Nos próximos 30 anos, a produção agrícola global vai precisar dobrar. A previsão é da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que estima uma população mundial de 9 bilhões de pessoas. Mas como produzir em dobro, sem […]
Nos próximos 30 anos, a produção agrícola global vai precisar dobrar. A previsão é da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que estima uma população mundial de 9 bilhões de pessoas. Mas como produzir em dobro, sem abrir mão da preservação ambiental? Para movimentar essas discussões, surgiram as roundtables. Essas “mesas redondas” são iniciativas formadas por vários países, facilitando um diálogo global entre diferentes interesses sobre uma produção economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente coerente.
Uma dessas reuniões deu origem, na Suíça, em 2006, à Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS). A associação se baseia em cinco princípios para certificação: cumprimento legal e boas práticas empresariais; condições de trabalho responsáveis; relações comunitárias responsáveis; responsabilidade ambiental e práticas agrícolas adequadas. A proposta apresenta desafios, principalmente para o Brasil, hoje um dos principais exportadores de soja do mundo.
RECONHECIMENTO
Buscar uma certificadora credenciada é um dos primeiros passos para um produtor, uma cooperativa ou uma empresa que deseja obter o selo. Para ser reconhecido como certificado, o produtor de soja precisa cumprir cerca de 100 indicadores durante as auditorias. Alguns requerem cumprimento imediato, outros devem ser cumpridos depois de um, dois ou três anos. “O Brasil está mais à frente na certificação porque tem uma legislação mais complexa em matéria trabalhista, fiscal”, afirma o consultor da RTRS no Brasil, Cid Sanches.
Mas as vantagens não estão só na entrega física do grão: estão também nos créditos que a produção gera. Uma tonelada de soja certificada é equivalente a um crédito de produção de soja responsável, podendo ser trocado através da Plataforma de Comercialização de Créditos da RTRS. Ao adquirir os créditos do produtor,empresas ou organizações podem declarar seu apoio à produção responsável. Nos últimos anos, cada crédito valia para o produtor rural cerca de US$ 4.
Percebendo a necessidade de empresas brasileiras em suprir sua demanda por soja responsável, surgiu o programa Produzindo Certo, uma parceria da Unilever Brasil com a plataforma Aliança da Terra. “A companhia precisava de um parceiro que tivesse expertise e credibilidade para abordar e orientar os produtores rurais. O passo seguinte foi buscar o apoio de outras empresas que atuam com o agronegócio em diferentes frentes – desde o financiamento agrícola até a orientação técnica e insumos, – fechando um círculo virtuoso para o agricultor”, conta Aline Maldonado Locks, Gerente Geral da Aliança da Terra.
O programa permite aos produtores o acesso a uma ferramenta para gestão integrada e monitoramento dinâmico e evolutivo da propriedade, além da assistência técnica personalizada para adequação da propriedade às leis ambientais e sociais aplicáveis ao seu negócio. As empresas participantes do Produzindo Certo conseguem também uma melhoria contínua da área plantada e acesso a mercados diferenciados.
DESAFIO
O Brasil está caminhando para se tornar não só um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas também para ser exemplo de cadeia produtiva sustentável, transparente e responsável. Mas na visão de Aline Locks, ainda falta uma demanda que consiga absorver os custos de uma produção responsável. “Para ter uma ideia, as 38 propriedades rurais que fazem parte do Programa, tiveram mais de 3,5 milhões de reais investidos em adequação socioambiental”, afirma.
O município de Sorriso-MT, é considerado o maior produtor de soja do mundo, e tem agora nove fazendas certificadas. O número foi obtido graças ao programa Gente que Produz e Preserva, do Clube Amigos da Terra (CAT). Através do CAT Sorriso, a certificação em seu primeiro ano tem um custo de 18 mil reais por propriedade. Nos anos seguintes, o valor cai para R$9.600 por propriedade. Mas o CAT explica que cada localidade e instituição tem um custo para certificar. Além disso, o valor pode sofrer alterações se a certificação for individual, em grupo ou via tradings.
Na visão de Luiz Nery Ribas, presidente do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), a certificação é um futuro interessante, desde que seja viável para o produtor. Nery reforça que ela aumenta o valor da produção, portanto, é preciso que o produtor tenha uma remuneração diferenciada, que gere rentabilidade. Para ele, a primeira iniciativa do produtor que deseja conseguir a certificação é estar com sua área pronta para produção e com uma gestão estruturada. A segunda é buscar uma certificação reconhecida internacionalmente e com custo benefício viável ao seu retorno.
Mesmo com custo elevado, o produtor brasileiro está em busca da produção responsável. Segundo dados do CAT, nosso país termina o ano de 2017 com cerca de 790 mil hectares de lavouras com selo RTRS, um aumento de 350 mil ha em relação a 2015. Em número de propriedades rurais, significa um crescimento de 73 para 180 fazendas de um ano para outro.
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