O glifosato é um dos herbicidas mais utilizados na agricultura mundial. Por isso a polêmica em torno de sua proibição. A Justiça Federal em Brasília (DF) definiu, no último dia 3 de agosto, um prazo de 30 dias para a […]
O glifosato é um dos herbicidas mais utilizados na agricultura mundial. Por isso a polêmica em torno de sua proibição. A Justiça Federal em Brasília (DF) definiu, no último dia 3 de agosto, um prazo de 30 dias para a suspensão dos registros de defensivos que contenham o glifosato em sua fórmula, decisão que afeta a safra atual brasileira. Caso a medida se aplique, também serão impedidas concessões de novas licenças do produto.
A Justiça ainda deu o prazo de até o dia 31 de dezembro para que a Anvisa conclua a reavaliação toxicológica desse e de outros ingredientes ativos de defensivos, sob pena de multa diária de R$ 10 mil reais.
Nos Estados Unidos, tudo começou depois que um jardineiro entrou na justiça contra a Monsanto, uma das fabricantes do glifosato, alegando que o produto é causador de câncer. A justiça concedeu a vitória ao homem na semana passada e a empresa foi condenada a pagar 1 bilhão de dólares ao norte-americano.
Aqui no Brasil, a polêmica do glifosato começou há 10 anos, em 2008. Na época, a Anvisa reavaliava 14 ingredientes ativos de fitossanitários, entre eles: abamectina, tiram e o glifosato. No entanto, por causa da demora da agência para entregar resultados dessa reavaliação, o Ministério Público Federal reiterou o pedido de suspensão de registros dessas substâncias.
Entenda agora a polêmica em torno do glifosato:
O glifosato é um dos defensivos mais populares do agronegócio, especialmente nas culturas do milho e da soja. Utilizado em mais de 90% das lavouras, é um produto sistêmico, o que significa que se movimenta dentro da planta daninha, evitando rebrota e matando estruturas.
Em 2016, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) divulgou um relatório afirmando que o glifosato é seguro e não tem potencial cancerígeno. Com a polêmica decisão sob a Anvisa, importantes nomes brasileiros do setor agrícola também se manifestaram defendendo o uso do herbicida.
Blairo Maggi, afirma que as críticas ao produto não têm fundamento e soam como “lenda urbana”. Dionisio Gazziero, pesquisador da Embrapa Soja, tem posicionamento semelhante: argumenta que a decisão afeta no plantio direto, reiterando que se trata de uma prática sustentável.
Também se manifestou o diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Lourenço, afirmando que a proibição do glifosato é equivocada e traz prejuízos ao produtor. Em entrevista coletiva realizada durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio, Lourenço disse ainda que a proibição “vai acabar com o plantio direto e causar problemas ambientais. Estamos dando um tiro no pé.”
Na mesma coletiva, o presidente afirmou que “o plantio direto e a integração lavoura-pecuária dependem de insumos fundamentais” como o glifosato.
Em entrevista ao Canal Rural, o advogado Ricardo Alfonsin defende o uso do glifosato, sugerindo que o produto ajudou a evitar maiores danos ao meio ambiente. Antes, a mistura de outros pesticidas era necessária, com efeitos colaterais mais devastadores, matando até a fauna local.
Produtores temem que suas safras sejam completamente perdidas com a proibição do produto, especialmente as de soja e milho, principais produtos de consumo e de exportação do país.
Eles argumentam que, ao invés da proibição do glifosato, a solução estaria na educação sobre o uso desse herbicida. Ou seja, é preciso que o agricultor conheça as quantidades exatas de aplicação, que não causam danos para o consumo humano. Com isso, as safras não seriam desperdiçadas, evitando um grande rombo na economia do país.
A indústria de agroquímicos argumentou que não conseguiria encontrar um substituto para o glifosato a tempo de salvar a próxima safra de grãos do Brasil, que começa em setembro. E, para representantes do agronegócio, os herbicidas substitutos não seriam tão eficientes. Por isso, seria necessário usar uma quantidade muito maior de produto, causando prejuízos para o uso sustentável.
É importante considerar que a decisão da proibição é cabível de recurso. A Advocacia-Geral da União (AGU) aguarda os dados econômicos do Ministério da Agricultura sobre o uso do glifosato nas lavouras do país, bem como a movimentação de mercado de defensivos para poder derrubar liminar da Justiça Federal do Distrito Federal.
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