Um tema intenso, rodeado de mitos e medos, muitos de nós prefere evitar pensar sobre sucessão, enquanto outros tantos desconsideram por completo a possibilidade (real e concreta) de se deparar com a ausência do gestor – quer seja por doença, […]
Um tema intenso, rodeado de mitos e medos, muitos de nós prefere evitar pensar sobre sucessão, enquanto outros tantos desconsideram por completo a possibilidade (real e concreta) de se deparar com a ausência do gestor – quer seja por doença, por morte, por aposentadoria -, sempre com a expectativa de nunca ter que se deparar ou enfrentar uma situação assim.
Geralmente, o exemplo clássico de sucessão apresenta um pai ou um marido à frente da gestão. Ele centraliza não somente o comando empresarial como também não compartilha com os demais membros do núcleo familiar informações sobre todos os setores da empresa. Seja por orgulho, estilo ou por negligência, fecham seus olhos para a possibilidade que é inevitável e são responsáveis por expor dificuldades e até o fracasso de uma família despreparada, completamente cega para tomar o rumo dos negócios e, em muitos dos casos, a empresa morre juntamente com seu patriarca.
Inegável afirmar que a sucessão gera sensações conflituosas. Costuma ser um processo que fomenta dúvidas, gera conflitos, disputas, inquietações, demanda tomada de decisões que nem sempre são mais eficientes e eficazes. Mas, para tornar esse texto mais leve, preferi abordar o tema por um outro prisma. Em conversa com Sarita Rodas Junqueira, Diretora Executiva do Grupo Junqueira Rodas, e que há 11 anos atrás se deparou com a morte de seu pai, que controlava o grupo, e com a morte da sua irmã – que estava sendo preparada pelo próprio pai para assumir os negócios da família. Uma fatalidade!
Situações assim acontecem o tempo todo em diversas empresas familiares. A irmã de Sarita morreu vítima de câncer e, após 6 meses, o pai dela morreu vítima de um problema cardíaco repentino. Como processar a dor natural pelas perdas de familiares tão próximos junto a frustração de se deparar com a morte da sucessora?
E foi em meio a um mar de dúvidas que os seis meses que separaram a morte da irmã e do pai, a família fez o caminho de novamente identificar um sucessor. Mas a escolha definitiva somente ficou clara com o acontecimento. Então, a família de Sarita identificou nela o potencial para conduzir os assuntos profissionais do Grupo.
O processo de preparação foi longo. Durou 5 anos e foi difícil. Nesse período, Sarita precisou lidar com a dor da perda da irmã e do pai e com a dor de enterrar seus próprios sonhos e renunciar a seus propósitos e escolhas pessoais para viver o sonho de outras pessoas.
O sonho de seus pais!
Ela precisou se abster de suas buscas pessoais para se comprometer com um legado de trabalho que, até então não era seu. E foi exatamente isso que ela fez. Com o apoio familiar, seguiu adiante. Juntos, decidiram que não havia espaço para desistir. Ela não teve apoio incondicional. Frente às dores e impactada por dúvidas sobre o futuro, pode-se dizer que Sarita foi abençoada afinal não raro nesse momento famílias inteiras se desestruturam e rivalizam. Além disso contou com a estrutura de uma empresa saudável financeiramente e com o preparo de funcionários antigos e bem preparados que conheciam intimamente o grupo e que contribuíram na construção da ponte entre as 2 gestões.
Hoje, Sarita tem um brilho no olho ao afirmar que o legado de seus pais passou a ser seu próprio legado e que os momentos de dores, dúvidas e conflitos moldaram no grupo uma marca: a Resiliência. Só para se ter uma noção do tamanho do impacto da transformação em toda a família, até sua mãe, Teresa Rodas então com 64 anos e que também naquele momento carregava a dor de também ter perdido seus pais, assumiu responsabilidades profissionais e até hoje 11 anos depois continua desenvolvendo atividades corporativas. Essa é a história resumida, mas o que eu quero mostrar a você é que aqui entre nós, a Sarita tinha tudo para desistir. Foi mãe aos 16 e vivia o sonho de ser dona de casa e cuidar de 3 filhos feliz da vida!
Naquele momento podia ter decidido desistir. Podia ter escolhido um caminho mais simples, mais curto e talvez mais descomplicado. Mas não o fez! Podia ter se desfeito do grupo, vender o controle, ter saído dos negócios, mas não! Não considerou essa possibilidade e foi em frente com as dores e as delícias que resultaram de sua decisão. E sabe o que é melhor ainda? Após ter passado por todo esse processo, descobriu que queria agregar ao legado que incorporou de seu pai um outro legado. Ela teve uma epifania. Um dia a ficha caiu e ela diz se lembrar perfeitamente do momento. Ela percebeu que sua própria história poderia ajudar outras pessoas e decidiu fazer disso tudo algo que fizesse a diferença e hoje além de suas atividades como executiva do grupo oferece consultoria orientando e educando empresas familiares a trabalharem a harmonia familiar e poderem obter prosperidade por gerações.
Segundo Sarita “85% das empresas brasileiras são familiares e apenas 1/3 delas sobrevivem a segunda geração e se de alguma forma eu puder ajudar algumas dessas famílias, eu estarei ajudando o Brasil progredir”. “Quero ajudar famílias, quero ajudar mulheres (esposas e filhas) a se libertarem de crenças limitantes.” Sarita que tem 35 anos hoje tem como desafio preparar a terceira geração. Ela que quer se aposentar aos 50 anos, tem pela frente outros 15 para orientar seu sucessor que já foi identificado e está sendo preparado.
Espero que o texto desse mês possa ter elucidado e desmistificado um pouco o tema Sucessão. Que seu olhar para esse processo tão importante tenha se transformado. Entendo que não precisamos chegar ao caos para reconstruir e que há caminhos para um processo mais tranquilo de identificação, escolha e preparação dos sucessores, que em algumas das vezes não são os herdeiros.
Afinal ser herdeiro não é garantia de ser sucessor! Mas, esse pode ser um tema para um próximo texto. Embora não tenhamos todas as respostas e nem fórmulas prontas, o mundo corporativo nos mostra que devemos estar preparados. E quais são as lições que podemos tirar desse case de Superação?
Um forte abraço,
*Andrea Cordeiro é Diretora do Grupo Labhoro e Idealizadora do projeto Missão Mulheres do Agro. Visite o site e conheça!
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