O Brasil tem se destacado cada vez mais no cenário mundial da agropecuária. As riquezas naturais, solos férteis, clima tropical e grande extensão são a combinação ideal para uma alta produtividade de grãos e criação de gado. A soja é uma das culturas que mais […]
O Brasil tem se destacado cada vez mais no cenário mundial da agropecuária. As riquezas naturais, solos férteis, clima tropical e grande extensão são a combinação ideal para uma alta produtividade de grãos e criação de gado. A soja é uma das culturas que mais se destaca nesse cenário.
Nos últimos anos, o país tornou- se o principal produtor e representante mundial do grão. Neste artigo, nós mostramos mais sobre a representatividade da soja como um dos pilares da agricultura nacional. Conheça melhor a cultura nos tópicos a seguir!
Como é o mercado nacional e internacional da soja?
Quais as principais doenças e pragas da soja?
A soja é uma oleaginosa pertencente à família Fabaceae, que conta também em seu grupo com o feijão, a lentilha e a ervilha. O grão é reconhecido como uma das fontes mais ricas e baratas de proteínas encontradas no mundo. Além disso, está presente na dieta básica tanto de pessoas quanto de animais ao redor da Terra, fazendo assim com que o grão tenha uma grande importância na economia mundial.
Uma de suas principais características é a sua versatilidade de aplicação. Na indústria alimentícia, por exemplo, a soja é matéria-prima para a produção de massas, óleos, margarinas e maioneses. Já na indústria química, ela serve como componente de plásticos, adesivos, cosméticos e outros. O grão também é usado para compor rações dadas aos animais, sendo o farelo se soja um importante elemento para a fabricação desse alimento.
Tudo isso só é possível devido ao seu alto grau de óleos e também de proteínas, que já citamos. Outro fato interessante é que a soja é uma mercadoria com padrão, podendo ser produzida e negociada em diferentes nações, o que faz com que ela tenha uma alta liquidez e demanda.
A soja é versátil. Um dos melhores alimentos a serem consumidos, segundo especialistas. Pode ser consumida inteira após ser cozida ou assada, além de se transformar em uma grande variedade de alimentos.
Está no dia a dia do brasileiro como óleo de soja, às vezes chamado de óleo vegetal, no tofu muito consumido como alternativa à carne, no molho e no leite de soja…. A farinha de soja desengordurada, por exemplo, é muito utilizada no enriquecimento protéico de pães, bolachas, tortas e todo o tipo de confeitaria.
Veja mais derivados da soja:
É um condimento salgado, indispensável na culinária japonesa que dá sabor a uma infinidade de alimentos e receitas. Com ele é feito também a sopa de missô. Ele é feito a partir da soja e de grãos como o arroz.
Não tão consumido aqui no Brasil quanto os brotos de feijão e de alfafa, o broto da soja é muito rico nutricionalmente, fonte de vitamina C e proteínas. Pode ser servido cru, em saladas, frito ou assado.
A soja de edamame é colhida quando os grãos ainda estão verdes. Rico em proteínas, não contém colesterol. Seu sabor doce faz com que ele seja consumido como um lanche. É também apreciado como aperitivo ou em pratos vegetarianos, nesses casos é fervido em água levemente salgada.
O molho de soja é feito a partir de um processo de fermentação, por isso seu tom marrom escuro. Tem sabor salgado e é ingrediente importante na culinária asiática. Tipos de molho de soja: Shoyu e Teriyaki.
A soja é um dos mais antigos produtos agrícolas da humanidade. De acordo com a Embrapa, os primeiros relatos da produção do grão datam de 2883 e 2838 A.C na costa leste da Ásia, sendo muitos desses escritos numa língua ainda arcaiaca. A soja era conhecida como um grão sagrado junto ao arroz e a cevada, por exemplo.
O grão chegou à Europa como planta ornamental e não se adaptou bem ao cultivo agrícola. Nos EUA encontrou um clima favorável onde até os dias atuais é intensamente cultivada. Entrou no Brasil por volta de 1882, trazida pelo Professor Gustavo Dutra, da Escola de Agronomia da Bahia.
A utilização da soja como alimento e matéria-prima de outros produtos passou a ser interessante apenas na segunda década do século XX, ou seja, muito tempo depois da sua descoberta.
Grande produtor mundial na atualidade, o Brasil começou a olhar melhor para a importância comercial da soja no final da década de 1960. O grão surgiu como uma opção de cultivo no verão, enquanto o trigo, que até então era a principal cultura do Sul do país, estava na sua entressafra.
Outro fator que impulsionou a demanda pelo grão foi a escalada na pecuária principalmente de suínos e aves. Esses animais eram principalmente alimentados com ração, que tinha uma de suas bases no farelo de soja. A grande alta do preço da soja em meados de 1970 também despertou o interesse dos produtores rurais e do próprio governo, que passou a incentivar o seu cultivo.
O grão logo passou a ser visto como insumo importante para a agricultura do país, além de ter impulsionado uma série de estudos e pesquisas que permitiram a tropicalização da soja. Isso significou uma expansão da sua produção para todo o território nacional, deixando a sua restrição na região Sul no passado.
As variedades de soja apresentam hoje algumas características bem distintas da soja ancestral. A altura das plantas varia de 60 a 120 cm. O ciclo também é bem variado, geralmente, entre 100 e 160 dias. Seu crescimento pode ser indeterminado, semi determinado ou determinado. Seu desenvolvimento está associado ao fotoperíodo, sendo que se estiver submetida a um curto período de iluminação tende a florescer precocemente reduzindo consideravelmente a produtividade.
O consumo da soja está em plena expansão no mundo, tendo ultrapassado, na presente safra, mais de 383 milhões de toneladas de grãos produzidos. Para se atingir este patamar, é necessário dispor-se de variedades melhoradas, combinadas com um ambiente que otimize a expressão de seu elevado potencial genético.
O Brasil hoje é o principal produtor da commodity agrícola no planeta, cabe destacar que 4% do território nacional é dedicado ao plantio dessa cultura. Segundo dados da CONAB divulgados pela Embrapa, o estimado para a safra de 2020/2021 é de 135,409 milhões de toneladas do grão em 38,502 milhões de hectares plantados. Sendo que o maior produtor brasileiro é o Mato Grosso, seguido do Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás.
No mundo a produção estimada é de mais de 383 milhões de toneladas em 127,842 milhões de hectares. Para 2021/2022, os números são ainda mais expressivos e deverá totalizar 385,53 milhões de toneladas.
Além de maior produtor, o Brasil também é a nação que mais exporta o insumo para outros países. Mais de 70% da soja brasileira exportada vai para China e mais de 60% da produção mundial também vai para o país asiático.
Isso se deve principalmente à gigantesca população que precisa se alimentar e também à alta produção de aves e suínos em terras chinesas. Tais percentuais devem aumentar em todo o planeta dado o crescimento populacional e a maior necessidade de alimentos.
As pragas e doenças são os principais vetores que provocam perdas na cultura da soja e são fonte de preocupação para os produtores, justamente por afetar a produtividade da lavoura. Algumas delas atacam antes mesmo do plantio e outras são mais nocivas durante o desenvolvimento e até colheita. Conheça quais as principais a seguir!
A lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) é reconhecida por ser uma espécie tropical de lagarta. Elas são facilmente identificadas pela suas estrias brancas e o corpo marrom, mas dependendo da demanda de alimento, caso seja em menor quantidade, pode apresentar uma tonalidade mais escura. Suas listras estão no dorso e nas laterais do corpo. Na fase adulta, ela se apresenta em forma de mariposa de cor pardo acinzentada. Os locais favoritos dessa praga são a face inferior das folhas, bem como os ramos, hastes e caule.
Ela costuma atacar no início da cultura e também no período de floração. Seus danos começam pela raspagem das folhas. Na medida em que crescem, elas passam a se alimentar da folha, deixando buracos ou mesmo consumindo toda ela. Ou seja, nesse último caso vemos um caso de desfolha que pode chegar a totalidade, se não for controlada.
Uma das opções para realizar o controle dessa praga é adotar a tecnologia Bt. Quando a lagarta entra em contato com uma folha que conta com a bactéria Bt, ela entra no organismo do animal e se transforma em proteína, o que ajuda a matá-la.
O percevejo-marrom também entra na lista das principais pragas da soja, sendo bem nocivo à cultura. Eles têm como principal característica a coloração marrom uniforme. Geralmente, o seu comprimento é de aproximadamente 1 cm. Seu ciclo biológico dura em média de 28 a 35 dias e começa com os ovos, que são botados pelas fêmeas da espécie.
São dois os principais danos causados pelo percevejo-marrom: enrugamento dos grãos, que suga a seiva das vagens ainda verdes, reduzindo a sua produtividade; retenção foliar, que faz com que as plantas fiquem verdes, mesmo em época de colheita, aumentando a umidade dos grãos.
Para o percevejo-marrom, uma das indicações de prevenção é o uso de diferentes tipos de defensivos, a fim de evitar uma resistência deles. Neonicotinóides, piretróides e organofosforados são os que melhor protegem a cultura da soja dessa praga.
Se falamos sobre as principais pragas da soja, não podemos deixar de lado a lagarta helicoverpa. Essa praga tem alta capacidade de reprodução e adaptação, se reproduzindo em diferentes condições climáticas, além de serem resistentes a alguns inseticidas. Ela também tem um poder de proliferação rápida.
Suas características são comuns em outras espécies de lagartas, dificultando a sua identificação. Além disso, as suas tonalidades variam bastante, o que vai do branco-avermelhado ao verde. Logo, não é indicado fazer a identificação por meio dessa característica, pois pode gerar confusão.O ideal é observar os pelos brancos que se formam na sua parte frontal e nas estruturas que são escurecidas no pelo, como se fosse uma espécie de cela.
Seu ataque contempla especialmente as vagens da soja, prejudicando assim a produtividade. Existem estimativas que apontam perdas de 30% a 40% da cultura. O seu combate tal como na lagarta-da-soja pode ser feito por meio do cultivo de sementes com a tecnologia Bt.
Os corós costumam atacar especialmente as plantas jovens da soja, que são cultivadas em solos com baixa fertilidade e com condições hídricas deficitárias. Os danos vão do consumo de raízes até os nódulos onde o nitrogênio fica fixado.
Esses insetos subterrâneos são capazes de fazer com que a cultura da soja apresente um desenvolvimento retadardo e fazer com que a planta fique amarelada e murche até a sua morte. Isso pode acontecer em reboleiras, mesmo que distribuídas de maneira irregular na lavoura.
Quando falamos sobre doenças da soja, a ferrugem asiática aparece na lista das mais preocupantes. Ela é causada por um fungo conhecido como Phakopsora pachyrhizi, que é responsável pela desfolha precoce da planta. Ele também impede o desenvolvimento do grão, o que consequentemente reduz a produtividade.
A sua característica mais marcante e que permite a identificação da doença são os pontos mais escuros nas folhas. Os danos podem chegar a níveis bem altos, em média 70%.
A antracnose também entra na lista de principais doenças da soja. Ela é causada por fungos do gênero Colletotrichum e atinge diferentes partes da planta da soja. Seu desenvolvimento costuma acontecer especialmente em climas com alta umidade e temperatura de moderada a alta.
Entre os seus principais danos estão a desfolha, abortamento de vagens e também a morte prematura de plântulas, o que diminui bastante a produtividade. Dependendo da extensão do dano pode levar a perda total da lavoura.
As doenças de final de ciclo (DFCs) são causadas por dois fungos: Septoria glycines (mancha parda) e Cercospora kikuchii (crestamento foliar ou mancha púrpura da semente). As duas são bastante prejudiciais e podem levar a grandes perdas no rendimento do grão.
A mancha parda é capaz de infectar a planta viva e dar continuidade a sua contaminação em restos culturais. Geralmente, o fungo é dispersado pela chuva e vento, apresentando um aspecto mais severo no molhamento foliar de 36 horas. Entre os danos estão o desfolhamento e lesões na planta.
Por sua vez, o crestamento foliar ocorre por meio de sementes infectadas que podem germinar ou não. Quando germinam, as plântulas já nascem doentes. Ele é favorecido pelas altas temperaturas e também podem ser dispersos pela água. Além de lesões nas folhas, a doença pode alcançar a semente, causando a mancha púrpura no tegumento.
A cultura da soja apresenta grandes desafios para a pesquisa científica no sentido de se buscar soluções para problemas como: resistência de plantas espontâneas, insetos-praga, nematoides e ferrugem. No intuito de atender a crescente demanda por grãos, tecnologias de melhoramento genético foram lançadas, priorizando a seleção de cultivares resistentes.
Um dos fatores, inicialmente limitantes para produção da soja no Brasil, é o fato de ser originalmente uma planta de noites curtas (dias longos), sendo, portanto característico de regiões temperadas. Com o advento do melhoramento genético, tornou-se possível cultivá-la em regiões brasileiras, hoje altamente produtivas, e que se encontra em latitudes inferiores a 20° (MT, GO, BA). Outra tecnologia marcante na cultura da soja é o Manejo Integrado de Pragas (MIP-Soja), cujos resultados auxiliam técnicos na tomada de decisão quanto ao controle.
O grão de soja apresenta grande variedade de uso, não se restringindo apenas à alimentação humana e animal. A crescente demanda pelo produto levou as empresas produtoras de sementes, adubos, herbicidas e agrotóxicos a desenvolver pacotes tecnológicos que reduzem grandemente o risco de perdas nas lavouras. Entretanto, mesmo aumentando a produtividade continuamente, há uma grande demanda por soluções mais sustentáveis. Adicionalmente, existe oportunidade de mercado, pois há uma parcela da população, tanto nacional quanto estrangeira, que demanda produtos orgânicos.
A expectativa de adesão de novos produtores ao cultivo orgânico de soja é positiva, pois com o desenvolvimento de diversas técnicas de controle biológico de pragas e doenças, novas fontes de adubos orgânicos e manejo integrado de plantas daninhas sem o uso de herbicidas tem tornado a atividade mais atrativa. Para a conversão do cultivo convencional ao cultivo orgânico, são necessárias bases científicas consistentes e capazes de serem reproduzidas.
Nesse sentido, o desenvolvimento de novos fertilizantes mais sustentáveis é de fundamental importância. Uma via promissora é a reciclagem de resíduos orgânicos que, além de gerar uma destinação adequada ambientalmente, permite agregar valor para essas matérias primas.
Ao longo desse artigo foi possível ver como a cultura da soja é importante para o mercado brasileiro e mundial. Para continuar a avançar na produtividade, os produtores precisam enfrentar desafios como as doenças e pragas que costumam afetar a cultura. Para isso, um bom planejamento e manejo desses agentes nocivos é o mais indicado.
Texto escrito em parceria com Marcelo Mueller de Freitas, Eng. Agrônomo, Mestre e Doutor em Entomologia Agrícola pela Unesp/FCAV. Atualmente desenvolve pesquisas voltadas para o manejo microbiológico de pragas e é sócio administrador da página @mipemfoco. Pragas de solo Que os artrópodes-pragas […]
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