Nem o preço alto do café, batendo valores históricos, tem animado os produtores. A poucos dias para inicio do trabalho de colheita nas lavouras, os pés retratam o que vem pela frente: uma perda significativa na produção. Para se ter uma ideia, […]
Nem o preço alto do café, batendo valores históricos, tem animado os produtores. A poucos dias para inicio do trabalho de colheita nas lavouras, os pés retratam o que vem pela frente: uma perda significativa na produção. Para se ter uma ideia, em Minas Gerais, maior estado produtor do Brasil, 60% dos municípios que produzem o grão estão com seus cafezais afetados. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Emater-MG e o Sistema FAEMG. A Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do país e maior exportadora do grão no mundo, estima uma perda de 32% na safra de café deste ano em relação a temporada de 2020.
Índice:
Faltou chuva
Como evitar a bienalidade negativa?
O clima não ajudou, faltou chuva no ano passado. Além da estiagem, a partir de setembro, época do início da florada, as temperaturas ficaram bastante elevadas. Com o termômetro nas alturas, a qualidade do grão ficou comprometida já que houve o amarelecimento e a queima de folhas e frutos dos cafeeiros, processo conhecido como escaldadura. Não bastasse tudo isso, para piorar ainda mais o cenário, os produtores de café ainda estão sujeitos a bienalidade, comportamento típico da cultura que neste ano será negativa. “Um ano, o pé de café produz muito e essa produção demanda muito da planta. Então, no próximo ano, o estresse acaba reduzindo a produção de café”, explica Silas Calazans, engenheiro agrônomo da Syngenta Digital.
Pouco se pode fazer diante dos fatores climáticos e da bienalidade negativa, mas alguns cafeicultores tentam meios de driblar o fenômeno fazendo o esqueletamento, um tipo de poda que deixa a lavoura improdutiva durante um ano. “No esqueletamento, você zera a safra daquele ano, em que a produtividade vai ser ruim, e renova os pés de café daquele talhão cortando os ramos laterais”, diz o agrônomo. Deixa-se um esqueleto central e os ramos de produção. Desta maneira, o produtor consegue dobrar a produtividade no ano seguinte compensando o período não produtivo.
A agricultura digital é outra solução que pode e deve ser uma grande aliada do produtor de café na busca por uma maior eficiência. É que soluções tecnológicas, como o Cropwise Protector, o ajudam a entender melhor o que mais pode afetar a produtividade. Com uma planta bem equilibrada, nutrida e adubada, essa variação de produção tende a diminuir. “Se o cafeicultor conhece a produtividade histórica, ele consegue estimar quando vai produzir. No Protector é possível registrar quanto choveu em determinada lavoura e depois comparar os dados historicamente. Além disso, o produtor consegue georreferenciar suas coletas de solo para análise e pode criar zonas de manejo , optando até por aplicações localizadas”, conclui Salazans.
Essa assertividade nas decisões era o que o grupo Okuyama buscava quando contratou o sistema de software da Syngenta Digital, em outubro do ano passado. Com uma plantação de 1100 hectares em São Gotardo, Alto Paranaíba, essa é a primeira safra contando com o auxílio da tecnologia nas lavouras de café. “Vamos iniciar a colheita em pouco dias e estamos estimando uma perda de 30% nessa safra, acompanhando o que vem acontecendo com o resto dos produtores. O Cropwise Protector tem sido fundamental na agilidade das tomadas de decisões. Estamos muito satisfeitos”, diz Bruno Borges, engenheiro agrônomo.
O valor do café arábica, variedade mais produzida no Brasil, não para de subir e chegou ao maior nível em três anos e oito meses. A cooxupé chegou a comercializar o café futuro passando de R$800,00 a saca de 60 kgs. O motivo? Valorização do real nos últimos dias e a preocupação com a oferta global de café em ano de bienalidade negativa. Especialistas dizem que o valor pode continuar subindo já que o tempo nem tem contribuído.
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