo por seu potencial produtivo na cultura da soja. Mas existe um gargalo real
no nosso processo de produção. A deficiência não envolve altos custos para ser resolvida nem tecnologias inalcançáveis. A falha pode ser percebida nas plantações que apresentam folhagem de coloração verde pálida e que rapidamente evoluem para folhas amareladas, interferindo no crescimento de vagens e na
formação dos grãos. Os sinais são sintomas de falta de nitrogênio (N) e a consequência é a redução da produtividade de toda a lavoura.
Na prática, o nitrogênio é o nutriente responsável pela produção de novos tecidos e pela fotossíntese, ou seja, por todo o crescimento da planta. De acordo com o engenheiro agrônomo Gustavo Castoldi, professor do Instituto Federal Goiano (Rio Verde/ GO), esse é o nutriente mais absorvido pela soja e, normalmente,
são necessários de 70 a 90 kg do composto para produzir uma tonelada de grão. “A deficiência do N pode interferir também no teor de proteína dos grãos”, afirma Castoldi.
Fixação biológica e a nodulação
Quase todo o nitrogênio usado pela soja está disponível na atmosfera e é absorvido por meio do
processo de fixação biológica. Outras pequenas parcelas são fornecidas pelo solo ou, eventualmente,
por fertilizantes. Para que esta fixação ocorra, microrganismos formam nódulos junto às raízes da planta. Esses nódulos funcionam como “fábricas” onde o nitrogênio atmosférico é convertido em nitrogênio pronto
para ser absorvido pela planta. “Nesse contexto, a deficiência desse nutriente na soja está associada
normalmente a um processo de fixação biológica ineficiente, caracterizado por problemas na nodulação”,
explica Castoldi.
Na visão do especialista, para uma boa criação de nódulos o processo de inoculação é a melhor ferramenta
disponível para o produtor. Nele, bactérias fixadoras de N – inoculantes – são misturadas às sementes de soja antes da sua semeadura. Em Coxilha (RS), a inoculação simples, feita com a bactéria Bradyrhizobium, já é uma técnica muito utilizada no processo de produção da empresa Sementes Webber.
Dupla ação
Responsável por produzir e comercializar grãos de soja em larga escala, no último ano,
a empresa deu início ao processo de coinoculação, que consiste em misturar mais de um microrganismo fixador às sementes. Celi Webber Mattei, engenheira agrônoma e uma das proprietárias da empresa, explica que a
coinoculação melhora, e muito, a produtividade. “É possível obter aumento de 500 kg/ha. As plantas ficam mais vigorosas, apresentam maior intensidade de clorofila e também toleram mais estresses ocasionados por diversos fatores”, completa.
O grupo faz a coinoculação após a aplicação dos fungicidas e inseticidas, pouco antes da semeadura, com objetivo de manter o maior número de bactérias vivas e ativas. Para o produtor interessado em aplicar a técnica, com uma ou mais bactérias fixadoras, é um processo simples e fácil de ser conduzido, além
de ter custo bem acessível. Mas é fundamental seguir as boas práticas. “É essencial usar inoculantes
de fornecedores registrados e respeitar as condições adequadas de transporte, armazenamento
e de mistura com as sementes,” ressalta Gustavo Castoldi.
* A Strider agora é Syngenta Digital. A agtech mineira foi adquirida pela Syngenta em 2018, e a fusão foi concluída dois anos depois. A Syngenta Digital é parceira de milhares de produtores agrícolas pelo mundo por meio de tecnologias de gestão e tomada de decisão.
Texto escrito em parceria entre Maria Antonia Machado Barbosa, Engenheira Agrônoma, Doutoranda em Fitotecnia pela UFV e mestre em Fisiologia Vegetal pela mesma Universidade. Atualmente conduz pesquisas sobre a fisiologia e o manejo cultural da macaúba. E também por Leonardo Duarte Pimentel, […]
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