A Soja BT é uma excelente ferramenta de controle de pragas. Geneticamente modificado, o grão BT possui o gene da bactéria Bacillus Thuringiensis, que age como inseticida natural contra as principais pestes que atacam as lavouras, tornando-se um grande aliado […]
A Soja BT é uma excelente ferramenta de controle de pragas. Geneticamente modificado, o grão BT possui o gene da bactéria Bacillus Thuringiensis, que age como inseticida natural contra as principais pestes que atacam as lavouras, tornando-se um grande aliado do agricultor.
Mas, em busca de resultados rápidos, muitos produtores se esquecem das boas práticas de plantio deste super-grão, como a adoção dos refúgios. A consequência é a criação de pragas muito resistentes e de um futuro incerto para esta tecnologia sustentável de controle de pragas.
CONTROLE SUSTENTÁVEL
Ao plantar a soja BT o produtor deve ter em mente que terá em sua plantação um “inseticida” atuando 24 horas por dia, 7 dias por semana, no controle de sua praga-alvo. Porém, para que este sistema de produção seja sustentável, é necessário levar em conta a resistência dos insetos à bactéria.
A pressão de seleção para insetos resistentes acontece com os mais diferentes métodos de controle – inseticidas ou BT. Quando isto ocorre, os insetos mais fortes podem aumentar sua população e prejudicar todo o controle de pragas.
Para Adeney de Freitas Bueno, doutor em entomologia da Embrapa Soja de Londrina (PR), é muito importante que ao adotar a soja BT, o produtor faça o plantio do refúgio. “Essa é uma campanha que temos feito sempre, mas infelizmente a adoção do refúgio não tem sido uma unanimidade”, afirma. Outra técnica, o Manejo Integrado de Pragas (MIP), também deve ser levada em conta junto da criação dessas áreas refúgio.
O PLANTIO DO REFÚGIO
O refúgio é uma área em que a soja BT não está plantada e em que as pragas são tratadas com uso de defensivos – mas seguindo sempre o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Com isso, cria-se uma população de insetos não resistentes à bactéria Bacillus Thuringiensis e que irá cruzar com outros insetos de fora do refúgio, expostos à BT e já resistentes a ela.
O resultado é uma nova população de pragas sensíveis à soja BT e o aumento do tempo de eficiência desta tecnologia.
Adeney de Freitas sugere que os produtores que forem usar esta super soja adotem os 20% do talhão com não BT, que é área recomendada de refúgio. “O produtor, muitas vezes, acaba plantando 100% de BT na área e isso vai levar a tecnologia a se perder ao longo do tempo, como ocorreu com o milho. Precisamos reverter esse quadro, e se a gente não conseguir, a soja BT não terá vida longa”, completa.
FUTURO COMPARTILHADO
Por falta de uma legislação que obrigue o plantio da área de refúgio, muitos produtores ainda não aderiram a esta prática. Buscando retorno financeiro imediato, acabam optando por plantações com total uso do transgênico, que tem rentabilidade superior, mas compromete a eficácia da tecnologia.
O Ministério da Agricultura ainda busca soluções para incentivar a prática do refúgio, como acesso diferenciado ao crédito para produtores de lavouras de soja, milho e algodão que comprovarem a aplicação. Mas enquanto políticas e medidas não são criadas, é essencial que cada produtor tenha consciência das consequências do uso indiscriminado da tecnologia BT.
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