Texto escrito em parceria entre Maria Antonia Machado Barbosa, Engenheira Agrônoma, Doutoranda em Fitotecnia pela UFV e mestre em Fisiologia Vegetal pela mesma Universidade. Atualmente conduz pesquisas sobre a fisiologia e o manejo cultural da macaúba. E também por Leonardo […]
As mudanças climáticas registradas nos últimos anos tem refletido sobre a agricultura. Associado à isso, o setor agrícola tem sido pressionado devido ao aumento na demanda por alimentos e por fonte de energias renováveis, sobretudo, culturas oleíferas que possam atender os setores energético e alimentício, e com melhor adaptação à condições ambientais desfavoráveis.
O Brasil desponta como um dos países de maior potencial para liderar a agricultura energética no mundo, devido a sua flora diversificada. Entre as espécies de palmeiras nativas, destaca-se a macaúba (Acrocomia aculeata), conhecida também como dendê mineiro. Essa denominação ocorre pela semelhança na qualidade e quantidade de óleo produzido por essa palmeira com a palma africana ou dendezeiro (Elaeis guineensis) – principal fonte de óleo vegetal do mundo.
Diferentemente da macaúba, a palma é uma cultura que exige altas precipitações e o seu cultivo se torna restrito a zonas equatoriais. Já a macaúba, apresenta boa adaptabilidade à condições mais extremas, como baixa precipitação e solos de baixa a média fertilidade – características importantes para enquadrar o seu cultivo em áreas marginais e não competir com a agricultura de alimentos.
Seu principal produto são os frutos com elevado teor de óleo e de amplo espectro de uso, como: biodiesel, setor alimentício, fármacos, cosméticos, lubrificantes entre outros. Além disso, a macaúba tem importância sócio-ambiental, com potencial para compor Sistema Agrossilvipastoril e recuperação de áreas degradadas.
Até pouco tempo, a macaúba era explorada exclusivamente no sistema extrativista, sendo utilizada principalmente para produção de sabão. Entretanto, sua domesticação tem andado à passos largos e impulsionada por instituições públicas e privadas, através de pesquisas e instalação de cultivos comerciais.
A macaúba é distribuída desde a América Central até o sul da América do Sul, com ocorrência nas savanas (cerrados) e florestas abertas da América Tropical. No Brasil, é considerada uma das palmeiras de maior dispersão, sendo encontrada em praticamente todas as regiões do país. Os estados que apresentam maiores concentração são: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Piauí, Tocantins e Ceará. É denominada como uma palmeira rústica de grande adaptabilidade a diferentes condições de clima e solo, sendo que as populações naturais ocorrem principalmente em áreas de vegetação aberta com alta incidência de luz solar e solo de textura média.
A macaúba possui várias denominações populares, que variam de acordo com a região de distribuição da espécie, como: mbocayá (Argentina); totaí (Bolívia), corozo (Colômbia, Venezuela); tamaco (Colômbia); coyol (Costa Rica, Honduras, México); bocaiúva, chiclete-de-baiano, coco-baboso, coco-de-catarro, coco-de-espinho, macacaúba, macaíba, macaibeira, macajuba, macaúba, macaúva, mucaia, mucajá e mucajaba (Brasil).
A macaúba é uma palmeira arbórea que pode atingir até 20 m de altura. Apresenta estipe único recoberto por espinho e uma copa com aspecto plumoso. Uma palmeira adulta apresenta em média de 20 a 25 folhas, com comprimento que varia de 2,5 a 3,0 m, apresentando espinhos ao longo da ráquis. Suas inflorescências que contém flores femininas e masculinas, são emitidas entre as folhas como longas espatas, que quando maduras, abrem-se expondo a ráquis floral, especialmente durante a estação chuvosa. Geralmente são emitidos em média quatro cachos por planta com dimensão de 80 a 130 cm.
Os frutos são globosos com tamanho variando entre 2,0 e 3,5 cm. Possui casca (epicarpo) de cor verde nos estádios iniciais de desenvolvimento passando a coloração amarela ou castanha quando maduro. A polpa (mesocarpo) é fibrosa e mucilaginosa de coloração amarela, que recobre o endocarpo de cor preta, lenhoso, rígido, que protege a amêndoa oleaginosa de cor branca, recoberta por membrana escura e pouco espessa.
Por se tratar de uma espécie com ampla distribuição geográfica em regiões com diferentes características edafoclimáticas, a macaúba apresenta grande variabilidade morfológica. No Brasil, há consenso de que há pelo menos três populações distintas de macaúba: Acrocomia intumescens (são de maior porte e com dilatação no seu estipe), Acrocomia totai (apresentam menos espinhos) e Acrocomia sclerocarpa (possui mais espinhos, frutos maiores e maior teor de óleo). Esta última ocorre principalmente no estado de Minas Gerais.
A macaúba constitui-se como uma promissora fonte de óleo vegetal para a indústria de combustíveis, cosmética e alimentícia. Com alta produtividade de óleo, pode produzir até 5.000 kg de óleo/hectare, valores próximos à produção da palma.
Dois tipos de óleos podem ser obtidos a partir da polpa (mesocarpo) e da amêndoa dos frutos da macaúba. Além do óleo, o processamento dos frutos gera coprodutos de grande valor agregado. Os resíduos da polpa e da amêndoa podem ser utilizados na produção de farinha e torta que podem ser utilizados na alimentação humana e animal. A casca pode ser utilizada como fonte de energia para a queima, e o endocarpo pode ser empregado na fabricação de carvão.
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