Bicho-mineiro: saiba como é feito o manejo. Syngenta Digital
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O manejo do bicho-mineiro

4 min de leitura

Nada tira mais o sono do cafeicultor que o Bicho-mineiro. Principal praga do café, ela tem potencial de devastar a lavoura, comprometendo a produtividade.  Saiba como é realizado o manejo.   Índice: O que é bicho-mineiro e qual a sua origem?  Entenda o comportamento […]

por Syngenta Digital
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bicho mineiro

Nada tira mais o sono do cafeicultor que o Bicho-mineiro. Principal praga do café, ela tem potencial de devastar a lavoura, comprometendo a produtividade.  Saiba como é realizado o manejo.  

Homem mexendo no cafezal
Principal Praga do Café, o bicho-mineiro tira o sono de qualquer cafeicultor

Índice:

A cafeicultura enfrenta diariamente vários desafios que limitam a produtividade e o retorno sobre o investimento. Dentre eles, podemos citar clima, mão de obra, logística, preço e, claro, doenças e pragas.

Principal praga na cultura do café, o bicho-mineiro pode reduzir em até 72% a produtividade da lavoura. No passado, pensou-se que as altas infestações poderiam liquidar cafezais brasileiros – como ocorrido nas Antilhas, o que felizmente não se concretizou. 

O que é o bicho-mineiro e qual a sua origem?

O bicho mineiro é uma praga exótica, originária do continente africano e considerada monófaga, visto que ataca somente o cafeeiro. Sua presença no Brasil foi constatada a partir de 1851 e está possivelmente ligada à importação de mudas provenientes das Antilhas e da Ilha de Bourbon.

A mariposa, de nome científico Leucoptera coffeella, é uma pequena mariposa de colocaração branco- prateada e tem hábitos noturnos, se escondendo nas folhagens durante o dia. O inseto  possui metamorfose completa, passando pelas fases de ovo, lagarta, crisálida e adulto. Este ciclo pode durar entre 19 e 87 dias (de acordo com a Embrapa), sendo favorecido por condições secas e quentes.

Imagem mostra as fases do crescimento do bicho-mineiro
Fases biológicas do bicho-mineiro

Por isso, o ataque do inseto é maior nos períodos secos do ano, aumentando a partir de junho e atingindo o máximo em outubro. O ataque também pode aumentar nos meses de março ou abril, quando se verificam veranicos em janeiro ou fevereiro. 

Entenda o comportamento do bicho-mineiro 

Como a maioria das pragas, o bicho-mineiro ataca principalmente as folhas mais novas. As pequenas mariposas de coloração branco prateada depositam seus ovos na face superior das folhas do café, que será a única fonte de alimento para as lagartas. Ao eclodirem, as lagartas passam imediatamente para o interior das folhas, onde se alimentam do tecido existente entre as duas epidermes. É aqui a fase em que causa danos à lavoura.

Com a alimentação, vão se abrindo espaços dentro da folha, formando pequenas câmaras, de aspecto escuro que, ao se ressecar, tornam-se quebradiças. Uma vez desenvolvida, a lagarta faz uma perfuração na parte inferior da folha e tece um casulo sustentado por uma fina teia branca, onde permanecerá por aproximadamente seis dias, até que atinja a fase adulta. O resultado do ataque é que as folhas perdem área fotossintética, prejudicando a produtividade das plantas que precisam investir mais energia na emissão de novas folhas. Em casos de ataque severo, as plantas podem apresentar desfolha intensa no período de florada, o que irá prejudicar a produção na safra seguinte.

 É importante lembrar também que a baixa produtividade varia de acordo com a intensidade, duração, idade do cafezal e época de ocorrência.  

Dependendo do nível de infestação, os cafezais tendem a ter uma longevidade menor e podem demorar até dois anos para se recuperaram já que as lavouras ficam desfolhadas na seca por essa praga.  

Monitoramento do bicho-mineiro

Monitoramento é fundamental para o manejo do bicho-mineiro
Monitoramento é fundamental para o manejo do bicho-mineiro

O monitoramento da lavoura é muito importante para um controle eficiente. Isso possibilita ao cafeicultor a otimização das operações de pulverização, reduzindo ainda os custos com defensivos, mão de obra e desgaste de máquinas e implementos. Portanto, deve ser uma atividade rotineira, independentemente do tamanho da área e da região de cultivo. Áreas recém-plantadas e aquelas com até três anos de idade devem ser prioridade no monitoramento. Além disso, áreas localizadas em maiores altitudes, com temperaturas elevadas e mais secas, também serão mais suscetíveis à infestação pela praga.

Recomenda-se que as amostragens sejam realizadas separadamente em áreas homogêneas. O resultado da amostragem de um talhão não deve ser extrapolado para toda a área da fazenda, visto que são vários os fatores que podem influenciar na dispersão da praga. A escolha das plantas amostradas deve ser feita ao acaso, normalmente utilizando-se caminhamento em ziguezague ao longo do talhão, selecionando plantas de diferentes linhas.

Em média, uma boa amostragem deverá avaliar de 20 a 30 plantas. Claro que, quanto maior o número de pontos amostrais, maior a assertividade na tomada de decisão. Em cada planta, recomenda-se a avaliação de 10 folhas do terço médio e superior, sendo cinco de cada lado da linha de plantio. Portanto, mantendo a aleatoriedade na escolha, seleciona-se cinco ramos laterais de cada lado da planta, avaliando folhas do terceiro e quarto par de folhas do ramo. O indicador mais importante é o número de folhas com larvas vivas ou com minas ativas. Mas o apontamento da presença de mariposas, ovos e pupas (ou crisálidas) são indicadores importantes, que podem enriquecer ainda mais o apontamento, auxiliando na tomada de decisão.

Um exemplo de índice calculado é a porcentagem de infestação por bicho-mineiro (IBM%), que pode ser determinado pela relação entre ‘Número de folhas com larvas vivas’ e ‘Total de folhas coletadas’. Os níveis de controle e dano deverão ser estabelecidos de acordo com a realidade da lavoura: região, clima, idade das plantas, dentre outros. 

A recomendação da Embrapa é que, quando em amostragens de folhas realizadas quinzenalmente for encontrado 20% ou mais de folhas minadas no terço superior ou 30% ou mais nos terços médio e superior, deve-se realizar o controle. Em muitas regiões onde o ciclo da praga é favorecido, são utilizados produtos sistêmicos de aplicação via solo para prevenir o ataque severo às plantas.

Como é feito o controle? 

Em muitas regiões onde o ciclo da praga é favorecido, são utilizados produtos sistêmicos de aplicação via solo para prevenir o ataque severo às plantas

O controle químico é o principal método para controle do bicho-mineiro. Porém é bom importante que se conheça o clima da região, além da época em que esse método de controle deve ser iniciado.  

Em regiões cujo clima é favorável ao surgimento do bicho mineiro, o cafeicultor deve investir no controle preventivo da praga principalmente no período chuvoso já que é uma época em que a infestação da praga é muito baixa.  

Tecnologia digital no manejo da praga

Tecnologia é uma grande aliada no manejo e combate do bicho-mineiro
Tecnologia é uma grande aliada no manejo e combate do bicho-mineiro

A tecnologia é uma aliada importante tanto para o monitoramento do bicho-mineiro quanto para o das demais pragas e doenças. Isso porque influencia em uma série de fatores. 

Abaixo, são apresentados alguns deles.

  • Confiabilidade dos dados: acompanhar o desempenho da equipe técnica no campo, assegurando-se de que a quantidade e a distribuição de pontos amostrais são condizentes e suficientes para uma tomada de decisão assertiva.
  • Maior riqueza de detalhes: possibilidade de apontamento de mais variáveis de forma simples e rápida, além da utilização de imagens e anotações que suportam ainda mais a decisão de aplicação.
  • Agilidade na tomada de decisão: disponibilidade das informações e índices calculados automaticamente, bem como de mapas de infestação que permitem identificar o comportamento da praga no campo.
  • Histórico de dados: com a digitalização dos dados de monitoramento, é possível formar um banco de dados que podem auxiliar nas avaliações históricas e nos processos de certificação, muito importantes para a cultura do café.

*Este texto foi escrito por Silas Calazans, engenheiro agrônomo e Gerente de Liderança Técnica e Projetos

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