O pesquisador Luiz Gustavo Moretti, da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, de Botucatu, descobriu por meio de seu mestrado uma nova forma de aumentar a rentabilização e produção da soja. A técnica consiste em usar, em dois momentos, […]
O pesquisador Luiz Gustavo Moretti, da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, de Botucatu, descobriu por meio de seu mestrado uma nova forma de aumentar a rentabilização e produção da soja. A técnica consiste em usar, em dois momentos, a fixação biológica de nitrogênio através da bactéria Bradyrhizobium japonicum. No primeiro momento, quando a soja é semeada, e, depois, de 50 a 70 dias, quando a planta já estiver desenvolvendo.
O mestrado: “Otimização da Fixação Biológica de Nitrogênio na soja em função da reinoculação em cobertura sob plantio direto” foi orientado pelo professor Edson Lazarini, da Unesp de Ilha Solteira, com apoio de alunos da graduação e pós-graduação, e co-orientado pela pesquisadora Mariangela Hungria, do Centro Nacional de Pesquisa de Soja (Londrina/PR), da Embrapa. O projeto teve bolsa da Fundação Agricultura Sustentável – AGRISUS.
“Inoculação em cobertura, ou seja, pulverizar sobre algo é uma possível nova prática a ser utilizada pelos produtores rurais (sojicultores), que é a adoção de uma segunda inoculação da bactéria durante o ciclo da soja. A primeira inoculação já é uma prática estabelecida e consolidada, o que chamamos de “inoculação via semente” durante o plantio, realizado no tratamento das sementes a serem utilizadas. Já a inoculação em cobertura, que é o que pesquisei, é uma prática somada a essa anterior, que consiste em uma nova inoculação em um estágio fenológico determinado. Pulverizamos novamente a bactéria, com jato dirigido/localizado ao solo, durante o desenvolvimento da planta, e assim tentamos aumentar a população da mesma, na perspectiva que uma segunda população de bactérias ativas, possa refletir em uma maior quantidade de nitrogênio disponível a planta”, explica Moretti.
Ainda de acordo com o pesquisador, a bactéria é beneficiada por se hospedar nas raízes da soja (o tempo de vida de cada nódulo é por volta de 40 dias) e ainda beneficia a soja disponibilizando nitrogênio. “A bactéria não ocasiona mal algum a ela e faz com que a soja seja favorecida pela disponibilidade desse nutriente, que é o requerido em maior quantidade durante seu ciclo”, acrescenta.
Ele explica que a técnica vai estabelecer uma nova população de bactérias no solo e fará com que a planta de soja responda com sucesso a ela. “No entanto, é necessário que o solo tenha alta umidade para que essa bactéria possa ser incorporada. Essa nova nodulação ficará ativa na fase de enchimento de grãos, onde é requerida grande quantidade de nitrogênio, e pode refletir em acréscimos produtivos de grãos”, alerta.
A soja, que demora em torno de 120 dias para se desenvolver é cultivada em maior escala no Brasil e nos Estados Unidos. Nos EUA ela é produzida por meio de adubação nitrogenada. Já no Brasil, a técnica utilizada é a da bactéria, por ser específica para solos tropicais.
Para o pesquisador, o potencial econômico desta tecnologia é excelente, porque o custo do inoculante (bactéria) é mínimo, comparado ao seu retorno na lavoura. “É necessário que cada produtor faça seu ajuste, cada um em seu sistema produtivo, lembrando que na maioria das vezes, a soja é produzida em sistema de sequeiro (sem irrigação), então o mesmo deverá acompanhar a umidade do solo e previsão de chuvas para que essa prática seja eficiente. Já para as empresas produtoras de inoculante, é uma nova janela no mercado”. “Seu retorno econômico é muito viável, pois você estará trabalhando com maior potencial da cultura. Por hectare, os custos com a adubação nitrogenada gira em torno de 1.100 reais. Já a inoculação, custa em torno de R$20”, conclui.
Ele ressalta que a bactéria é muito sensível à temperatura e a luz, por isso da necessidade do solo ter alta umidade, ou ter previsão de chuva para as próximas horas, ou até mesmo ter um sistema de irrigação. Assim a bactéria não ficará sobre a superfície do solo onde poderá morrer devido as possíveis intempéries.
Moretti finaliza, que a escolha do tema tem a ver com a importância da área: “É uma área em plena expansão. Acreditamos que os microrganismos garantirão novos horizontes para a agricultura. E posteriormente, pela dimensão da cadeia produtiva da cultura da soja no Brasil, sendo o primeiro Exportador Mundial, e segundo Produtor de grãos. É a cultura com maior área semeada anualmente no país, acima de 32 milhões de hectares, e por ser uma commodity, tem grande importância na balança comercial”.
Fonte: Grupo Cultivar
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