Texto escrito em parceria com o @gsemufv Autoras:Júlia Martins SoaresEng. Agrônoma. Mestranda em Fitotecnia pela UFV com ênfase em Tecnologia e Produção de Sementes. Atualmente conduz pesquisas visando a predição da qualidade de sementes por meio de análises de imagens […]
Texto escrito em parceria com o @gsemufv
Autoras:
Júlia Martins Soares
Eng. Agrônoma. Mestranda em Fitotecnia pela UFV com ênfase em Tecnologia e Produção de Sementes. Atualmente conduz pesquisas visando a predição da qualidade de sementes por meio de análises de imagens e espectroscopia no infravermelho.
Bruna da Silva Ferreira
Graduanda em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa. Atualmente participa como estagiária no GSem – UFV e conduz pesquisas com base na sintomatologia de herbicidas em genótipos de soja
Uma lavoura uniforme, vigorosa e sem falhas no estande são algumas das características responsáveis pelo sucesso de um sistema produtivo. Um dos fatores mais importantes e que está diretamente relacionado com esse resultado é a qualidade das sementes.
Mas afinal, o que é a qualidade de sementes e qual é o impacto no estabelecimento da cultura?
É comum ouvir que a qualidade das sementes se faz no campo, afinal, a qualidade das sementes não pode ser melhorada, e sim conservada ao longo do armazenamento. Antes da comercialização, amostras representativas dos lotes de sementes passam por testes laboratoriais a fim de verificar se os padrões mínimos exigidos por lei estão sendo atendidos.
Isso porque a produção de sementes é exigente e cautelosa. A legislação vigente engloba normas desde antes da implementação do campo de produção até a comercialização e distribuição do material.
A atual lei de sementes e mudas (Lei Nº 10.711/2003) exige uma série de documentos para inscrição, credenciamento e certificação, relatórios técnicos e fiscalização pelo MAPA. Por exemplo, todas as pessoas que trabalham na produção precisam estar inscritas no RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas). As cultivares lançadas no mercado exigem registro no RNC (Registro Nacional de Cultivares). Algumas atividades exigem supervisão de um responsável técnico registrado no CREA, que deve elaborar projetos, vistorias, boletins de análise, entre outros documentos obrigatórios.
Ainda existe o processo de certificação de sementes baseado no controle de gerações para as categorias certificadas (C1 e C2) ou garantidas por termo de conformidade (S1 e S2). Cada etapa da produção responde a exigências legais que passam por inspeções e vistorias específicas para a cultura a fim de atender os padrões de qualidade necessários para a comercialização.
Alguns pontos que se destacam durante a produção são:
A qualidade de sementes abrange um conjunto de características responsáveis por assegurar a capacidade de originar plântulas de alto desempenho e levar para o campo o resultado da pesquisa e tecnologia investida pelo melhoramento genético. São essas características que determinam o valor de um lote para a comercialização. A qualidade é analisada por quatro atributos: genético, sanitário, físico e fisiológico. Todos igualmente importantes.
A pureza genética das sementes garante uma lavoura com plantas homogêneas que expressam a característica da cultivar escolhida. Esta característica é importante pois está ligada a produtividade esperada, para destinação em áreas com presença de patógenos, onde deve ser usada cultivar resistente, ou para controle de plantas daninhas, dessecação pré-colheita e até para a região edafoclimática de cultivo.
O atributo da sanidade está relacionado à presença de microrganismos e insetos. Esta determinação, além de proteger o ataque imediato ou ao longo do armazenamento nas sementes, evita que elas sejam veículo de propagação e dispersão desses organismos no campo.
A pureza física é a composição física e mecânica do lote. É o indicativo das impurezas como outras sementes, sementes chochas, quebradas, palhas e pedras. Cada um destes fatores contribuem para o fornecimento de dados que confirmam se o manejo do campo de produção, a colheita e o beneficiamento foram eficientes. É importante, por exemplo, na semeadura, uma vez que palhas, pedras ou até outras sementes poderiam ocupar o espaço no disco de plantio e causar falhas no estande.
A qualidade fisiológica está relacionada ao metabolismo da semente. É avaliada quanto ao poder de germinação e vigor, que asseguram o desenvolvimento das plântulas e um estande adequado e uniforme. Esta qualidade também é muito estudada para o potencial de armazenamento, emergência rápida e maior tolerância a estresses abióticos. Os padrões para comercialização de sementes exigem limites mínimos no percentual de germinação, que varia conforme a espécie. Para a soja ser considerada semente, o lote deve ter no mínimo 80% de germinação; para o milho, 85%. Se os valores obtidos nos laboratórios de análises forem inferiores a estes, o material é destinado ao uso como grão.
O estabelecimento da cultura tem relação direta com a qualidade deste insumo e impacta toda a cadeia produtiva. É o uso de sementes com todos os atributos descritos acima que assegura um campo homogêneo, sadio e vigoroso. Isso permite um melhor planejamento dos tratos culturais e de colheita, facilita a tomada de decisão quanto a aplicação de agroquímicos, reduz os problemas com plantas daninhas, as sementes sadias não sofrem com perda de vigor causada por patógenos, há distribuição adequada das sementes no solo quando as máquinas estão devidamente reguladas, a utilização de
fertilizantes e sistema de irrigação se torna mais eficiente devido ao adequado desenvolvimento e vigor das plantas, entre outros fatores. Com isso, o uso de sementes de qualidade pode ser considerado um dos fatores mais importantes para o bom estabelecimento da lavoura e para alcançar a alta produtividade.
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