Milho batendo recordes e sendo negociado a mais de R$100,00- o maior valor dos últimos sete anos. Preço do café arábica negociado acima de R$800,00 em algumas regiões do país. Para soja não se via algo tão alto desde 2012- o grão […]
Milho batendo recordes e sendo negociado a mais de R$100,00- o maior valor dos últimos sete anos. Preço do café arábica negociado acima de R$800,00 em algumas regiões do país. Para soja não se via algo tão alto desde 2012- o grão chegou a ultrapassar os R$180,00! O preço das commodities agrícolas tem atingido níveis atípicos tanto no mercado internacional quanto no nacional mesmo em um ano difícil de crise e enfrentamento da pandemia.
O professor de economia do IBMEC, Luiz Carlos Day Gama, explica que uma série de fatores permitem essa aceleração nos preços das commodities agrícolas. “Clima, baixos estoques com quebra em algumas produções são alguns dos motivos”, diz. E o que acontece lá fora também se reflete no Brasil que já está com preços elevados devido a exportações, demanda interna aquecida e cotação do dólar.
A forte recuperação dos Estados Unidos e da China, as duas maiores economias do planeta, também promete manter a demanda por alimentos ainda mais alta e o Brasil acaba se beneficiando por ser um grande produtor e exportador desses produtos. O problema é que as exportações diminuem o estoque nacional, aumentando os preços para o mercado interno brasileiro e, consequentemente, quem paga é o consumidor que tem sentido essa volatilidade nos óleos vegetais, carnes e laticínios, por exemplo. “Demanda aquecida com oferta limitada, não tem outro jeito! É preço alto”, afirma Day Gama.
Especialistas acreditam que o preço do milho ainda tem fôlego para subir diante de tantas incertezas. Para começar, o clima não tem ajudado nem aqui nem nos Estados Unidos.
No País, a falta de chuva em Mato Grosso, Paraná e São Paulo acendeu sinal de alerta podendo comprometer a produtividade do grão da safrinha. Nos Estados unidos o responsável é o frio intenso que tem prejudicado e até atrasado o início do plantio de milho da safra 2021/2022.
E para fechar, a China está de volta com um apetite global enorme! Recentemente, o país asiático retornou ao mercado como o grande importador do grão, comprando dos EUA, Ucrânia e Argentina. Em janeiro e fevereiro deste ano, o país aumentou cinco vezes o número da sua importação. Muito dessa demanda, além do consumo, foi para alimentar o rebanho suíno afetado pela peste suína no país.
A China também é uma das grandes responsáveis pelo aumento do valor da soja já que tem desabastecido o estoque internacional com a sua enorme demanda. Além do consumo interno, os chineses também compram para atender a sua produção suína e de frango. “Muita demanda aquecida e ainda tem o dólar que está mais alto”, explica o professor de economia.
O preço do café não para de subir. Em Abril deste ano, atingiu o maior nível desde 2017, batendo R$800,00 no mercado interno “muito por especulação, pela incerteza de demanda e por quebra de produção”, afirma o professor de economia do IBMEC.
Especialistas também acreditam que, por enquanto, o valor negociado do café na bolsa internacional tende a continuar alto. Pra se ter uma ideia, o banco holandês Rabobank, que tem forte atuação do setor agrícola, estimou déficit na safra 2021-2022 diante de uma produção menor no país em função das chuvas abaixo da média.
Para o professor Luiz Carlos, conforme o Brasil avance no processo de vacinação contra a Covid-19 e medidas fiscais sejam mais efetivas, o mercado tende a se acalmar e as empresas brasileiras comecem a se beneficiar. “O anúncio do aumento da taxa de juros da Selic, o aumento da vacinação no Brasil, valorização do real. Isso faz com que o mercado veja o Brasil com mais confiança”.
Mas ele acredita que esse nervosismo do mercado das commodities só deve acalmar em 2023 porque “até lá é preciso recompor os estoques”, concluiu.
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