Soja. Conheça mais sobre o "ouro brasileiro" - Syngenta Digital
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Soja. Conheça mais sobre o “ouro brasileiro”

4 min de leitura

O Brasil tem se destacado cada vez mais no cenário mundial da agropecuária. As riquezas naturais, solos férteis, clima tropical e grande extensão são a combinação ideal para uma alta produtividade de grãos e criação de gado. A soja é uma das culturas que mais […]

por Luisa Torres
17 de agosto de 2021
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soja colheita

O Brasil tem se destacado cada vez mais no cenário mundial da agropecuária. As riquezas naturais, solos férteis, clima tropical e grande extensão são a combinação ideal para uma alta produtividade de grãos e criação de gado. A soja é uma das culturas que mais se destaca nesse cenário.

Nos últimos anos, o país tornou- se o principal produtor e representante mundial do grão. Neste artigo, nós mostramos mais sobre a representatividade da soja como um dos pilares da agricultura nacional. Conheça melhor a cultura nos tópicos a seguir! 

Índice:

O que é a cultura da soja?

Os derivados da soja

História do grão

Soja no Brasil

Variedades da Soja

Como é o mercado nacional e internacional da soja?

Quais as principais doenças e pragas da soja?

Desafios da produção

Soluções sustentáveis

Grão da soja nascendo na plantação
O grão da soja é reconhecido como uma das fontes mais ricas e baratas de proteína

O que é a cultura da soja?  

A soja é uma oleaginosa pertencente à família Fabaceae, que conta também em seu grupo com o feijão, a lentilha e a ervilha. O grão é reconhecido como uma das fontes mais ricas e baratas de proteínas encontradas no mundo. Além disso, está presente na dieta básica tanto de pessoas quanto de animais ao redor da Terra, fazendo assim com que o grão tenha uma grande importância na economia mundial.  

 
Uma de suas principais características é a sua versatilidade de aplicação. Na indústria alimentícia, por exemplo, a soja é matéria-prima para a produção de massas, óleos, margarinas e maioneses. Já na indústria química, ela serve como componente de plásticos, adesivos, cosméticos e outros. O grão também é usado para compor rações dadas aos animais, sendo o farelo se soja um importante elemento para a fabricação desse alimento.  

Tudo isso só é possível devido ao seu alto grau de óleos e também de proteínas, que já citamos. Outro fato interessante é que a soja é uma mercadoria com padrão, podendo ser produzida e negociada em diferentes nações, o que faz com que ela tenha uma alta liquidez e demanda.  

Os derivados da Soja 

A soja é versátil. Um dos melhores alimentos a serem consumidos, segundo especialistas. Pode ser consumida inteira após ser cozida ou assada, além de se transformar em uma grande variedade de alimentos.  

Carne de soja no prato
A soja é uma opção muito consumida pelos vegetarianos

Está no dia a dia do brasileiro como óleo de soja, às vezes chamado de óleo vegetal, no tofu muito consumido como alternativa à carne, no molho e no leite de soja…. A farinha de soja desengordurada, por exemplo, é muito utilizada no enriquecimento protéico de pães, bolachas, tortas e todo o tipo de confeitaria. 

Veja mais derivados da soja: 

Missô 

É um condimento salgado, indispensável na culinária japonesa que dá sabor a uma infinidade de alimentos e receitas. Com ele é feito também a sopa de missô. Ele é feito a partir da soja e de grãos como o arroz.  

Brotos da soja 

Não tão consumido aqui no Brasil quanto os brotos de feijão e de alfafa, o broto da soja é muito rico nutricionalmente, fonte de vitamina C e proteínas. Pode ser servido cru, em saladas, frito ou assado. 

Edamame 

A soja de edamame é colhida quando os grãos ainda estão verdes. Rico em proteínas, não contém colesterol. Seu sabor doce faz com que ele seja consumido como um lanche. É também apreciado como aperitivo ou em pratos vegetarianos, nesses casos é fervido em água levemente salgada.  

Molho de soja 

O molho de soja é feito a partir de um processo de fermentação, por isso seu tom marrom escuro. Tem sabor salgado e é ingrediente importante na culinária asiática. Tipos de molho de soja: Shoyu e Teriyaki.  

História do grão 

A soja é um dos mais antigos produtos agrícolas da humanidade. De acordo com a Embrapa, os primeiros relatos da produção do grão datam de 2883 e 2838 A.C na costa leste da Ásia, sendo muitos desses escritos numa língua ainda arcaiaca. A soja era conhecida como um grão sagrado junto ao arroz e a cevada, por exemplo. 

O grão chegou à Europa como planta ornamental e não se adaptou bem ao cultivo agrícola. Nos EUA encontrou um clima favorável onde até os dias atuais é intensamente cultivada. Entrou no Brasil por volta de 1882, trazida pelo Professor Gustavo Dutra, da Escola de Agronomia da Bahia. 

A utilização da soja como alimento e matéria-prima de outros produtos passou a ser interessante apenas na segunda década do século XX, ou seja, muito tempo depois da sua descoberta. 

Soja no Brasil 

Grande produtor mundial na atualidade, o Brasil começou a olhar melhor para a importância comercial da soja no final da década de 1960. O grão surgiu como uma opção de cultivo no verão, enquanto o trigo, que até então era a principal cultura do Sul do país, estava na sua entressafra.  

Outro fator que impulsionou a demanda pelo grão foi a escalada na pecuária principalmente de suínos e aves. Esses animais eram principalmente alimentados com ração, que tinha uma de suas bases no farelo de soja. A grande alta do preço da soja em meados de 1970 também despertou o interesse dos produtores rurais e do próprio governo, que passou a incentivar o seu cultivo.  

O grão logo passou a ser visto como insumo importante para a agricultura do país, além de ter impulsionado uma série de estudos e pesquisas que permitiram a tropicalização da soja. Isso significou uma expansão da sua produção para todo o território nacional, deixando a sua restrição na região Sul no passado.  

Imagem listando curiosidades da soja
Curiosidades do ouro brasileiro

Variedades da soja

As variedades de soja apresentam hoje algumas características bem distintas da soja ancestral. A altura das plantas varia de 60 a 120 cm. O ciclo também é bem variado, geralmente, entre 100 e 160 dias. Seu crescimento pode ser indeterminado, semi determinado ou determinado. Seu desenvolvimento está associado ao fotoperíodo, sendo que se estiver submetida a um curto período de iluminação tende a florescer precocemente reduzindo consideravelmente a produtividade. 

O consumo da soja está em plena expansão no mundo, tendo ultrapassado, na presente safra, mais de 383 milhões de toneladas de grãos produzidos. Para se atingir este patamar, é necessário dispor-se de variedades melhoradas, combinadas com um ambiente que otimize a expressão de seu elevado potencial genético. 

Mapa mundial mostrando que o Brasil é o maior exportador do Brasil
Soja e a sua importância comercial

Como é o mercado nacional e internacional da soja? 

O Brasil hoje é o principal produtor da commodity agrícola no planeta, cabe destacar que 4% do território nacional é dedicado ao plantio dessa cultura. Segundo dados da CONAB divulgados pela Embrapa, o estimado para a safra de 2020/2021 é de 135,409 milhões de toneladas do grão em 38,502 milhões de hectares plantados. Sendo que o maior produtor brasileiro é o Mato Grosso, seguido do Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás. 

No mundo a produção estimada é de mais de 383 milhões de toneladas em 127,842 milhões de hectares. Para 2021/2022, os números são ainda mais expressivos e deverá totalizar 385,53 milhões de toneladas

Além de maior produtor, o Brasil também é a nação que mais exporta o insumo para outros países. Mais de 70% da soja brasileira exportada vai para China e mais de 60% da produção mundial também vai para o país asiático.  

Isso se deve principalmente à gigantesca população que precisa se alimentar e também à alta produção de aves e suínos em terras chinesas. Tais percentuais devem aumentar em todo o planeta dado o crescimento populacional e a maior necessidade de alimentos. 

Quais as principais pragas e doenças que atingem a cultura da soja? 

As pragas e doenças são os principais vetores que provocam perdas na cultura da soja e são fonte de preocupação para os produtores, justamente por afetar a produtividade da lavoura. Algumas delas atacam antes mesmo do plantio e outras são mais nocivas durante o desenvolvimento e até colheita. Conheça quais as principais a seguir! 

Lagarta-da-soja 

lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) é reconhecida por ser uma espécie tropical de lagarta. Elas são facilmente identificadas pela suas estrias brancas e o corpo marrom, mas dependendo da demanda de alimento, caso seja em menor quantidade, pode apresentar uma tonalidade mais escura. Suas listras estão no dorso e nas laterais do corpo. Na fase adulta, ela se apresenta em forma de mariposa de cor pardo acinzentada. Os locais favoritos dessa praga são a face inferior das folhas, bem como os ramos, hastes e caule. 

Ela costuma atacar no início da cultura e também no período de floração. Seus danos começam pela raspagem das folhas. Na medida em que crescem, elas passam a se alimentar da folha, deixando buracos ou mesmo consumindo toda ela. Ou seja, nesse último caso vemos um caso de desfolha que pode chegar a totalidade, se não for controlada.  

Uma das opções para realizar o controle dessa praga é adotar a tecnologia Bt. Quando a lagarta entra em contato com uma folha que conta com a bactéria Bt, ela entra no organismo do animal e se transforma em proteína, o que ajuda a matá-la. 

Percevejo Marrom 

Percevejo na soja
Percevejo-marrom, uma das principais pragas da soja

percevejo-marrom também entra na lista das principais pragas da soja, sendo bem nocivo à cultura. Eles têm como principal característica a coloração marrom uniforme. Geralmente, o seu comprimento é de aproximadamente 1 cm. Seu ciclo biológico dura em média de 28 a 35 dias e começa com os ovos, que são botados pelas fêmeas da espécie.  

São dois os principais danos causados pelo percevejo-marrom: enrugamento dos grãos, que suga a seiva das vagens ainda verdes, reduzindo a sua produtividade; retenção foliar, que faz com que as plantas fiquem verdes, mesmo em época de colheita, aumentando a umidade dos grãos.  

Para o percevejo-marrom, uma das indicações de prevenção é o uso de diferentes tipos de defensivos, a fim de evitar uma resistência deles. Neonicotinóides, piretróides e organofosforados são os que melhor protegem a cultura da soja dessa praga. 

Lagarta helicoverpa 

HELICOPERVA na soja
A lagarta helicoverpa tem alto poder de proliferação

Se falamos sobre as principais pragas da soja, não podemos deixar de lado a lagarta helicoverpa. Essa praga tem alta capacidade de reprodução e adaptação, se reproduzindo em diferentes condições climáticas, além de serem resistentes a alguns inseticidas. Ela também tem um poder de proliferação rápida.   

Suas características são comuns em outras espécies de lagartas, dificultando a sua identificação. Além disso, as suas tonalidades variam bastante, o que vai do branco-avermelhado ao verde. Logo, não é indicado fazer a identificação por meio dessa característica, pois pode gerar confusão.O ideal é observar os pelos brancos que se formam na sua parte frontal e nas estruturas que são escurecidas no pelo, como se fosse uma espécie de cela.  

Seu ataque contempla especialmente as vagens da soja, prejudicando assim a produtividade. Existem estimativas que apontam perdas de 30% a 40% da cultura. O seu combate tal como na lagarta-da-soja pode ser feito por meio do cultivo de sementes com a tecnologia Bt. 

Corós  

Praga coro no cultivo de soja
Outra praga bastante comum nas lavouras de soja é o corós

Os corós costumam atacar especialmente as plantas jovens da soja, que são cultivadas em solos com baixa fertilidade e com condições hídricas deficitárias. Os danos vão do consumo de raízes até os nódulos onde o nitrogênio fica fixado.  

 
Esses insetos subterrâneos são capazes de fazer com que a cultura da soja apresente um desenvolvimento retadardo e fazer com que a planta fique amarelada e murche até a sua morte. Isso pode acontecer em reboleiras, mesmo que distribuídas de maneira irregular na lavoura. 

Ferrugem asiática 

Quando falamos sobre doenças da soja, a ferrugem asiática aparece na lista das mais preocupantes. Ela é causada por um fungo conhecido como Phakopsora pachyrhizi, que é responsável pela desfolha precoce da planta. Ele também impede o desenvolvimento do grão, o que consequentemente reduz a produtividade.  

A sua característica mais marcante e que permite a identificação da doença são os pontos mais escuros nas folhas. Os danos podem chegar a níveis bem altos, em média 70%. 

Antracnose 

antracnose também entra na lista de principais doenças da soja. Ela é causada por fungos do gênero Colletotrichum e atinge diferentes partes da planta da soja. Seu desenvolvimento costuma acontecer especialmente em climas com alta umidade e temperatura de moderada a alta. 

Entre os seus principais danos estão a desfolha, abortamento de vagens e também a morte prematura de plântulas, o que diminui bastante a produtividade. Dependendo da extensão do dano pode levar a perda total da lavoura. 

Doenças de Final de Ciclo (DFCs) 

As doenças de final de ciclo (DFCs) são causadas por dois fungos: Septoria glycines (mancha parda) e Cercospora kikuchii (crestamento foliar ou mancha púrpura da semente). As duas são bastante prejudiciais e podem levar a grandes perdas no rendimento do grão.  

A mancha parda é capaz de infectar a planta viva e dar continuidade a sua contaminação em restos culturais. Geralmente, o fungo é dispersado pela chuva e vento, apresentando um aspecto mais severo no molhamento foliar de 36 horas. Entre os danos estão o desfolhamento e lesões na planta. 

Por sua vez, o crestamento foliar ocorre por meio de sementes infectadas que podem germinar ou não. Quando germinam, as plântulas já nascem doentes. Ele é favorecido pelas altas temperaturas e também podem ser dispersos pela água. Além de lesões nas folhas, a doença pode alcançar a semente, causando a mancha púrpura no tegumento. 

Desafios da produção

A cultura da soja apresenta grandes desafios para a pesquisa científica no sentido de se buscar soluções para problemas como: resistência de plantas espontâneas, insetos-praga, nematoides e ferrugem. No intuito de atender a crescente demanda por grãos, tecnologias de melhoramento genético foram lançadas, priorizando a seleção de cultivares resistentes. 

Um dos fatores, inicialmente limitantes para produção da soja no Brasil, é o fato de ser originalmente uma planta de noites curtas (dias longos), sendo, portanto característico de regiões temperadas. Com o advento do melhoramento genético, tornou-se possível cultivá-la em regiões brasileiras, hoje altamente produtivas, e que se encontra em latitudes inferiores a 20° (MT, GO, BA). Outra tecnologia marcante na cultura da soja é o Manejo Integrado de Pragas (MIP-Soja), cujos resultados auxiliam técnicos na tomada de decisão quanto ao controle. 

Soluções Sustentáveis

Homem segurando um grão de soja
A demanda por cultivo orgânico de soja tem aumentado nos últimos anos

O grão de soja apresenta grande variedade de uso, não se restringindo apenas à alimentação humana e animal. A crescente demanda pelo produto levou as empresas produtoras de sementes, adubos, herbicidas e agrotóxicos a desenvolver pacotes tecnológicos que reduzem grandemente o risco de perdas nas lavouras. Entretanto, mesmo aumentando a produtividade continuamente, há uma grande demanda por soluções mais sustentáveis. Adicionalmente, existe oportunidade de mercado, pois há uma parcela da população, tanto nacional quanto estrangeira, que demanda produtos orgânicos. 

A expectativa de adesão de novos produtores ao cultivo orgânico de soja é positiva, pois com o desenvolvimento de diversas técnicas de controle biológico de pragas e doenças, novas fontes de adubos orgânicos e manejo integrado de plantas daninhas sem o uso de herbicidas tem tornado a atividade mais atrativa. Para a conversão do cultivo convencional ao cultivo orgânico, são necessárias bases científicas consistentes e capazes de serem reproduzidas. 

Nesse sentido, o desenvolvimento de novos fertilizantes mais sustentáveis é de fundamental importância. Uma via promissora é a reciclagem de resíduos orgânicos que, além de gerar uma destinação adequada ambientalmente, permite agregar valor para essas matérias primas. 

Ao longo desse artigo foi possível ver como a cultura da soja é importante para o mercado brasileiro e mundial. Para continuar a avançar na produtividade, os produtores precisam enfrentar desafios como as doenças e pragas que costumam afetar a cultura. Para isso, um bom planejamento e manejo desses agentes nocivos é o mais indicado.  

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