Texto escrito em parceria com Grupo de Estudos em Tecnologia e Produção de Sementes da Universidade Federal de Viçosa. Um dos autores é Daniel Teixeira Pinheiro, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em fitotecnia pela UFV. Atualmente é Pesquisador Associado junto […]
A semente é um organismo vivo com características físicas e comportamentais por vezes complexas e sempre fantásticas.
A forma com que as estruturas interagem e respondem ao meio depende de diversos fatores, isso porque a variabilidade das sementes é enorme, e pode ser descrita pelas diferenças em estruturas, tipos de reserva, maturação fisiológica, germinação e outros fatores.
Para entender melhor sobre o assunto, preparamos este texto explicando as principais características de cada tipo de semente (inclusive as certificadas) e os principais fatores relacionados à germinação. Vamos lá?
Embora seja comum associar semente, grão e cereal como um mesmo tipo de alimento, eles possuem propriedades individuais:
Toda semente é construída basicamente por um embrião, um tecido de reserva e uma camada protetora.
As sementes podem ser classificadas de acordo com a composição química de suas reservas:
A tolerância ao armazenamento varia entre espécies e até mesmo entre cultivares. Está relacionada à capacidade de tolerar a dessecação, sem que se perca de maneira significativa a viabilidade quando reidratada. Com base nesse comportamento, as sementes podem ser classificadas como:
O processo de desenvolvimento de uma semente, desde a sua formação até a maturidade fisiológica, é complexo e envolve diversos eventos metabólicos, que incluem divisões celulares, diferenciação de tecidos, acúmulo de reservas e perda de água.
Considerando o conceito de germinação, existem diferentes critérios que definem se a semente germinou ou não.
Do ponto de vista biológico/fisiológico, a germinação ocorre “a partir da embebição, culminando na protrusão da raiz primária”.
Por outro lado, do ponto de vista tecnológico/agronômico, considera-se “não somente a protrusão radicular, mas o desenvolvimento de uma plântula normal”.
Essa diferença de critério se dá devido a importância, do ponto de vista agronômico, de se obter sementes que possuem uma capacidade de desenvolver plantas vigorosas e produtivas no campo.
No entanto, de uma maneira generalista e independente do critério adotado, pode-se considerar a germinação como uma “sucessão de eventos que culminam na transformação do embrião em uma planta”.
Logo após a maturidade fisiológica, a semente passa por um período de latência ou repouso fisiológico, que pode ser classificado como quiescência (repouso fisiológico devido a uma limitação do ambiente, como a água) ou dormência (repouso fisiológico mesmo sob condições favoráveis do ambiente, causado por fatores intrínsecos da semente).
Após superado o período de latência da semente (seja ela quiescente ou dormente), o processo de germinação pode ocorrer.
São diversos os fatores que afetam a porcentagem, a velocidade e a uniformidade de germinação de uma população ou lote de sementes. Esses fatores são divididos em intrínsecos/internos e extrínsecos/externos.
De maneira geral, os principais fatores intrínsecos das sementes que afetam a germinação são:
Os fatores extrínsecos que afetam a germinação se referem aos fatores do ambiente, como água, temperatura e oxigênio.
A luz não tem sido incluída como fator essencial para a germinação de sementes pelo simples fato de ser considerada um agente de superação de dormência. Ou seja, a germinação propriamente dita poderá ocorrer tanto em presença quanto em ausência de luz, desde que os mecanismos de bloqueio (quando presentes) estejam desativados.
De maneira geral, a Fase I se caracteriza por uma rápida transferência de água do meio externo para o interior da semente. Isso ocorre através de um processo unicamente físico, devido à diferença de potencial entre o meio interno e externo. Nessa fase, há aumento acentuado da atividade respiratória, ativação de enzimas, síntese de proteínas e diversos outros eventos celulares relacionados ao início do processo germinativo.
A Fase II se caracteriza pela redução drástica da velocidade de absorção de água e da intensidade da atividade respiratória. É caracterizada pelo amolecimento do tegumento e por atividades bioquímicas preparatórias, como a síntese de enzimas e ácidos nucleicos, recuperação da integridade celular, reparo de mitocôndrias, dentre outras.
A Fase III se caracteriza pela retomada do crescimento embrionário de maneira visível, evidenciado pela protrusão da raiz primária. Após a protrusão radicular, há uma alta demanda de água para ocorrência dos eventos relacionados ao desenvolvimento das plântulas, como as divisões e alongamentos celulares, síntese e diferenciação de tecidos. O início dessa fase caracteriza também a intolerância à dessecação. Portanto, nessa fase é imprescindível que haja água o suficiente para desenvolvimento da plântula. Essa etapa algumas vezes é considerada erroneamente como o início do processo germinativo. Conforme visto, a germinação se inicia com a embebição de água pela semente (Fase I) e engloba as demais fases (II e III). Desta forma, o surgimento de uma plântula na superfície do solo se refere à emergência de uma plântula formada a partir do desencadeamento do processo germinativo iniciado anteriormente, de maneira não visível. Além disso, é importante ressaltar que o início da Fase III não caracteriza uma pausa das Fases I e II, podendo a semente apresentar de maneira simultânea as três fases. A duração de cada fase está relacionada não somente à espécie, mas também ao ambiente (umidade e temperatura), à viabilidade, integridade física e qualidade fisiológica do lote. O esquema abaixo ilustra diferentes situações de semeadura direta no solo. Em geral, a faixa de umidade do solo entre 70 e 100% (-0,001 a -0,05 MPa para a maioria dos solos de textura média) da capacidade de campo (CC) permite a maximização da porcentagem e da velocidade de germinação. Considerando uma situação de escassez hídrica, há uma redução tanto da porcentagem quanto da velocidade de germinação até o ponto de murcha permanente (PMP), onde essa germinação se torna nula (-1,1 MPa para a maior parte dos solos de textura média).
Por outro lado, o excesso de água acarretará em uma redução de oxigênio no solo, contribuindo para a redução da porcentagem e velocidade de germinação. Portanto, esse esquema ilustra de maneira clara e prática a importância da manutenção de níveis adequados da umidade do solo para uma germinação alta, rápida e uniforme das sementes no campo.
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