O passo inicial de manejo e conservação do solo consiste em usá-lo dentro de sua capacidade de uso, ou seja, de sua aptidão agrícola. No texto a seguir, confira as práticas edáficas, vegetativas e mecânicas para o controle da erosão, de uso geral na conservação […]
O passo inicial de manejo e conservação do solo consiste em usá-lo dentro de sua capacidade de uso, ou seja, de sua aptidão agrícola. No texto a seguir, confira as práticas edáficas, vegetativas e mecânicas para o controle da erosão, de uso geral na conservação do solo.
Atualmente, destaca-se entre as práticas culturais de controle da erosão o sistema de plantio direto. O sistema incorpora conceitos de rotação de culturas, adubação verde, adubação orgânica, cobertura morta, curvas de nível, vegetação permanente, etc. Portanto, como se observa, trata-se de uma forma de manejo conservacionista complexa e eficiente.
O Brasil já usa o sistema de plantio direto há cerca de cinco décadas. Com sua adoção, o país pode incorporar áreas antes impróprias para a produção de grãos, economizar em insumos e exportar tecnologia e equipamentos para o mundo.
O plantio direto foi introduzido em 1971, pelo agricultor Herbert Bartz, no norte paranaense. Hoje, está em mais de 20 milhões de hectares, segundo dados da Federação Brasileira do Plantio Direto, aproximadamente a metade da área destinada à produção de grãos no Brasil.
Baseado em um processo de agricultura sustentada, o sistema remove o mínimo possível do solo e procura, na agricultura comercial, dar características de solo de floresta para as área de lavoura. Além do ganho na produtividade, o plantio direto incorpora ganhos ao reduzir custos de produção.
O tripé básico do plantio direto é a rotação de culturas, com diversificação de espécies, a cobertura permanente do solo e o preparo somente na linha de plantio. Desde 2001, o plantio direto brasileiro é indicado pela FAO (Fundo das Nações Unidos para a Agricultura) como o modelo de agricultura.
Em paralelo, o cenário atual de degradação demanda que os agroecossistemas busquem semelhanças com os ecossistemas originais na fronteira agrícola brasileira, ou seja, a floresta necessita ser reintroduzida nos sistemas de manejo. Com a retirada das florestas que cobriam nossos limitados solos tropicais muito intemperizados, o estoque de carbono sequestrado na superfície dos solos se esgotou, revelando as camadas minerais pobres em nutrientes e com limitações de toxidez.
Então, além de diversificar a renda e a alocação sazonal dos meios de produção, distribuindo melhor a força de trabalho, a integração lavoura, pecuária e floresta pode ser a evolução dos sistemas de manejo agropecuário para esse novo século, especialmente possibilitando refazer o sequestro de carbono nos solos, recondicionando os atributos benéficos dos solos e indo ao encontro dos mecanismos de desenvolvimento limpo, sobretudo de mitigação do efeito estufa.
As florestas protegem o solo e captam a água da chuva, facilitando o processo de infiltração pela passagem lenta por seus ramos, troncos e raízes, melhorando a recarga do lençol freático. O circulo positivo se instala, pois há aumento de matéria orgânica e de diversidade biológica, contribuindo, entre todos os outros aspectos, para a melhoria da porosidade do solo e melhor infiltração de água.
Como visto, o plantio direto e os sistemas agroflorestais incorporam outras práticas de conservação do solo observadas em uso isolado pelos agricultores.
A rotação de culturas é uma prática de conservação do solo na qual se alternam, em uma mesma área de plantio, diferentes espécies de plantas cultivadas, obedecendo a uma sequência racional e planejada. Tal prática resulta em melhor aproveitamento dos nutrientes, diversidade de material orgânico e biológico, controle de competidores, doenças e pragas. Assim, acarreta melhoria da produtividade da gleba
Visa cobertura do solo com material vegetal vivo e, em seguida, sua incorporação. É uma forma de incorporação de resíduos orgânicos que, ao contrário dos grande volumes de estercos, palhas, etc., que necessitam transporte, movimentação antes e dentro da propriedade, se inicia com pequeno volume de material: apenas sementes. Tais sementes são de leguminosas, plantas que fixam nitrogênio atmosférico a partir de relações simbióticas com bactérias.
A adubação verde com leguminosas resulta em um resíduo mais rico em nitrogênio. A relação entre carbono e nitrogênio num resíduo orgânico (relação C/N) é uma das principais variáveis envolvidas na velocidade de decomposição da matéria orgânica. As principais leguminosas usadas na adubação verde são as mucunas (Mucuna spp.), crotalárias (Crotalaria spp.) e os feijões guandu (Cajanus cajan) e de porco (Canavalia ensiformis).
A matéria orgânica regula a temperatura do solo, favorece o aumento da atividade biológica, é fonte de nutrientes, melhora a estrutura e os fluxos de gases e líquidos no solo, sendo um fator de fundamental importância para manutenção da boa qualidade do solo.
Em geral, é feita usando-se estercos e palhas. Tais materiais, quando decompostos, naturalmente ou de forma acelerada, por meio da compostagem, formam o húmus. Quando, em decomposição acelerada se usa, de forma planejada as minhocas, e.g., as vermelhas da Califórnia (Eisenia foetida), têm-se como resultado o vermicomposto.
Consiste em prática auxiliar de disposição das culturas em faixas variáveis, de forma alternada ano a ano, sobretudo quando os cultivos são com espécies de crescimento menos denso, ou seja, de pouca proteção ao solo. Tais faixas (ou cordões) são feitas, por exemplo, com cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), capim elefante (Pennisetum purpureum) capim cidreira (capim limão – Cymbopogom citratus), etc, para contenção do fluxo d’água que escorre superficialmente, diminuindo-o e, assim, reduzindo o processo erosivo.
Também chamada de mulching, consiste na proteção do solo com palhas, resíduos vegetais ou materiais artificiais, evitando o impacto da gota da chuva e o início da erosão. Além disso, diminui a temperatura do solo e reduz as perdas de nutrientes suscetíveis de volatilização, bem como de umidade.
Tende, ainda, a incorporar-se ao solo, se constituída de matéria orgânica acessível a biota, incrementando a atividade microbiana. As espécies mais usadas para a obtenção de cobertura morta, após desidratação, são o capim elefante (Pennisetum purpureum) e o capim gordura (Melinis minutiflora).
As práticas mecânicas de controle da erosão são construídas para evitar que enxurradas ocasionadas por chuvas muito intensas não causem problemas graves. São, principalmente, voltadas para a contenção escoamento, facilitação da infiltração, diminuindo a perda de solos e as perturbações a ela associadas. Temos na alocação de cultivos ou construções em contorno, em nível, outras medidas cabíveis para cada caso.
A curva de nível é uma linha imaginária onde todos os pontos dentro da linha têm a mesma cota. Elas são pré-requisitos para a locação de estradas, carreadores, terraços e, também, para a orientação do preparo do solo e das linhas de plantio. Recomenda-se que as curvas de nível, uma vez marcadas, sejam posicionadas de forma perene e visível, visando facilitar os trabalhos futuros naquela área.
As curvas de nível são, portanto, a base da conservação do solo.
Carreadores e estradas devem ser bem planejados, de modo a auxiliar nas atividades de uso do solo, bem como no seu manejo. A construção em nível é o passo fundamental para a contenção de processos erosivos que prejudicarão tanto o próprio caminho, quanto o meio ambiente do seu entorno. Devem ser considerados, ainda, o sistema de drenagem, a coleta e, ou, o desvio das enxurradas. Tais práticas diminuem os custos com a sua manutenção e as perturbações das ambiências.
A distribuição racional dos caminhos inicia-se pela sua construção em nível. Além disso, é recomendável que possuam largura mínima de 5 m e inclinação, no sentido do barranco, de 0,05 %. No caso de carreadores, geralmente são necessários carreadores secundários para ligação entre os principais, que estão em nível. Como não estarão em nível, é recomendável que sejam construídos enviesados (pendentes ou inclinados).
Tais caminhos para ligação com largura mínima de 4 m, devem desencontrar-se nos carreadores principais em nível, para evitar a formação de rampas contínuas, o que aumentaria a velocidade dos fluxos e o processo erosivo.
Para a locação dos carreadores principais, as niveladas básicas, marcadas a cada 20 ou 30 m no terreno, a partir do topo da área, indicam a posição adequada. Podem ser construídas estradas principais, em nível, espaçadas entre 40 a 60 metros e as pendentes distanciadas de 70 a 100 m.
A água de enxurradas que escoa pelos carreadores, sobretudo pelos pendentes, deve ser desviada e, sempre que possível, coletada por bacias de captação ou caixas de retenção devidamente dimensionadas. Uma prática comum é a construção de “barraginhas”. A água escoada pode, ainda, ser retirada para terraços.
O plantio em contorno corta transversalmente o sentido da declividade. Além de conter o processo erosivo, tal prática contribui para a execução dos tratos culturais, facilitando o manejo. Os restos culturais, por exemplo, são dispostos no sentido das curvas de nível (“coivarar”), dificultando o percurso livre da enxurrada pela diminuição da sua velocidade e energia e, também, aumentando a sua velocidade de infiltração no solo.
Assim, não são racionais os plantios “morro abaixo”, no sentido do declive, prática inadequada que facilita o processo erosivo.
1 – paralelas para baixo das niveladas;
2 – paralelas para cima das niveladas;
3 – paralelas tanto para baixo como para cima das niveladas; e
4 – paralelas intercaladas para baixo e para cima das niveladas.
Recomenda-se a marcação de plantios paralelos para baixo das niveladas para terrenos pouco permeáveis. Do contrário, para solos permeáveis, a marcação das paralelas para cima das niveladas básicas é mais adequada. As linhas paralelas tanto para cima como para baixo das niveladas básicas são recomendáveis para terrenos de permeabilidade média e de topografia acidentada.
E, por fim, quando se projeta escoadouros, objetiva-se o decaimento naquele sentido, sendo, portanto, a locação de linhas de plantio ora para cima e ora para baixo das niveladas básicas. Apesar de mais refinados e eficientes, os dois últimos sistemas são mais complicados de se estabelecer no campo quando as áreas são irregulares e com declividade heterogênea.
Para o plantio em contorno, recomenda-se, também, a observação do comprimento da rampa. O comprimento da rampa é inversamente proporcional à declividade da rampa. Para o plantio em contorno, as recomendações de limites de comprimento da rampa em função da declividade.
O preparo do solo, e.g., a aração, é realizada entre duas linhas niveladas. Pode-se tomar como referência uma nivelada básica, abrindo sobre ela o primeiro sulco, que servirá como guia para o trator, até a próxima nivelada básica. Pode-se partir de cima ou de baixo do terreno. No entanto, o ideal é alternar o sentido de ano para ano.
Infelizmente, não se pode repetir continuamente o plano de preparo do solo traçado, pois, se em uma determinada área for repetido o sistema de aração, poderá ser formada uma elevação ou uma depressão no. Em ambos os casos, a repetição leva à alteração da topografia do terreno. Todavia, o uso alternado na mesma área devolve a terra ao leu lugar de origem, mantendo a topografia do terreno inalterada.
Realizada a escolha do plano e marcadas as niveladas básicas, as quais não devem ser desmarcadas com a aração, parte-se para a locação das linhas de plantio, considerando as recomendações até aqui apresentadas.
Para as áreas onde a cobertura do solo não esteja eficientemente controlando o agravamento da erosão, e.g., áreas recém plantadas, tanto para fins agropecuários ou florestais, quanto de proteção ambiental e, ou, de recuperação de degradação, a construção de sulcos e camalhões pode se constituir numa prática adequada.
Tais sulcos são construídos em contorno, tombando a terra sempre para o lado de baixo, formando, portanto, o camalhão. A distância entre tais sulcos e camalhões varia com a textura e estrutura do solo, ou seja, com a capacidade de infiltração de água no solo.
Em média, os sulcos possuem 0,20 m de largura e 0,20 m de profundidade, espaçados de 3 a 4 m. Contudo, os critérios de construção de tais estruturas podem ser os mesmos para a confecção de terraços.
Consiste, também, em sulcos construídos em nível. No entanto, têm a peculiaridade de serem mais estreitos (~ 0,10 m) e profundos (~ 0,60 m) que os anteriores e, ainda, preenchidos com material seco (daí o nome mulching, muito usado para cobertura morta). Geralmente, são espaçados na ordem de 10 m. Além de possibilitar maior infiltração de água no solo, incorpora matéria orgânica em profundidade.
A infiltração da água no leito das estradas é muito baixa ou, quase sempre, tendendo a nula. Portanto, concentra-se nas laterais, acumulando-se e aumentando sua velocidade ao longo da pendente. Tornam-se assim, locais agravantes de erosão na paisagem. Como já mencionado, o comprimento e o declive da rampa são os principais fatores relacionados à erosão. A construção das bacias de captação inicia-se com o levantamento topográfico, identificando os divisores d’água, visando ao direcionamento da enxurrada.
Os terraços são as versões mais elaboradas dos sulcos e camalhões. Como já visto, são construídos transversalmente aos declives, a intervalos dimensionados. São construídos por meio de cortes e aterros. Assim, o principio do terraceamento é parcelar o declive, ou seja, o comprimento da rampa, visando conter a velocidade de escoamento e diminuir o processo erosivo.
Além disso, a diminuição do fluxo d’água resulta na suma mais efetiva infiltração no solo. Devido ao seu alto custo, em relação às práticas citadas anteriormente, os terraços têm sido usados em situações mais graves para o controle da erosão.
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