O momento de planejar a nova safra de soja chegou. Na maioria dos estados, o vazio sanitário ainda está em vigor e o milho, aonde foi plantado em segunda safra, também já foi colhido. Neste momento, o produtor investe em novas tecnologias […]
O momento de planejar a nova safra de soja chegou. Na maioria dos estados, o vazio sanitário ainda está em vigor e o milho, aonde foi plantado em segunda safra, também já foi colhido. Neste momento, o produtor investe em novas tecnologias de plantio e manejo do solo, analisa estratégias de produção, e de combate às pragas da soja para não perder tempo quando a soja estiver no chão.
O controle de pragas é um dos pontos-chaves do planejamento e não deve ser subestimado. O produtor deve buscar orientação nos órgãos de suporte para saber exatamente com que ameaça terá que lidar e quais as soluções mais efetivas para isso. De acordo com Adeney de Freitas Bueno, doutor em entomologia da Embrapa Soja de Londrina (PR), uma das pragas da soja mais preocupantes para a próxima safra é o percevejo-marrom (Euschistus heros).
Por que o percevejo-marrom é a praga que mais ameaça a estrutura da soja atualmente?
Entre as pragas da soja que mais afetam a cultura, o percevejo-marrom é a mais difícil de controlar. Conforme explica Bueno, temos poucas ferramentas de controle e pouca diversidade de mecanismos de ação (há muitos inseticidas, mas são todos muito parecidos).
“Aliado à isso, vemos o abandono do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Os produtores têm aplicado defensivos usando cada vez mais o calendário, sendo que, muitas vezes não há necessidade de aplicar. Sem uma base de amostragem confiável, o produtor aplica muito inseticida e ao longo do tempo contribui para o desenvolvimento de pragas resistentes e difíceis de serem controladas”, esclarece Bueno.
O doutor em entomologia ressalta que o problema enfrentado com a resistência do percevejo-marrom demonstra que falta orientação e aperfeiçoamento da tecnologia de aplicação. “Às vezes, os produtores aplicam quando a soja já está grande, com plantas altas e a lavoura fechada. Isso dificulta um pouco a penetração do inseticida no dossel da planta”, relata.
Por isso, esses dois fatores – resistência da praga e aplicações feitas no momento errado -, fazem com que, de forma geral, essa praga seja o principal problema na cultura da soja hoje. Depois dessa, que é problema em quase todo o Brasil, e que infesta quase 90% da área cultivada, existem outras que agem de forma isolada, mas não são tão generalizadas como o percevejo-marrom.
“As lagartas desfolhadoras, por exemplo, são um problema também, mas temos muitas maneiras de controlar. Uma diversidade de bons inseticidas, a soja BT e o controle biológico. Diferente dos percevejos, existem boas ferramentas para se combater as lagartas”, pondera o pesquisador.
Outra praga de atenção é a mosca branca (Bemisia tabaci), mas ela afeta principalmente lugares secos e quentes. Portanto é um problema localizado.
O percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus) é outra ameaça, embora afete mais os produtores que fazem segunda safra com milho, já que é a essa cultura que ele afeta mais. “Ele cresce na soja, mas ataca e mata o milho. Se o percevejo-marrom representa muito problema para a soja, no sistema soja-milho, o barriga-verde é o mais importante”, acrescenta Bueno.
Danos causados pelo percevejo-marrom
Com tudo isso, o percevejo-marrom gera perdas qualitativas e quantitativas na soja.
De acordo com o pesquisador da Embrapa, para combater o percevejo-marrom, os sojicultores precisam adotar o MIP. É necessário fazer amostragem na lavoura e não se deve tomar a decisão de aplicar inseticida baseando-se apenas em vistoria visual. É preciso fazer a contagem dos insetos, usando os procedimentos adequados para isso, e tomar a decisão baseado na amostragem. Além disso, é importante controlar apenas quando for necessário.
“Muitos produtores têm o desejo de fazer um bom controle e, por isso, acabam aplicando antes da hora para se garantir. O problema é que a aplicação muito antecipada para combater uma praga como o percevejo-marrom (e até mesmo outras pragas da soja) acaba piorando a situação. O inseticida é uma ferramenta importantíssima no controle de pragas, mas quando usado erroneamente ou abusivamente, traz efeitos colaterais indesejados como a resistência e a eliminação de insetos benéficos e que ajudariam a manter o equilíbrio biológico na lavoura”, afirma Adeney.
Por isso, conforme ressalta o entomologista, a resposta de combate ao percevejo-marrom, uma das pragas da soja que mais preocupam os agricultores é, na verdade, um conjunto de boas práticas agrícolas.
“Só aplicar inseticida quando for necessário (respeitando as recomendações da Embrapa); rotacionar os mecanismos de ação (inseticidas), realizar a amostragem e adotar o MIP para tomada de decisão, e respeitar o que chamamos de nível de ação – para aplicação correta dos inseticidas”, finaliza.
Bueno lembra que sojicultores com dúvidas podem buscar orientações na Embrapa Soja.
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