A “onda verde” que começou a se espalhar pela China nos últimos anos deverá render bons resultados aos produtores de algodão do Brasil na safra 2017/18. Restrições ambientais impostas por Pequim têm levado ao fechamento de centenas de fábricas no […]
A “onda verde” que começou a se espalhar pela China nos últimos anos deverá render bons resultados aos produtores de algodão do Brasil na safra 2017/18. Restrições ambientais impostas por Pequim têm levado ao fechamento de centenas de fábricas no país asiático, entre as quais muitas de fibras sintéticas, e esse movimento, fortalecido pela reação das das cotações do petróleo, passou a estimular o aumento dos preços internacionais e da produção da pluma em vários países.
É o oposto do que aconteceu no fim da década passada ou no início de 2016, por exemplo. Nesses períodos, quedas do petróleo incentivaram o incremento da produção de fibras sintéticas e permitiram à China manejar seus estoques de algodão de maneira a influenciar mais diretamente suas cotações, que em geral permaneceram em baixos patamares.
Em recente teleconferência com analistas, Aurélio Pavinato, presidente da SLC Agrícola, uma das principais produtoras de grãos e algodão do país, lembrou que as novas tendências da China de fato estão incentivando a demanda pela commodity e oferecendo suporte às cotações. Esse aumento das compras, em tempos de fibras sintéticas mais caras, tende a manter os preços mais sustentados apesar da ampliação da oferta, conforme o cenário traçado por Pavinato.
Cálculos do Valor Data mostram que, na bolsa de Nova York, os contratos futuros de segunda posição de entrega acumulam alta de quase 6% em novembro. No acumulado de 2017, porém, a valorização ainda é inferior a 2%. “A legislação ficará cada vez mais restritiva, já que essa é uma diretriz governamental. A fibra sintética mais cara deve beneficiar o produtor do algodão”, disse Arlindo Moura, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e da Terra Santa, outra grande produtora brasileira de algodão.
Henrique Snitcovski, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), concorda que já existe uma percepção no mercado de que a proporção de fibra natural de algodão está aumentando nas misturas com fibra sintética. E é de olho em uma demanda firme que os produtores brasileiros tendem a aumentar a área destinada à fibra na safra 2017/18. Segundo a Abrapa, o aumento será de 20,3% ante o ciclo 2016/17.
Conforme a entidade, se as margens da commodity permanecerem mais rentáveis que as do milho a tendência é que a segunda safra da atual temporada seja de campos mais brancos em Mato Grosso e no “Matopiba” (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). “Estamos prevendo a manutenção das margens em torno de 30%”, disse Victor Ikeda, analista do Rabobank no Brasil.
Segundo ele, o atual patamar de preços motiva previsões que apontam para uma área plantada acima de 1 milhão de hectares na safra corrente no Brasil, o que não ocorre desde 2013/14. Ainda que preveja pressões sobre as cotações nos próximos meses em virtude da entrada da safra indiana no mercado, Ikeda acredita que será breve. Para a safra 2018/19, o Rabobank estima demanda mundial pela fibra 2% maior que no ciclo atual, superior a 26 milhões de toneladas.
Pesa nessa expectativa de aumento de demanda a queda dos estoques chineses. “Há muito algodão velho na China, e o governo está queimando esses estoques”, afirmou Ikeda. O banco estima que os estoques do país cairão de 8,5 milhões de toneladas, em 2017/18, para 6,2 milhões em 2018/19. “A China tem estoque para mais um ano, e deverá retomar as importações em ritmo mais forte”, afirmou Pavinato na teleconferência.
Há limites, contudo, para os produtores brasileiros aproveitarem a onda positiva, se realmente ela se mantiver. Como lembrou Ikeda, expandir a área de algodão no país não é tarefa fácil. “Existe um limite de área que podemos elevar sem investimentos elevados para o beneficiamento”. Portanto, disse, a continuidade da expansão dependerá de margens rentáveis por mais de uma temporada.
Fonte: Valor Econômico
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