A safra das safras brasileiras promete se concretizar em 2021, depois de um ano marcado pela pandemia do coronavírus e tantas incertezas climáticas. O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) tende a ser histórico: R$ 1 trilhão, segundo o Ministério […]
A safra das safras brasileiras promete se concretizar em 2021, depois de um ano marcado pela pandemia do coronavírus e tantas incertezas climáticas. O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) tende a ser histórico: R$ 1 trilhão, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). As lavouras devem ser responsáveis por R$ 688,4 bilhões, projeção favorecida pelos preços agrícolas em alta e as previsões positivas da safra. Os produtos que lideram o VBP são soja, milho, cana e algodão.
“Podemos dizer que estamos caminhando para que essa seja mesmo ‘a safra das safras’. O clima ajudou e, até em áreas em que houve a necessidade de replantio ou o plantio atrasou, ainda assim, devemos ter boas produtividades. O Brasil vem se consolidando como o maior produtor de alimentos. É o único que consegue produzir até três safras em um mesmo ano. E, além de todas as vantagens climáticas e de possibilidade de expansão do agro com sustentabilidade, também agora, já somos referência em tecnologia digital. Deixamos de demandar e passamos a ser demandados”, afirma Celso Batistella, Head de Sales e CS da Syngenta Digital Brasil.
Entre as razões para essa safra de 2021 ser tão importante, Batistella cita a rentabilidade do produtor, se comparada com as passadas, resultado da alta das commodities. O Head de Sales e CS também coloca como ingrediente importante a crescente média de produtividade, advinda de processos mais eficientes e tecnologia. “Houve melhoria no cuidado com o solo, tratos culturais, produtos mais eficientes e mais oportunidades para negociar a safra. O produtor está investindo em tecnologia, e o agro e o Brasil agradecem. A hora é agora!”, analisa.
Atualmente, o país exporta para mais de 170 mercados, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). China, União Europeia, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul lideram as compras dos produtos agrícolas brasileiros. Na Abertura Nacional da Colheita da Soja da Safra 20/21, em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, pontuou o cenário otimista do setor.
Crescente demanda e safras recordes
“A demanda mundial crescente deve continuar por mais dois anos. Temos todos os motivos para acreditar que a soja brasileira precisará continuar sendo produzida nos atuais volumes, pois a demanda mundial vai continuar crescendo”, declarou Cristina, que enfatizou ainda a performance da soja, em ascensão produtiva, gerando empregos e renda, além de concentrar o uso de tecnologias no campo.
O momento que vivem as commodities é inédito, segundo Celso Batistella. Os altos preços podem ser explicados por um conjunto de fatores, entre eles, o aumento do consumo mundial de alimentos e a abertura de novos mercados, em especial na Ásia, como China e Índia. Outro ponto é a preocupação com a energia renovável. Nos combustíveis, por exemplo, a mistura de fontes como etanol de milho e de cana gera uma “demanda gigantesca de matéria-prima”, como explica Batistella.
“Enquanto no Brasil trabalhamos com uma mistura de 25 a 27% de álcool na gasolina, em outras partes do mundo essa mistura fica em torno de 10%. Se o aumento dessa mistura no mundo chegar a uma média de 15%, como é uma discussão nesse momento nos Estados Unidos, é mais um mercado de oportunidades para o produtor e para o Brasil”, completa.
Digital no suporte à colheita recorde
Não à toa, o Head Global de Digital do Syngenta Group, Greg Meyers, vê o produtor brasileiro como um dos mais arrojados e tecnológicos do mundo. Coordenador de Transformação Digital na Syngenta Digital, o agrônomo Silas Calazans afirma que o cenário de segurança em bons resultados pode impulsionar o investimento no digital. “Com maior margem e segurança, o produtor pode optar por tecnologias a seu favor”, explica.
As estimativas são boas: a safra de grãos 20/21 deve chegar a 268,3 milhões de toneladas, 4,4% a mais que o período anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A soja segue como carro-chefe, com aumento de área cultivada e mais um recorde de produção. Com cerca de 38,3 milhões de hectares ocupados pela cultura, o Brasil deve colher 133,8 milhões de toneladas.
Em meio aos desafios da pandemia, em 2020, o agronegócio também alcançou o melhor resultado em geração de empregos desde 2011. O Comunicado Técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) revelou que o setor abriu 61.637 vagas de trabalho. As culturas em que houve maior criação de postos com carteira assinada foram a soja, com 13.396 vagas, e o café, com 6.284.
No caminho do digital
Nesse sentido, a adoção de ferramentas digitais possibilita agilidade para tomadas de decisão. “Se a gente já tem um bom volume de exportação garantido, a demanda está alta e o preço também, quanto maior a produtividade, melhor a rentabilidade. O monitoramento digital de pragas e doenças pode ajudar a prevenir e agir no momento certo”, diz Calanzas.
O Coordenador de Transformação Digital cita ainda o uso do histórico com dados completos para o planejamento da próxima safra. “O produtor consegue saber, por exemplo, das variedades que plantou, qual a mais rentável. Se na variedade que produziu mais, ele gastou mais, então, ela não é a mais rentável. Quando você tem dados para analisar infestação, custo de aplicação e outras operações, consegue um planejamento mais assertivo e otimiza a produtividade para a próxima safra”, completa.
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