O uso de ferramentas digitais no agro já é maior no Brasil do que nos Estados Unidos de acordo com um estudo da empresa de consultoria McKinsey & Company, que entrevistou 750 agricultores do país. Há diferenças, no entanto, nas tecnologias na agricultura mais adotadas por aqui. A aplicação em […]
O uso de ferramentas digitais no agro já é maior no Brasil do que nos Estados Unidos de acordo com um estudo da empresa de consultoria McKinsey & Company, que entrevistou 750 agricultores do país. Há diferenças, no entanto, nas tecnologias na agricultura mais adotadas por aqui. A aplicação em taxa variável e o uso de drones são as principais escolhas dos produtores, enquanto o sensoriamento remoto, a telemetria e a Internet das Coisas são planos futuros.
As informações são da pesquisa The Brazilian farmer’s mind in the digital era, que identificou tendências de comportamento dos agricultores brasileiros, cada vez mais conectados e abertos à agricultura digital: 85% deles, por exemplo, já utilizam o WhatsApp para questões relativas à operação agrícola.
Coordenador de Agricultura Digital da SLC Agrícola, Ronei Sandri Sana se aprofunda nesse cenário. O engenheiro agrônomo especialista em agricultura de precisão explica que a larga adoção da aplicação em taxa variável se deve à maturidade dessa tecnologia. “Na nossa empresa, há relatos de uso da aplicação localizada em 2003. É um mercado mais desenvolvido”.
Em relação ao uso de drones, Sandri Sana conta que se trata de uma das tecnologias na agricultura mais adotada por pequenos e médios produtores, por conta do tamanho da propriedade. “Em geral, os grandes produtores de grãos estão usando as imagens de satélite”, diz.
O coordenador confirma: “tem se investindo muito em telemetria das máquinas, e eu vejo uma ampliação, sim. Isso está na agenda dos grandes produtores e dos médios que são early adopters também”.
Especialista em Transformação Digital da Syngenta Digital, Matheus Giroto aponta a falta de conectividade no campo como principal entrave para o avanço da tecnologia. Para o engenheiro agrônomo, esse é o fator que dificulta a adoção de soluções digitais como a telemetria dos equipamentos e o uso da Internet das Coisas.
Segundo Giroto, os grandes agricultores têm investido na instalação de redes particulares de 3G para levar a Internet para o campo. “Mas não é acessível para todos os produtores, isso não é viável pro pequeno”, pontua o engenheiro agrônomo.
A ausência de mão de obra especializada é mais um gargalo do universo agro, dentro e fora das operações. De acordo com o estudo da McKinsey & Company, há uma falta de entendimento das capacidades das ferramentas e uma ausência de vendedores treinados. “A pessoa adota uma tecnologia e não utiliza tudo que ela oferece”, confirma Matheus Giroto, que resume: “tem muitodado ficando ocioso”.
Para o Coordenador de Agricultura Digital Ronei Sandri Sana, o problema também está do lado de fora da porteira, no suporte ao produtor que deseja adquirir soluções digitais. “Para muitos produtores que não sabem por onde começar, há um excesso de startups e tecnologias. Faltam consultores do digital”, aponta.
Apesar dos empecilhos, Sandri Sana vê avanços significativos no agro a curto prazo. O especialista antevê uma maior adoção da telemetria e um ganho de maturidade para soluções ligadas àInteligência Artificial: “Nos próximos anos, vejo amadurecimento da ciência de dados, machinelearning, deep learning”, conclui.
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