Se o Brasil hoje é uma potência no agronegócio, muito se deve a Alysson Paolinelli. Famoso por modernizar as práticas agrícolas no país, ex-ministro da agricultura, Paolinelli é um visionário. Foi um dos fundadores da Embrapa, realizou a revolução verde […]
Se o Brasil hoje é uma potência no agronegócio, muito se deve a Alysson Paolinelli. Famoso por modernizar as práticas agrícolas no país, ex-ministro da agricultura, Paolinelli é um visionário. Foi um dos fundadores da Embrapa, realizou a revolução verde tropical e transformou o Cerrado na região mais produtiva do país.
Não à toa, Alysson Paolinelli foi o indicado ao Prêmio Nobel da Paz 2021 e pode ser o primeiro brasileiro a nos trazer esse título inédito! A indicação ao prêmio aconteceu no início do ano e a divulgação do ganhador será no próximo dia 8 de outubro! Estamos na torcida!
Confira a entrevista!
Syngenta Digital: Paolinelli, a sua indicação tem muito a ver com a agricultura sustentável que você ajudou a desenvolver, transformando o cerrado e trazendo uma independência alimentar para o nosso país. Foi graças à você que o Brasil hoje é visto com destaque na segurança alimentar mundial. E isso tem muito a ver com o prêmio. Não existe paz onde há fome!
Alysson Paolinelli: É verdade. Olha, o mundo sempre viveu guerras e a maioria delas, pode ter certeza, foi provocada pela fome, pela miséria, pelas baixas condições de vida em alguns lugares. Para não haver guerra é fundamental que o homem tenha pelo menos as condições básicas de sobrevivência e o alimento é fundamental.
O Brasil já passou períodos em que nós não tínhamos garantia de termos alimentos suficientes. Para isso, importávamos alimento. Em um determinado momento, em 1968 até 1979 os preços internacional ficaram muito altos e o Brasil pagou caro, especialmente as famílias de classe médias que gastavam quase metade do seu salário para alimentação. Isso se tornou um problema seríssimo do povo brasileiro, especialmente para os mais humildes.
Graças a Deus, com essa deficiência o Brasil tomou jeito. Tomou a decisão estratégica de enfrentar o problema de forma científica, colocando a ciência em primeiro lugar. Foi um trabalho belíssimo desenvolvido pela Embrapa, recém criada, pelas nossas universidades, pelas nossas instituições de pesquisas estaduais e, principalmente, pela iniciativa privada que também entrou nesse jogo e nessa dança. Eles foram parceiros muito importantes para desenvolver conhecimento. E o produtor brasileiro, pela primeira vez, foi assistido tanto tecnicamente quando crediticiamente. A Embrater foi criada também e, na mesma época, deu assistência técnica, selecionava as inovações que melhoravam as condições de produção. Inventamos de desenvolver o cerrado que era terra já degradada há 500 mil anos. Recuperamos o cerrado e o transformamos na mais produtiva área que o mundo conhece. O agricultor teve também um financiamento adequado proposto pelo governo em que tinha todas as condições para provocar a mudança que o Brasil precisava.
Não era possível que a gente tivesse autoabastecimento com aquela agricultura incipiente, que não tinha capacidade de produção. A produtividade era baixíssima e com esse avanço, o Brasil se tornou um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Hoje nos orgulhamos muito.
O Brasil precisa crescer 2,4 por cento da sua produção nesses próximos 30 anos. Eu estou absolutamente tranquilo. Nós vamos alimentar mais 2 bilhões e meio de pessoas do que hoje.
Syngenta Digital: O senhor acredita que isso também se deu muito graças à tecnologia e à ciência? Esse é o segredo?
Alysson Paolinelli: Foi o segredo, sim. A nossa tecnologia, nosso conhecimento, permite que a gente utilize o solo, as plantas, os animais permanentemente por 12 meses por ano. É consecutivo. E aqui nós fazemos três safras por ano. Nós temos vantagens que colocam o nosso produtor no mercado internacional. Primeiro, produtos de melhor qualidade, segundo com preço mais baixo e terceiro por essa possibilidade de produzir o ano inteiro com constância de oferta. Para o mercado esses três itens são fundamentais.
Nós ganhamos o mercado porque fomos mais competitivos. Agora quem é mais competitiva é a agricultura tropical e não a agricultura temperada.
Syngenta Digital: Qual seria o grande desafio para o agronegócio brasileiro? Estamos no caminho certo com as políticas públicas?
Alysson Paolinelli: Nós ainda enfrentamos dificuldades sim. O Brasil, especialmente nos últimos 30 anos, não andou bem na administração financeira. O pais se endividou muito. Outro ponto: o país ainda é o grande produtor rural que não tem seguro rural para as suas lavouras. Nós não conseguimos passar de 10% de garantia de suas lavouras. Isso tem que ser uma das políticas preferenciais para resolvermos isso o mais rápido possível. Outro ponto que chamo a atenção é a necessidade do Brasil se organizar melhor internamente, evitar esses choques e divisões que estão havendo para refletir melhor lá fora um clima que não seja de brigas, de insegurança. Nós precisamos dar uma demonstração que especialmente o setor produtivo do Brasil está unido e que vai continuar independente das diferenças politicas. Isso nós não queremos. É preciso que o país demonstre que está limpando os erros que cometeu no campo político, econômico e que nos vamos ser cada dia um país mais sério e competente.
Syngenta Digital: Paolinelli, vamos falar sobre a sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz. O Brasil não tem um prêmio como esse e ganha-lo vindo do agronegócio é muito orgulho, muita satisfação!
Alysson Paolinelli: Vou confessar para você que eu não esperava. Eu defendia junto aos meus companheiros a posição de que o Brasil já merecia um Premio Nobel da Paz. Afinal, sobre segurança alimentar o último (prêmio) que teve no mundo foi em 1970. Minha indicação partiu da generosidade de companheiros meus e nós trabalhamos juntos há tantos anos. Eu fico constrangido porque eu continuo achando, sinceramente, que esse prêmio deve pertencer ao Brasil e não a mim. Se eu ganhar, evidente, que estarei muito honrado e, principalmente, espero representar o Brasil ajudando nessa fase tão difícil que nós atravessamos .
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