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Picão-preto: conheça detalhes sobre essa espécie de daninha e seu manejo

8 min de leitura

Você sabia que o picão-preto pode fazer você perder até 30% da sua safra de grãos? Entenda melhor sobre a resistência dessa daninha em solo nacional  O picão-preto é uma planta daninha que está presente em toda a América do […]

por Giovanna Vallin
02 de maio de 2022
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Como combater o picão preto

Você sabia que o picão-preto pode fazer você perder até 30% da sua safra de grãos? Entenda melhor sobre a resistência dessa daninha em solo nacional 

O picão-preto é uma planta daninha que está presente em toda a América do Sul, do Norte e na África. Aqui no Brasil, podemos encontrá-lo em todo o território nacional. 

 Fazer um bom controle dessa planta daninha acaba sendo uma questão importante aos produtores rurais porque o picão-preto causa altas infestações nas lavouras, levando a cerca de 30% de perda na produtividade das lavouras. 

As catacterísticas do picão-preto 

Picão-preto, ou Bidens pilosa — seu nome científico —, está presente em toda a América tropical e também na África, como falamos, podendo se desenvolver e crescer de um jeito rápido, sendo encontrada em nosso território durante o ano inteiro. 

Uma das suas características é que a reprodução acontece exclusivamente por sementes, com alta produção, inclusive. A temperatura ideal para germinação é de 15oC e temperaturas acima de 35oC costumam ser letais. 

Vale dizer que o picão-preto é indiferente à luz quando pensamos na germinação, entretanto a luz consegue otimizar a germinação, tornando a daninha ainda mais forte, fato que a confere o caráter de fotoblástica positiva, em alguns casos. Outra curiosidade é que suas sementes podem se instalar em grandes profundidades — chegando até 10 centímetros — e contam com boa longevidade, germinando até 5 anos depois.   

Ou seja, devido a essa realidade, o acúmulo de palhada na área e cultivo do solo não são eficientes para controle de picão-preto. 

Assim, uma das preocupações que o picão-preto causa nos produtores rurais é que esta daninha infesta as lavouras de forma perene e com grande intensidade, além de o fato de ser uma planta hospedeira de vírus, nematóides e fungos 

A planta picão-preto 

Podemos descrevê-la como uma planta herbácea, ereta, com porte variando entre 20 centímetros e 1,5 metro. Seu desenvolvimento rápido, tal qual a produção de sementes. Veja mais características morfológicas. 

Características do picão-preto
Diferenças entre picão-preto B. pilosa (linha de cima) e B. subalternans (linha de baixo). Fonte: Hrac
  • Folhas: são pecioladas, opostas no caule e ramos, com formato ovalado ou lanceado. Tem coloração verde, variando entre tonalidades violáceas. Apresenta folhas simples ou compostas, com até 8 cm de comprimento por 4 cm de largura, com ou sem a presença de pelos. 
  • Caule: é ereto, ramificado, quadrangular e de superfície lisa. Tem um tom verde, podendo apresentar estrias ou manchas vermelho-amarronzadas, com ou sem pelos. 
  • Flores: são botões amarelos, rodeados por uma série de folhinhas verdes, fora a presença de pétalas brancas ou amarelas, caracterizadas como capítulo 
  • Sementes: têm tamanho variável, de cor negra fosca, levemente rugosas e pontilhadas. 

O picão-preto e sua utilidade medicinal 

O picão-preto também é considerado uma planta medicinal, cujas propriedades são anti-inflamatória, antioxidante, relaxante muscular e antimicrobiana, ajudando a tratar infecção urinária, reumatismo, diabetes, hipertensão, malária, dor no estômago e herpes. 

Mesmo com todas essas características, não é recomendado que se consuma picão-preto por conta própria. O mais indicado é sempre conversar com um médico antes, ok? 

A resistência do picão-preto aqui no Brasil 

Hoje, sabe-se que o glifosato permite um ótimo controle do picão-preto nas culturas de grãos (como soja e milho), até quando estamos diante de plantas já desenvolvidas.  

Mesmo assim, em nosso país, sempre existiu resistência a diferentes herbicidas. Em estudo do Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas (HRAC-BR), podemos ver um histórico dessa resistência, considerando diferentes espécies de picão-preto. Veja: 

Tabela relacionando herbicidades para cada espécia de picão-preto
Fonte: HRAC-BR 

Além disso, para evitar futuras resistências, existem algumas boas práticas, como: 

  • entender o histórico de resistência da sua área, cultivo e região;  
  • usar herbicidas pré-emergentes no manejo;  
  • fazer a rotação de mecanismo de ação de herbicidas; 
  • aplicar herbicidas em pós-emergência nas plantas ainda pequenas;  
  • fazer um controle cuidadoso na entressafra;  
  • trabalhar com rotação de culturas e adubação verde;  
  • limpar seu maquinário de forma correta, evitar carregar sementes de picão-preto para novas partes da lavoura. 

Como fazer o manejo do picão-preto 

Manejo do picão-preto

Antes de mais nada, considere o período de entressafra como o melhor momento para este manejo, afinal, há mais tipos de herbicidas que podem ser usados. Lembrando que o ideal é aplicá-lo em plantas de duas a quatro folhas, o que garante mais eficiência. 

Com herbicidas pós-emergentes 

Veja os principais herbicidas que podem ser usados.

2,4 D 

Uma opção para manejo sequencial, deve ser associado a outros herbicidas sistêmicos. É preciso dar um intervalo entre a aplicação e a semeadura de 1 dia, tomando cuidado com a deriva em áreas vizinhas. 

Glifosato  

Como falamos, ele tem controle eficiente de plantas pequenas (2 a 4 folhas). Pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial. 

Glufosinato de amônio 

Opção para plantas pequenas (2 folhas) ou em manejo sequencial, controlando a rebrota de plantas maiores. 

Triclopir  

Use-o em primeiras aplicações de manejo sequencial, associando-o a outros herbicidas sistêmicos. 

Herbicidas pré-emergentes 

Conheça as possibilidades. 

Flumioxazin 

Tem ação residual para controle de banco de sementes quando usado na primeira aplicação do manejo no outono. 

Sulfentrazone 

Também com ação residual para controle de banco de sementes se aplicado na primeira aplicação do manejo outonal, em associação a herbicidas sistêmicos. 

Conclusão

Ainda é necessário ter em mente que o manejo de picão-preto na pós-emergência da soja convencional não é uma boa prática, afinal, são poucas opções a serem usadas, sendo eficiente apenas para segurar o crescimento da daninha. 

Para usar a dose ideal e optar por herbicidas registrados, entenda a realidade do terreno e dos cultivos, além de contar com a ajuda de um engenheiro agrônomo, evitando altas dosagens que podem causar mais resistência ao picão-preto. Você ainda precisa cuidar para um monitoramento adequado da planta daninha de picão-preto, ok? 

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