Broca do café. Saiba tudo sobre manejo e monitoramento.
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Broca-do-café. Manejo e monitoramento

4 min de leitura

Encontrada em todas as regiões produtoras da cultura no mundo, a Broca-do-café, uma das mais importantes pragas da cafeicultura, ataca os frutos em praticamente qualquer estágio de maturação – causando perdas consideráveis à produção e qualidade do café. *Este texto foi […]

por Syngenta Digital
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Broca do café. Saiba tudo sobre manejo e monitoramento.
pé de café

Encontrada em todas as regiões produtoras da cultura no mundo, a Broca-do-café, uma das mais importantes pragas da cafeicultura, ataca os frutos em praticamente qualquer estágio de maturação – causando perdas consideráveis à produção e qualidade do café.

*Este texto foi escrito por Silas Calazans, Gerente de liderança técnica e projetos da Syngenta Digital

Broca do café em alta resolução
A Broca do café é uma das pragas mais importantes da cafeicultura

Índice:

O que é Broca-do-café?

Da espécie Hypothenemus hampei, a broca-do-cafeeiro é um pequeno besouro de cor preta (Coleoptera: Scolytidae) cujas fêmeas adultas medem aproximadamente 1,7mm de comprimento e 0,7mm de largura. São elas que atacam a região da ‘coroa’ do fruto, perfurando os grãos e depositando seus ovos algum tempo depois. As larvas que nascem desses ovos se alimentam dos grãos do café, danificando normalmente uma das sementes do fruto. Os machos possuem as asas atrofiadas, por isso, não voam e ficam constantemente dentro dos frutos. De um modo geral, pode se considerar que a disseminação da praga ocorre por meio de vôos de curta a longa distância da fêmea, por transporte passivo (animais, veículos, pessoas, vento etc) e até por café comercializado.

ciclo da broca de café
Ciclo da Broca do café

Prejuízos econômicos e na qualidade do café 

De acordo com a Embrapa e a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), em casos extremos, os prejuízos pela perda de peso dos frutos podem chegar a 20% (12 kg por saco de 60 kg de café beneficiado). Além disso, a quantidade de frutos brocados e quebrados tem impacto direto na classificação dos grãos no momento da venda. Para cada 5 grãos brocados e/ou quebrados na amostra, o lote de café é penalizado com um defeito no sistema de classificação. Empresas exportadoras aceitam no máximo 10% de grãos brocados. A broca também é responsável por aumentar a queda natural de frutos entre 8 a 13%, no café arábica. No Conillon, por ser um tipo de café mais suscetível ao ataque da broca, esse número pode chegar a 46%.

Além do impacto quantitativo já mencionado, a praga também impacta indiretamente na qualidade da bebida, podendo cair da categoria tipo 2 para a tipo 7. Isso porque ao perfurar os grãos, as fêmeas da broca abrem portas de entrada para outros microrganismos (como fungos do gênero Fusarium e Penicillium). Existem ainda indícios de que alterações fisiológicas na planta, síntese de compostos químicos para autoproteção, podem alterar a qualidade final do produto. Segundo a Embrapa, na indústria, fragmentos de insetos acima do permitido foram encontrados na maioria das marcas de café registradas, sendo que 91% desses fragmentos são da broca. 

O manejo da broca-do-café 

O Período de Trânsito da broca (entre 80 e 90 dias após a florada) é quando as amostragens para avaliação da praga devem se iniciar. Como esse período ocorre normalmente entre novembro e janeiro, é esperado que a infestação da praga aumente até a colheita do café, atingindo seu pico entre meados de junho e final de agosto caso não seja feito o controle. 

Estudos realizados em café conilon, no Espírito Santo e em Rondônia, mostraram que, na entressafra, cerca de 70% dos frutos remanescentes da colheita estavam atacados pela broca. Por isso, o controle cultural seja, talvez, o mais importante dos métodos de controle para essa praga.  

Colheita bem feita, com repasse e varrição (colheita de chão), são essenciais para que o mínimo possível de frutos permaneça na lavoura (tanto nas plantas quanto no chão) entre uma safra e outra. Além disso, a ocorrência de chuva no inverno, os cultivos adensados, a baixa incidência de luz e o pouco arejamento são condições que favorecem o desenvolvimento dessa praga. Qualquer manejo que visa à alteração dessas condições será benéfico no controle da broca-do-café. Erradicação de lavouras abandonadas onde o inseto pode se reproduzir livremente também é uma ação muito importante. 

Fruto do café

Monitoramento e controle químico 

Para a realização do controle químico, as principais entidades agrícolas no Brasil recomendam o monitoramento e acompanhamento dos níveis de infestação da praga. A crescente preocupação com o consumo de alimentos saudáveis, a saúde dos aplicadores de defensivos agrícolas, o meio ambiente e a sustentabilidade da atividade agrícola e cafeeira como um todo demandam o uso racional dos produtos fitossanitários. 

Para uma tomada de decisão assertiva e manutenção das pragas abaixo no nível de dano econômico, Embrapa e CNA Brasil recomendam que o monitoramento seja realizado em zigue-zague, escolhendo-se aleatoriamente 30 plantas no talhão ou 20 plantas por hectare (para um monitoramento mais detalhado). Deve-se dividir visualmente a planta em terço inferior, médio e superior, amostrando-se – pelo menos – dois ramos de cada lado da planta em cada terço. Para cada ramo, observar 10 frutos entre as rosetas tomando nota da quantidade de grãos perfurados. Caso a porcentagem de frutos brocados seja maior que 3%, é recomendável iniciar o controle químico. 

Após a primeira aplicação, o monitoramento da broca deverá ser repetido pelo menos a cada 30 dias. Depois de iniciadas as aplicações, é recomendado realizar a contagem e coleta dos grãos perfurados. Em seguida, esses grãos serão abertos para a contagem de adultos vivos. Se a relação de adultos vivos/frutos perfurados abertos for maior ou igual a 3%, realizar nova pulverização.  

É possível ainda utilizar armadilhas para monitoramento da Broca, como as Bio broca, Iapar ou até mesmo armadilhas de fabricação caseira à base de etanol, metanol e ácido benzoico – como recomendado na cartilha da CNA. Cem adultos por armadilha também é um nível de controle recomendado nesse caso. 

Podemos mencionar ainda formas alternativas ou complementares de controle, como o controle biológico. A vespa-da-costa-do-marfim (Cephalonomia sp.) é um importante inimigo natural da broca-do-café. O fungo Beauveria bassiana também é comumente encontrado em lavouras fazendo o controle natural da broca. 

Agricultura digital no manejo da broca-do-café 

O uso da tecnologia no monitoramento e na produção cafeeira como um todo pode auxiliar o produtor, consultor e agrônomos, em geral, em uma tomada de decisão mais rápida e assertiva. Com ferramentas de agricultura digital, é possível definir aleatoriamente pontos amostrais nas lavouras, a quantidade mínima de pontos amostrais, o caminhamento a ser seguido, além de acompanhar a execução da atividade no campo. 

Com os dados e as imagens do monitoramento no campo, o responsável poderá avaliar não só os índices de infestação da praga, mas entender como o monitoramento foi realizado; entender a distribuição geográfica dos pontos amostrais; saber em detalhes quais os locais com maior infestação da praga e qual o comportamento da mesma na sua lavoura. A tecnologia auxilia ainda na própria gestão da mão de obra responsável por esse e outros monitoramentos. 

Após as primeiras aplicações e novos monitoramentos na área, o dono ou responsável técnico conseguem entender melhor a eficiência da aplicação realizada, comparando os dados da aplicação com os níveis de infestação antes e depois da mesma. 

O uso da tecnologia para coletas e amostragem em campo permite que seja criado naturalmente um histórico das lavouras, com informações importantes que poderão servir de subsídio para o planejamento da próxima safra, facilitar processos de auditoria e certificação, além de resguardar todas as decisões tomadas ao longo da safra. 

Protector nos cafezais

Com monitoramento digital, produtores têm conseguido um combate mais eficaz.
Com monitoramento digital, produtores têm conseguido um combate mais eficaz.

Há quatro anos, tabletes e celulares invadiram os cafezais e os escritórios do grupo Santo Aleixo, produtores de café de Minas Gerais. A tecnologia trouxe maior agilidade e assertividade ao negócio. “Em relação ao que fazíamos antes, mudou totalmente”, diz Juliano Moreira Tavares, gestor agrícola do grupo. O Protector tem auxiliado a empresa a tomar decisões desde o plantio até a pré-colheita. Mas é no monitoramento de pragas que Juliano vê um grande diferencial.

Recentemente, uma das fazendas teve problema com a broca e “o Protector foi determinante para solucionar o problema”, diz.  A praga surgiu em um talhão de cinquenta hectares. Através do mapa de calor que a ferramenta gera, foi feita uma aplicação direcionada, começando onde a pressão da praga era maior. “Esse combate inicial no ponto certo faz com que a praga seja controlada rapidamente, dificultando a dispersão para outros talhões, por exemplo”. Outro benefício de um combate no tempo certo é que os técnicos conseguiram agir antes mesmo que a qualidade do café fosse prejudicada.

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