Mesmo com a alta produtividade mundial, o consumo da soja não para de crescer. Na verdade, a demanda vem crescendo mais a cada ano. Os Estados Unidos e Brasil disputam a primeira colocação, oscilando, cada um com cerca de 100 […]
Mesmo com a alta produtividade mundial, o consumo da soja não para de crescer. Na verdade, a demanda vem crescendo mais a cada ano. Os Estados Unidos e Brasil disputam a primeira colocação, oscilando, cada um com cerca de 100 milhões de toneladas produzidas. Logo em seguida, aparece a Argentina, com cerca de 60 milhões de toneladas do grão e os três países juntos respondem por mais de 80% da da produção mundial de soja.
O cultivo do grão reserva alguns mistérios. Grandes produtores dizem que o segredo para a soja boa e farta é o cuidado com o solo. Outros dizem que o diferencial está na semente. Sabemos que não existe fórmula mágica ou apenas um fator de influência para a qualidade da lavoura, mas vários. Por isso é preciso conhecer bem as especificidades do cultivo.
Confira algumas curiosidades científicas sobre a oleaginosa:
1 – A soja é originária da China, mais especificamente da região do Rio Yangtzé, onde foram coletadas variedades selvagens (rasteiras), que levaram, após diversos cruzamentos conduzidos por cientistas chineses, ao surgimento de linhagens mais adequadas ao consumo humano.
Chegou a Europa como planta ornamental e não se adaptou bem ao cultivo agrícola. Nos EUA encontrou um clima favorável onde até os dias atuais é intensamente cultivada. Entrou no Brasil por volta de 1882, trazida pelo Professor Gustavo Dutra, da Escola de Agronomia da Bahia.
2 – As variedades de soja apresentam hoje algumas características bem distintas da soja ancestral. É uma planta da ordem Fabales, família das Fabaceae, subfamília Faboideae, gênero Glycine L., herbácea e dicotiledônea. A altura das plantas varia de 60 a 120 cm. O ciclo também é bem variado, geralmente, entre 100 e 160 dias.
3 – Seu crescimento pode ser indeterminado, semideterminado ou determinado. Seu desenvolvimento está associado ao fotoperíodo, sendo que se estiver submetida a um curto período de iluminação tende a florescer precocemente reduzindo consideravelmente a produtividade.
4 – A soja vem sendo melhorada geneticamente, tornando-se mais bem adaptada às condições bióticas e abióticas. Um dos fatores, inicialmente limitantes para produção da soja no Brasil, é o fato de ser originalmente uma planta de noites curtas (dias longos), florescendo em fotoperíodos menores que o máximo crítico estabelecido para espécie, sendo, portanto característico de regiões temperadas.
Com o advento do melhoramento genético, tornou-se possível cultivá-la em regiões brasileiras, hoje altamente produtivas, e que se encontra em latitudes inferiores a 20° (MT, GO, BA). Além disso, observa-se que as grandes áreas em expansão (PA, MA, TO, PI) encontram-se em latitudes inferiores a 10°. Portanto, os trabalhos de melhoramento genético vêm apresentando excelentes resultados no que se refere ao ganho de produtividade em áreas tropicais.
5 – Apesar da finita disponibilidade de área para cultivo, tem-se o avanço acelerado da Região de MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), produtora de 10,5 milhões de toneladas na safra 14/15, sendo 21,7% superior à safra anterior. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, a região tem potencial de expansão de área de 10 milhões de hectares.
6 – A cultura da soja é altamente exigente em nitrogênio. Para se produzir 3000 kg/ha de grãos de soja são necessários 240 kg de N, dos quais apenas 195 kg são efetivamente inseridos na estrutura do grão. Os fertilizantes minerais a base de amônia requerem uma planta industrial com elevado custo energético.
A transformação de N2 em amônia (NH3) requer aproximadamente seis barris de petróleo para fornecimento de gás, altas temperaturas (300° a 600° C) além de elevadas pressões (200 a 800 atm.), enquadrando-se em uma atividade insustentável, visto que utiliza matéria prima proveniente de fontes não renováveis.
Neste sentido, as pesquisas da Dra. Johanna Döbereiner com Bradyrhizobium sp., bactérias fixadoras de nitrogênio, trouxeram elevados ganhos econômicos para o Brasil – na ordem de US$ 7 bilhões. Essas bactérias têm a habilidade de realizar simbiose com as plantas de soja, através da formação de nódulos no sistema radicular, sendo capazes de quebrar a tripla ligação entre os átomos de nitrogênio atmosféricos (forma não assimilável pelas plantas) via enzima nitrogenase, disponibilizando amônia à planta.
Especialistas que contribuíram para o artigo
Autor: Marihus Altoé Baldotto (Professor Permanente/UFV)
Co-autores: Alexandre Riva de Miranda (Formando em Engenharia Agronômica/UFV), Marcos Paiva del Giúdice (Professor Permanente/UFV), Lílian Estrela Borges Baldotto (Professora Permanente/UFV)
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