Produtividade Agropecuária em Solos Tropicais
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Produtividade Agropecuária em Solos Tropicais

4 min de leitura

Por Marihus Altoé Baldotto A atividade agrária apresenta-se em desenvolvimento em todo o mundo, com elevado potencial de geração de renda e empregos, além dos benefícios ambientais e de melhoria da qualidade de vida, resultantes dos seus produtos. Atualmente torna-se […]

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Produtividade Agropecuária em Solos Tropicais
Especial Solos - Strider

Por Marihus Altoé Baldotto

A atividade agrária apresenta-se em desenvolvimento em todo o mundo, com elevado potencial de geração de renda e empregos, além dos benefícios ambientais e de melhoria da qualidade de vida, resultantes dos seus produtos. Atualmente torna-se fundamental a preocupação com a geração de tecnologia para aumento da produtividade, ou seja, para a continuação da evolução da produção, sem o aumento de área plantada.

Essa preocupação visa garantir incremento na geração de bens alimentícios com sustentabilidade, sem avançar com a fronteira agrícola sobre os remanescentes dos biomas brasileiros ainda preservados – como a Floresta Amazônica, Mata Atlântica, a Caatinga, o Cerrado, os Pampas e o Pantanal.

O aumento da produtividade reduz a demanda por novas áreas e, otimizando os fatores de produção, além de preservar florestas, usa com melhor relação benefício/custo os recursos naturais. Nesse contexto, o principal problema, que se focaliza na pesquisa em ciência do solo, é a necessidade constante de aperfeiçoamento do manejo da fertilidade do solo em atividades agropecuárias no país, principalmente, para atender à lei da restituição de nutrientes, minimizando o impacto nas fontes não renováveis.

Desafios adicionais são:

  • O grande risco de salinização de áreas fronteiriças à águas interiores usadas sem o devido controle de qualidade;
  • Presente preocupação com as substâncias tóxicas utilizadas nas atividades agropecuárias;
  • Formas mais adequadas de manejo e a conservação dos nossos solos, ou seja, evitando a sua degradação, sobretudo, pela diminuição dos estoques de carbono (biologia do solo) e pelos problemas físicos de compactação e erosão.

Para apresentar soluções para esses problemas, destaca-se a busca persistente da ciência, tecnologia e inovação brasileiras (públicas, privadas e voluntárias, dos próprios produtores e associações) e a evolução dos sistemas de manejo integrados, que promovem uma agricultura tropical.

Evolução e constante aperfeiçoamento

Se há uma coisa concreta em nossa agropecuária, é que nunca ficamos parados. Somos dinâmicos, adaptamo-nos e progredimos. Aceitamos críticas, trabalhamos sobre elas e avançamos com novas tecnologias cada vez mais sustentáveis: correção do solo, fertilização, plantio direto, integração lavoura, pecuária e floresta, crescente uso da agroecologia na agricultura familiar, reciclagem como base de novos insumos, uso de simbiontes, entre outras.

Ao analisarmos a crescente evolução das nossas formas de manejo, desde o início da colonização do Brasil até a agricultura atual, observa-se a transição entre sistemas itinerantes – o desmatamento, as queimadas, aração morro abaixo, drenagens inadequadas – com o desenvolvimento de tecnologias para correção da acidez e uso de fertilizantes, calibração de doses recomendáveis de nutrientes, materiais genéticos avançados e outros que foram incluídos no manejo integrado, como o monitoramento e manejo de fitossanidade de plantas daninhas, da irrigação, da colheita e da comercialização (economia), entre outros.

Embasadas por crescentes avanços da tecnologia, novas fronteiras agrícolas foram incorporadas e as produtividades vêm alcançando e renovando seus patamares recordes. A agropecuária brasileira tornou-se altamente competitiva, mesmo considerando-se as políticas de subsídio dos concorrentes internacionais.

Ao longo de todo esse tempo, foi também desenvolvida a pesquisa em monitoramento de qualidade dos sistemas agrícolas e, entre outros problemas, verificou-se a erosão e a diminuição dos estoques de carbono orgânico dos solos, bem como seu corolário nas propriedades químicas, físicas e biológicas dos agroecossistemas.

Contudo, em resposta, antes ainda que a sociedade brasileira cobrasse, como primeiro salto tecnológico, foi desenvolvido o Sistema Plantio Direto, questionado no início, como cada avanço tecnológico é em seu tempo inicial, mas com benefícios já detalhadamente comprovados.

No mesmo sentido da agropecuária, os setores energético-florestais (e.g., cana e florestas plantadas) aparecem como geradores de alta tecnologia e alavancam a economia brasileira, pois são itens fundamentais em nossa civilização e precisam ser priorizados em nosso planejamento estratégico nacional (temos todos que ajudar, com as ferramentas que tivermos, para que esse planejamento ocorra).

Em paralelo, o cenário atual de degradação demanda que os agroecossistemas busquem semelhanças com os ecossistemas originais na fronteira agrícola brasileira, ou seja, a floresta necessita ser reintroduzida nos sistemas de manejo. Ora, com a retirada das florestas que cobriam nossos limitados solos tropicais muito intemperizados, o estoque de carbono sequestrado na superfície dos solos se esgotou, revelando as camadas minerais pobres em nutrientes e com limitações de toxidez.

Então, além de diversificar a renda e a alocação sazonal dos meios de produção, distribuindo melhor a força de trabalho, a integração lavoura, pecuária e floresta pode ser a evolução dos sistemas de manejo agropecuário para esse novo século, especialmente possibilitando refazer o sequestro de carbono nos solos, recondicionando os atributos benéficos dos solos e indo ao encontro dos mecanismos de desenvolvimento limpo, sobretudo de mitigação do efeito estufa.

Sendo que os cultivos mecanizáveis e com outras similaridades técnico-econômicas (investidores/empreendedores), induzem à reflexões sobre novos manejos, arranjos e tecnologias, sejam integrando-se, em rotação, sucessão ou coexistindo, para que políticas e investimento público em infraestrutura, logística e crédito, por exemplo, sejam aperfeiçoados para estas importantes atividades.

Leia também Manejo Integrado da Fertilidade do Solo, mais um artigo da Série Especial Solos

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