Nada tira mais o sono do cafeicultor que o Bicho-mineiro. Principal praga do café, ela tem potencial de devastar a lavoura, comprometendo a produtividade. Saiba como é realizado o manejo. Índice: O que é bicho-mineiro e qual a sua origem? Entenda o comportamento […]
Nada tira mais o sono do cafeicultor que o Bicho-mineiro. Principal praga do café, ela tem potencial de devastar a lavoura, comprometendo a produtividade. Saiba como é realizado o manejo.
Índice:
A cafeicultura enfrenta diariamente vários desafios que limitam a produtividade e o retorno sobre o investimento. Dentre eles, podemos citar clima, mão de obra, logística, preço e, claro, doenças e pragas.
Principal praga na cultura do café, o bicho-mineiro pode reduzir em até 72% a produtividade da lavoura. No passado, pensou-se que as altas infestações poderiam liquidar cafezais brasileiros – como ocorrido nas Antilhas, o que felizmente não se concretizou.
O bicho mineiro é uma praga exótica, originária do continente africano e considerada monófaga, visto que ataca somente o cafeeiro. Sua presença no Brasil foi constatada a partir de 1851 e está possivelmente ligada à importação de mudas provenientes das Antilhas e da Ilha de Bourbon.
A mariposa, de nome científico Leucoptera coffeella, é uma pequena mariposa de colocaração branco- prateada e tem hábitos noturnos, se escondendo nas folhagens durante o dia. O inseto possui metamorfose completa, passando pelas fases de ovo, lagarta, crisálida e adulto. Este ciclo pode durar entre 19 e 87 dias (de acordo com a Embrapa), sendo favorecido por condições secas e quentes.
Por isso, o ataque do inseto é maior nos períodos secos do ano, aumentando a partir de junho e atingindo o máximo em outubro. O ataque também pode aumentar nos meses de março ou abril, quando se verificam veranicos em janeiro ou fevereiro.
Como a maioria das pragas, o bicho-mineiro ataca principalmente as folhas mais novas. As pequenas mariposas de coloração branco prateada depositam seus ovos na face superior das folhas do café, que será a única fonte de alimento para as lagartas. Ao eclodirem, as lagartas passam imediatamente para o interior das folhas, onde se alimentam do tecido existente entre as duas epidermes. É aqui a fase em que causa danos à lavoura.
Com a alimentação, vão se abrindo espaços dentro da folha, formando pequenas câmaras, de aspecto escuro que, ao se ressecar, tornam-se quebradiças. Uma vez desenvolvida, a lagarta faz uma perfuração na parte inferior da folha e tece um casulo sustentado por uma fina teia branca, onde permanecerá por aproximadamente seis dias, até que atinja a fase adulta. O resultado do ataque é que as folhas perdem área fotossintética, prejudicando a produtividade das plantas que precisam investir mais energia na emissão de novas folhas. Em casos de ataque severo, as plantas podem apresentar desfolha intensa no período de florada, o que irá prejudicar a produção na safra seguinte.
É importante lembrar também que a baixa produtividade varia de acordo com a intensidade, duração, idade do cafezal e época de ocorrência.
Dependendo do nível de infestação, os cafezais tendem a ter uma longevidade menor e podem demorar até dois anos para se recuperaram já que as lavouras ficam desfolhadas na seca por essa praga.
O monitoramento da lavoura é muito importante para um controle eficiente. Isso possibilita ao cafeicultor a otimização das operações de pulverização, reduzindo ainda os custos com defensivos, mão de obra e desgaste de máquinas e implementos. Portanto, deve ser uma atividade rotineira, independentemente do tamanho da área e da região de cultivo. Áreas recém-plantadas e aquelas com até três anos de idade devem ser prioridade no monitoramento. Além disso, áreas localizadas em maiores altitudes, com temperaturas elevadas e mais secas, também serão mais suscetíveis à infestação pela praga.
Recomenda-se que as amostragens sejam realizadas separadamente em áreas homogêneas. O resultado da amostragem de um talhão não deve ser extrapolado para toda a área da fazenda, visto que são vários os fatores que podem influenciar na dispersão da praga. A escolha das plantas amostradas deve ser feita ao acaso, normalmente utilizando-se caminhamento em ziguezague ao longo do talhão, selecionando plantas de diferentes linhas.
Em média, uma boa amostragem deverá avaliar de 20 a 30 plantas. Claro que, quanto maior o número de pontos amostrais, maior a assertividade na tomada de decisão. Em cada planta, recomenda-se a avaliação de 10 folhas do terço médio e superior, sendo cinco de cada lado da linha de plantio. Portanto, mantendo a aleatoriedade na escolha, seleciona-se cinco ramos laterais de cada lado da planta, avaliando folhas do terceiro e quarto par de folhas do ramo. O indicador mais importante é o número de folhas com larvas vivas ou com minas ativas. Mas o apontamento da presença de mariposas, ovos e pupas (ou crisálidas) são indicadores importantes, que podem enriquecer ainda mais o apontamento, auxiliando na tomada de decisão.
Um exemplo de índice calculado é a porcentagem de infestação por bicho-mineiro (IBM%), que pode ser determinado pela relação entre ‘Número de folhas com larvas vivas’ e ‘Total de folhas coletadas’. Os níveis de controle e dano deverão ser estabelecidos de acordo com a realidade da lavoura: região, clima, idade das plantas, dentre outros.
A recomendação da Embrapa é que, quando em amostragens de folhas realizadas quinzenalmente for encontrado 20% ou mais de folhas minadas no terço superior ou 30% ou mais nos terços médio e superior, deve-se realizar o controle. Em muitas regiões onde o ciclo da praga é favorecido, são utilizados produtos sistêmicos de aplicação via solo para prevenir o ataque severo às plantas.
Em muitas regiões onde o ciclo da praga é favorecido, são utilizados produtos sistêmicos de aplicação via solo para prevenir o ataque severo às plantas.
O controle químico é o principal método para controle do bicho-mineiro. Porém é bom importante que se conheça o clima da região, além da época em que esse método de controle deve ser iniciado.
Em regiões cujo clima é favorável ao surgimento do bicho mineiro, o cafeicultor deve investir no controle preventivo da praga principalmente no período chuvoso já que é uma época em que a infestação da praga é muito baixa.
A tecnologia é uma aliada importante tanto para o monitoramento do bicho-mineiro quanto para o das demais pragas e doenças. Isso porque influencia em uma série de fatores.
Abaixo, são apresentados alguns deles.
*Este texto foi escrito por Silas Calazans, engenheiro agrônomo e Gerente de Liderança Técnica e Projetos
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