Pense no açúcar que é um elemento presente na mesa das pessoas de todo o mundo ou no etanol que é usado como combustível de veículos. Ambos têm em comum a mesma planta: a cana-de-açúcar. Conheça neste artigo um panorama completo […]
Pense no açúcar que é um elemento presente na mesa das pessoas de todo o mundo ou no etanol que é usado como combustível de veículos. Ambos têm em comum a mesma planta: a cana-de-açúcar.
Conheça neste artigo um panorama completo sobre essa cultura, sua usabilidade, mercado e também as principais pragas.
A cana-de-açúcar é uma planta pertencente ao grupo de gramíneas perenes altas. Ela é nativa da região tropical da Ásia e Malásia e serve principalmente para a produção de açúcar, álcool, que está presente a bebidas como a cachaça, e etanol, que é usado como combustível.
Mas não é só essa função que a cana tem. Ela também é usada em seu estado natural para alimentar o gado e como ingrediente de alimentos, como a rapadura. Além disso, quase todos os resíduos da agroindústria canavieira também são reaproveitados que se transformam em adubo, fertilizantes para o campo e até em biomassa, na produção de biogás.
Entre as suas principais características, ela apresenta um caule delgado que é coberto por folhas compridas e verdes. Inclusive, é nesse caule, robusto, que se concentra o maior teor de açúcar da planta.
A planta da cana tem entre 2 e 6 metros de altura. O tamanho vai variar de acordo com a quantidade de sol que ela recebe diariamente.
Sobre a sua adaptação, a cana costuma ter um melhor desenvolvimento em climas que apresentam estações bem distintas, ou seja, uma com temperaturas mais altas enquanto a outra úmida, para que a germinação aconteça.
No caso da estação mais fria e seca, ela é essencial para o amadurecimento da planta, o que resulta na concentração da sacarose nos caules. Por essa razão, os climas tropicais são os mais favoráveis a esse tipo de plantio.
Mas, afinal, qual a história e origem dessa planta que hoje representa uma boa fatia do mercado agropecuário brasileiro? Bem, como foi explicado a cana-de-açúcar é originária do continente asiático.
O primeiro contato do homem com ela foi na Nova Guiné. No Ocidente, ela passou a ser conhecida a a partir 327 A.C. e mais tarde no século XI durante o período conhecido como cruzadas. Mas foram os egípcios, no século X, que desenvolveram o processo que clarifica o caldo de cana e produziram um açúcar de qualidade.
Atualmente, os maiores canaviais do país se concentram na região Sudeste. O estado de São Paulo lidera, mas Goiás e Minas Gerais também possuem forte influência na produção.
O mercado de cana-de-açúcar no Brasil é historicamente relevante, uma vez que o país é um dos maiores produtores e exportadores de açúcar e etanol no mundo.
O setor sucroenergético brasileiro tem enfrentado desafios e oportunidades. Por um lado, a demanda internacional por biocombustíveis e a crescente preocupação com a sustentabilidade têm impulsionado o aumento da produção e exportação de etanol. Por outro lado, os preços voláteis do açúcar e a concorrência global também impactaram o setor.
Por sinal, o aumento no preço dos combustíveis no mundo como um todo tem forçado o mercado a produzir mais etanol. O governo indiano, por exemplo, pretende atingir a marca anual de 2,44 bilhões de litros de etanol por meio cana-de-açúcar até 2025, isso significaria 4,1 milhões de toneladas de açúcar a menos no mercado, o que pode elevar o preço deste último insumo.
Fonte de energia importante, a cana é indispensável quando se fala em um desenvolvimento mais sustentável. Ela vem como uma alternativa de combustível renovável, capaz de substituir o petróleo sem causar danos ambientais mais agressivos ao mundo.
Para se ter uma ideia, o etanol extraído da cana-de-açúcar é capaz de reduzir em até 73% as emissões de gás carbônico para a atmosfera em substituição à gasolina. Uma cidade como São Paulo, por exemplo, tem condições de poluir muito menos do que outras cidades do mundo por causa do etanol. Sem contar que essa troca está diretamente ligada a saúde pública já que pode reduzir doenças pulmonares.
A cana-de-açúcar apresenta quatro fases de desenvolvimento:
Veja na imagem abaixo:
O broto rompe as folhas da gema e se desenvolve em direção à superfície do solo. As raízes do tolete surgem. A emergência do broto ocorre de 20 a 30 dias após o plantio.
Esta fase é uma fase considerada muito importante e depende da qualidade da muda, ambiente, época e manejo do plantio. Neste estágio ocorre, ainda, o enraizamento inicial (duas a três semanas após a emergência) e o aparecimento das primeiras folhas.
Perfilhamento é o processo de emissão de colmos por uma mesma planta. Esse processo resulta no crescimento de brotos que vão em direção à superfície do solo.
É através dele também que ocorre a formação da touceira da cana-de-açúcar e a população de colmos que será colhida.
A partir do auge do perfilhamento, os colmos crescem e se desenvolvem, ganhando altura e acumulando açúcar em sua base. É uma fase em que as folhas mais velhas começam a amarelar e secar.
O canavial pode atingir altura acima de três metros, com a população final de colmos, variando em função das condições de clima e solo.
Quando as touceiras atingem altura igual ou superior a dois metros, as folhas que se encontram na altura mediana da planta começam a ganhar um tom amarelado e a secar. Esse fenômeno indica que já está sendo depositado açúcar nessa região.
Entre o outono e o inverno, com a presença de chuvas e temperaturas mais baixas, o crescimento diminui e a maturação aumenta. O momento da colheita é definido, entre outras condições, a partir da variedade, da época do plantio e a duração do ciclo. Seu ciclo é em média de 6 anos com 5 cortes.
Para realizar o cultivo de cana-de-açúcar é fundamental ficar atento para alguns fatores importantes como: época de plantio, preparo do solo, espaçamento e profundidade e quantidade de mudas. Confira!
Saber a época ideal de plantio é essencial para alcançar bons resultados na lavoura.
No caso da cana-de-açúcar é possível realizar o plantio em três épocas diferentes:
No sistema de ano-e-meio, o cultivo de cana-de-açúcar é feito entre os meses de janeiro e março. Neste período, as condições climáticas são ideais para a cultura, contribuindo para o desenvolvimento das gemas, formações que originam novos ramos, folhas e flores nas plantas.
Nestes três meses a planta inicia seu desenvolvimento. Em seguida, entre os meses de abril e agosto, com a chegada da seca e do inverno, o crescimento desacelera e fica mais lento durante cinco meses.
Logo após esse período, a cana-de-açúcar permanece vegetando nos sete meses subsequentes (setembro a abril), e amadurece nos meses seguintes, até completar 16 a 18 meses.
O sistema de ano tem início no período de outubro a novembro e deve ser utilizado de forma restrita, a partir da avaliação das suas vantagens e desvantagens.
Nesse tipo de plantio é comum ter algumas dificuldades, como na incorporação do calcário e outros elementos, devido ao menor tempo que a cultura tem para crescer efetivamente.
Além disso, como o período do sistema de ano é iniciado na estação chuvosa, sobram poucos dias úteis para as operações agrícolas. Assim, se a área da lavoura for grande, o produtor precisa considerar que será necessário recorrer a um número maior de mão de obra para preparar o solo.
No plantio de inverno, o agricultor utiliza a torta de filtro — resíduo da indústria sucroalcooleira, resultado da filtração do caldo da cana-de-açúcar extraído das moendas no filtro rotativo.
A partir do uso da torta de filtro, a cana-de-açúcar atinge a umidade necessária para a brotação (cerca de 70% a 80%).
Ademais, se for aplicada uma fertirrigação — irrigação de fertilizantes líquidos — com vinhaça, outro resíduo de usinas de açúcar e álcool, ou mesmo irrigação, o plantio da cana pode acontecer praticamente o ano todo.
Considerando que a cana-de-açúcar é uma cultura semi-perene, que pode permanecer na mesma área por até seis anos, é extremamente importante preparar o solo corretamente para garantir bons resultados.
Portanto, inicialmente o recomendado é fazer uma análise do solo, antes de realizar o plantio e verificar aspectos nutricionais e a acidez (pH) do solo.
Essa análise é importante para evitar o plantio em solo com pH ácidos, pois pode ocorrer a indisponibilidade de nutrientes para a cultura, gerando o retardo no seu desenvolvimento e queda na produção.
Nesse sentido, o ideal é plantar a cultura de cana-de-açúcar em um solo com o pH em torno de 5,5 e 6,5.
O espaçamento adequado entre as plantas favorece a disponibilização de recursos como luz, água e temperatura. Sendo assim, o espaçamento do plantio da cana-de-açúcar deve variar de acordo com a fertilidade do terreno e as características da variedade cultivada.
Dessa forma, entre os sulcos, pode ocorrer a variação de 1 a 1,8 metro, com as seguintes recomendações:
A quantidade de mudas para o plantio de cana-de-açúcar pode variar entre 10 e 15 toneladas por hectare. No entanto, em situações onde a época de plantio é adequada e a qualidade da muda está excelente, pode-se optar por menores quantidades.
O recomendado é priorizar mudas de canas jovens, ou seja, com oito a dez meses. Elas devem ser cultivadas em ótimas condições, estar bem fertilizadas e com controle de pragas e doenças.
No mais, é necessária a distribuição de ao menos 12 gemas por metro de sulco. Já em épocas de estiagem, recomenda-se dar preferência para densidade de 15 a 18 gemas por metro.
Após seguir todas as recomendações é o momento de realizar o plantio, que pode ser realizado manualmente ou mecanicamente. O plantio consiste em quatro etapas principais:
Nos últimos anos, os produtores têm enfrentado o avanço das pragas, o que prejudica a produtividade da lavoura.
Apesar dos altos números da colheita apresentados no último tópico, eles poderiam ser ainda maiores se não fosse esse problema. Confira a seguir algumas das principais pragas que afetam a cana.
A broca da cana-de-açúcar, (Diatraea saccharalis) é uma das principais pragas dessa cultura. Ela é uma larva de mariposa que pode atacar em qualquer parte do desenvolvimento da cana, causando prejuízos à sua produtividade.
Caso ela aconteça nas fases iniciais, pode ocasionar a morte da planta. Já na fase adulta ela faz com que haja uma abertura nos colmos, reduzindo o seu peso.
Se a larva percorrer um caminho que leve à criação de uma galeria transversal, a cana estará mais suscetível à quebra por meio da ação dos ventos. Outros problemas causados por essa praga é o enraizamento aéreo e também as brotações laterais.
Indiretamente, ela induz o surgimento de fungos, que reduz a pureza do caldo e atrapalha o rendimento da produção tanto do açúcar quanto do álcool.
Essa praga pode ter maior incidência na lavoura com o aumento das chuvas e da temperatura. Além disso, os furos realizados pela broca abrem espaço para o ataque de fundos e outras pragas secundárias.
O controle da broca da cana-de-açúcar pode ser feito por meio do Manejo Integrado de Pragas. Nesse caso, o indicado é utilizar variedades resistentes, controle biológico com parasitoides, liberação de inimigos e aplicação de inseticidas naturais seletivos.
Os cupins são conhecidos como insetos sociais e têm hábitos subterrâneos. Eles têm um amplo espectro de espécies, tendo como principal tipo de alimento a matéria orgânica morta ou mesmo em decomposição. No entanto, eles também se alimentam de vegetais vivos, como é o caso da cana.
Basicamente, eles atacam a planta por meio de suas extremidades na sua fase inicial. Os toletes recém-cultivados têm suas gemas danificadas, fazendo assim com que haja falhas no processo de germinação.
As plantas adultas não estão a salvo sendo também atacadas, atingindo os primeiros internódios, o que interfere na produtividade da planta.
O ataque de cupins na lavoura de cana-de-açúcar pode ser controlado por meio da utilização de fungos patogênicos, que podem ser adquiridos em casas de produtos rurais.
Além disso, o surgimento dessa praga pode ser evitado por meio da aplicação de inseticida no momento da plantação da cultura.
O besouro Migdolus fryanus é outra espécie de praga que ataca a cana. Em sua fase como larva, ele atinge o sistema radicular da planta, levando a falhas na brotação das soqueiras, o que induz a necessidade de uma reforma precoce do canavial.
É importante destacar que essa fase dura cerca de dois anos, claro, podendo se estender. O mais impressionante é que as larvas podem ser encontradas até 5 metros de profundidade do solo. Quando adultos, os besouros atacam as plantas em suas revoadas.
O controle do besouro Migdolus fryanus pode ser feito por meio da prática de rotação de cultura. O objetivo é cultivar uma espécie que não seja atacada pelo besouro. Assim, a praga não terá alimento e morrerá.
Ademais, também é possível planejar armadilhas, que devem ser trocadas a cada três semanas, com o uso de feromônio para atrair os machos, que caem nela e morrem.
Existem outros exemplares de pragas que atacam a cana como o bicudo, formiga saúva, cigarrinha-das-raízes, broca gigante, entre outros. As melhores práticas incluem manejo integrado de pragas, aplicação de defensivos bem como a remoção de ninhos onde alguns desses insetos se encontram.
O Manejo Integrado de pragas é uma das melhores formas de realizar o controle eficaz das pragas da cana-de-açúcar. Assim, por meio de uma junção de medidas é possível combater e eliminar os inimigos da lavoura.
Em meio as principais medidas adotadas no MIP da cana-de-açúcar podemos citar:
Em resumo, a cana-de-açúcar é uma cultura de suma importância para economia mundial. Ela não só serve para produzir o açúcar, como também combustível, que é considerado uma fonte limpa quando comparado à gasolina.
Agora que você conhece mais detalhes sobre essa planta, aproveite para ler nosso artigo sobre o cultivo de milheto e seu uso no plantio direto, pastejo e adubação verde.
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