Por Alice Dutra Ir ao hortifruti ou à feira, escolher um alimento nas gôndolas, levar para casa, abrir a embalagem e consumir. Esta é a realidade da maior parte dos consumidores que vivem nas cidades grandes, distantes das fazendas. Mas […]
Por Alice Dutra
Ir ao hortifruti ou à feira, escolher um alimento nas gôndolas, levar para casa, abrir a embalagem e consumir. Esta é a realidade da maior parte dos consumidores que vivem nas cidades grandes, distantes das fazendas. Mas qual a origem do que se come? Qual foi o processo de produção e a história por traz da fruta, verdura ou legume que está na sua mesa?
“No Brasil, a fiscalização ainda não é rigorosa. Isto é péssimo para o produtor profissional e para o consumidor!
Estamos concorrendo com quem não tem controle enquanto nos preocupamos em analisar todo o processo
de produção do alimento”, afirma Eryvan Pires, gerente comercial da Ara Agrícola. A empresa, que possui 174
hectares destinados à produção de uvas sem semente em Petrolina (PE), fiscaliza passo a passo todo o caminho percorrido por suas frutas.
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Com objetivo de estabelecer um mecanismo de monitoramento e controle de resíduos de agrotóxicos em produtos vegetais frescos em todo Brasil, a Anvisa definiu, no início do ano, procedimentos para aplicação da rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva. Isso significa que, a partir de agora, os produtos devem estar identificados com etiquetas ou códigos de barra que permitam a fiscalização dos serviços de vigilância sanitária e do Ministério da Agricultura às informações básicas de produção.
A novidade não vai mudar em nada a rotina da Agrícola em Petrolina (PE), muito pelo contrário. Por lá, a rastreabilidade já começa desde a poda das uvas, seguindo os critérios estabelecidos pelo Ministério da Agricultura. No campo é feito um registro de todos os agroquímicos aplicados na plantação e depois são feitos testes em laboratório para comprovar se o índice está dentro do permitido. Como 70% da produção da Ara é destinada para exportação, estes critérios são ainda mais rigorosos.
A fruta que sai do campo já chega na casa de beneficiamento (ou packing house) com todas as informações de produção registradas. Lá é embalada e ganha um código de barra, com referência exata da área que foi produzida e data de embalagem. “Isso permite controlar toda a cadeia de produção e é vantajosos para o produtor e para o varejista. Se um produto chega ao nosso cliente como premium, mas está com qualidade inferior, conseguimos encontrar exatamente onde foi o erro. No sentido inverso, se notamos que alguma
fruta excedeu o limite de químicos, podemos rastreá-la e fazer o recall.” explica Maria Luiza de Souza, gerente de controle de qualidade e pós colheita da Ara.
Exigências de mercado
Dando mais um passo para a garantia de que frutas, legumes e verduras – o chamado FLV – estão sendo produzidos dentro dos limites permitidos pelas leis, a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), criou em 2012 o programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (RAMA). O programa é voluntário e
já foi adotado nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Sergipe e Rio Grande do Sul.
Atualmente, 15 milhões de toneladas de produtos FLV, em média, são rastreadas por mês e o caminho completo do produto até o consumidor fica disponível na internet para consulta pública. “Para o consumidor é a garantia de que ele está comprando um produto seguro e com resíduos dentro dos limites permitidos
pelas leis. Para o produtor, além das boas práticas agrícolas que acompanham as tendências mundiais do setor varejista, atende também um cliente que está cada vez mais exigente “, explica o Superintendente da ABRAS, Marcio Milan.
Mercado e consumidores exigentes conduzem o produtor de alimentos perecíveis, de consumo diário, a seguir uma série de cuidados com segurança e qualidade. E foi justamente para facilitar o processo de rastreabilidade que Carlos Alberto Lucato foi em busca de soluções tecnológicas. “A tecnologia está presente desde o controle no campo, em que usamos ferramentas de monitoramento de pragas para otimizar o uso de defensivos agrícolas, até um investimento mais recente em exportação de pulverizadores eletrônicos, que tem toda informação da aplicação rastreada”, conta um dos sócios da citrícola Lucato.
Especializada na produção e comercialização de laranja, tangerina e limão, a empresa, localizada em Limeira (SP), atende a quase todos os estados brasileiros. A Citrícola Lucato nasceu na década de 60 e há mais de 10 anos já aprimora as técnicas de rastreamento.
Para o empresário, o controle passa segurança ao consumidor, que ao levar alimentos para sua família, quer saber a sua procedência. “Através do QR Code disponível na embalagem, quem compra pode acessar uma plataforma e conhecer a fazenda de que veio a fruta que está consumindo. Isso o aproxima um pouco do nosso processo de produção”, conta. Já o varejista que compra da citrícola tem acesso ao produto já com código de barra, caso ele precise ser rastreado.
Investimento
A preocupação com a segurança alimentar já é sim uma realidade e exigência fora do Brasil e está ganhando
cada vez mais força no mercado nacional. Até 2020, uma das metas da Associação Brasileira de Supermercados é aumentar a adesão dos produtores e distribuidores ao programa de Rastreabilidade
e Monitoramento de Alimentos até atingir toda a cadeia.
Mapear todo o caminho percorrido pelos FLV durante o processo de produção não acaba com os riscos enfrentados no campo, mas é uma garantia de que, caso problemas surjam, poderão ser resolvidos com assertividade. Para Maria Luiza, da Ara, este é um dos princípios básicos para o alimento chegar na mão do cliente com segurança, e uma ação muito eficiente para evitar procedimentos errados. “É uma tendência mundial”, reforça por sua vez Carlos Lucato.
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