Existem mais de 50 casos reportados de plantas daninhas resistentes a herbicidas no Brasil. Mais de 10 espécies são daninhas resistentes ao Glifosato. O custo de manejo estimado só para a cultura de soja é mais de R$ 9 bilhões. […]
Existem mais de 50 casos reportados de plantas daninhas resistentes a herbicidas no Brasil. Mais de 10 espécies são daninhas resistentes ao Glifosato. O custo de manejo estimado só para a cultura de soja é mais de R$ 9 bilhões.
Plantas daninhas podem prejudicar o desenvolvimento e produtividade de culturas agrícolas como soja, milho e trigo. Para evitar perdas, o manejo delas é fundamental.
Neste texto você vai conhecer quais são as daninhas e como elas se tornam resistentes ao glifosato, um herbicida de alta eficiência e muito utilizado no combate às daninhas.
Plantas daninhas são plantas que crescem onde não são desejadas, impedindo o desenvolvimento normal das espécies cultivadas por competir por luz e nutrientes, causando danos na produção em torno de 20 a 30%. Elas se adaptam facilmente nos ambientes, além de terem alto poder de dispersão.
Desde 2005, com a aprovação da introdução da soja transgênica no Brasil, o controle das daninhas, principalmente, na cultura da soja se tornou quase que exclusivamente baseado em duas a três aplicações de Glifosato. Esse mesmo mecanismo de ação, repetido em diversas safras seguidas, estimulou o avanço da resistência.
Para se tornar resistente, a planta precisa ser sensível, transmitir hereditariamente a resistência e sobreviver a dose do produto, sem sofrer qualquer alteração. Essa resistência ainda permite que algumas espécies continuem a se reproduzir, aumentando ainda mais sua população.
Importante lembrar que a resistência não é novidade para a agricultura brasileira. Na década de 90, os produtores já enfrentavam problemas associados à resistência com uso de herbicidas no manejo de plantas daninhas.
Veja como funciona:
De acordo com a Embrapa Soja, atualmente 90% da área cultivada no Brasil é resistente ao glifosato. Os maiores problemas com as ervas daninhas estão no sul do país. Estima-se que, só na região, aproximadamente 6 milhões de hectares sofrem com a buva, por exemplo. Além de afetar a produção, gerando um baixo rendimento, há também uma perda econômica já que o os custos de produção com controle de plantas daninhas com outros herbicidas aumentam.
De acordo com estudos da Embrapa, que avaliaram as principais regiões produtoras do país, os custos de produção com lavouras de soja infestadas por plantas daninhas resistentes ao glifosato podem subir, em média, 42% a 222%, principalmente pelo aumento de gastos com herbicidas e pela perda de produtividade do grão.
Em plantações infestadas pela Buva, os valores sobem em média 42%. No caso do capim amargoso, eles podem chegar a 165%.
Atualmente existem dez plantas daninhas resistentes ao glifosato registadas no Brasil.
Conheça um pouco mais sobre cada uma delas:
Também conhecida como voadeira, rabo de foguete e arranha gato, a buva (Conyza bonariensis) é uma planta daninha invasora e amplamente encontrada nas regiões Centro Oeste, Sudeste e Sul do país. Ela se reproduz anualmente por meio de sementes que costumam germinar no outono e inverno e tem seu ciclo finalizado no verão.
Por se dispersar facilmente, a sua espécie é considerada agressiva para culturas como a da soja. Para se ter uma ideia, uma única planta daninha dessa família pode produzir cerca de 100 mil sementes e ter uma dispersão de 100 a 500 metros dependendo da planta mãe. Além disso, pode chegar a 2,5 m de altura. A Buva também tem forte resistência a herbicidas, o que dificulta ainda mais o seu controle.
Planta de ciclo perene, podendo durar mais de dois anos, afeta, principalmente, o cultivo de grãos no Brasil. Se reproduz através de sementes, além de possuir reserva subterrânea. Isso faz com que o capim amargoso seja de difícil controle e se regenere mesmo depois de ter sido eliminado por herbicidas ou por corte.
Estima-se que essa daninha cause perda significativa de cerca de 21% na produção do grão. E apesar de estar presente em vários cultivos, é na soja que o capim amargoso traz maior preocupação aos produtores.
Muito presente em lavouras perenes como cafezais, pomares e canaviais, a daninha Caruru tem grande importância por produzir sombreamento e maior teor de matéria orgânica.
De sementes lisas e brilhantes, chega a ter 50 centímetros de comprimento. Surge, principalmente, na primavera e outono.
Quem viaja pelas estradas brasileiras já é familiarizado com o capim branco. A daninha é bastante comum na beira das rodovias, além de ser encontrada em pastos e pomares.
Comum nas regiões Norte e Centro Oeste, há relatos de aumento da ocorrência dessa espécie nos últimos anos no Paraná. O capim branco pode ser visto quase o ano todo em floração.
Espécie anual, de inverno, o azevém é muito utilizado para a palhada, no sistema plantio direto.
Como a maioria das daninhas, é de fácil dispersão. Está presente em todas as lavouras, principalmente, nas culturas do trigo, aveia, cevada e centeio. O Azevém é uma planta herbácea, de altura média entre 30-90cm.
Suas sementes permanecem viáveis embaixo do solo, por um longo período, o que a torna uma planta daninha persistente nas áreas de cultivo.
O primeiro relato de resistência ao herbicida no país com o pé de galinha foi registrado em 2003. De ciclo anual, o capim pé-de-galinha é uma espécie de daninha que se desenvolve bem em qualquer tipo de solo.
Com ciclo de vida é de até 180 dias e sua reprodução se dá por sementes.
É uma daninha de fácil e rápida dispersão, muito por ser capaz de produzir uma grande quantidade de sementes. Para se ter uma ideia, por planta, a daninha é capaz de produz mais de 120 mil sementes que serão disseminadas pelo vento.
Última e décima daninha a adquirir a resistência ao glifosato. O registro se deu no Paraná, em 2020. Apesar de ainda estar restrito a essa região, o Leiteiro está preocupando os pesquisadores.
Ele é uma planta daninha disseminada nas principais regiões agrícolas do país, especialmente nas lavouras de grãos. Como as outras daninhas, tem reprodução por sementes que apresentam longa viabilidade e alto potencial de germinação, além de rápido crescimento vegetativo.
Existe uma organização internacional chamada International Survey of Herbice Resistant Weeds que lista as daninhas resistentes a herbicidas no mundo inteiro. Você pode consulta-la aqui.
A prevenção é tão importante ou até mais do que o próprio manejo. Entre os métodos recomendados estão:
– Limpeza total de todo o maquinário e equipamentos, especialmente das colheitadeiras utilizadas na lavoura;
– Capinas e roçadas como uma forma de controle mecânico eficiente
– Rotação de culturas e cultivo mecânico
– aquisição de sementes certificadas e livres de infestantes
– menor espaçamento nas entrelinhas
Veja outras medidas:
O ideal é que se utilize todos esses métodos de manejo de forma integrada para ter um controle mais eficiente das daninhas resistentes ao glifosato. Quer saber mais sobre daninhas? Não perca o vídeo abaixo com o Professor Sebastião Ferreira de Lima!
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