A soja é originária da China e após diversos cruzamentos, conduzidos por cientistas chineses, surgiu uma linhagem mais adequada ao consumo humano. O grão chegou à Europa como planta ornamental e não se adaptou bem ao cultivo agrícola. Nos EUA […]
A soja é originária da China e após diversos cruzamentos, conduzidos por cientistas chineses, surgiu uma linhagem mais adequada ao consumo humano. O grão chegou à Europa como planta ornamental e não se adaptou bem ao cultivo agrícola. Nos EUA encontrou um clima favorável onde até os dias atuais é intensamente cultivada. Entrou no Brasil por volta de 1882, trazida pelo Professor Gustavo Dutra, da Escola de Agronomia da Bahia.
As variedades de soja apresentam hoje algumas características bem distintas da soja ancestral. A altura das plantas varia de 60 a 120 cm. O ciclo também é bem variado, geralmente, entre 100 e 160 dias. Seu crescimento pode ser indeterminado, semi determinado ou determinado. Seu desenvolvimento está associado ao fotoperíodo, sendo que se estiver submetida a um curto período de iluminação tende a florescer precocemente reduzindo consideravelmente a produtividade.
O consumo da soja está em plena expansão no mundo, tendo ultrapassado, na presente safra, mais de 300 milhões de toneladas de grãos produzidos. Para se atingir este patamar, é necessário dispor-se de variedades melhoradas, combinadas com um ambiente que otimize a expressão de seu elevado potencial genético.
DESAFIOS DE PRODUÇÃO
A cultura da soja apresenta grandes desafios para a pesquisa científica no sentido de se buscar soluções para problemas como: resistência de plantas espontâneas, insetos-praga, nematoides e ferrugem. No intuito de atender a crescente demanda por grãos, tecnologias de melhoramento genético foram lançadas, priorizando a seleção de cultivares resistentes.
Um dos fatores, inicialmente limitantes para produção da soja no Brasil, é o fato de ser originalmente uma planta de noites curtas (dias longos), sendo, portanto característico de regiões temperadas. Com o advento do melhoramento genético, tornou-se possível cultivá-la em regiões brasileiras, hoje altamente produtivas, e que se encontra em latitudes inferiores a 20° (MT, GO, BA). Outra tecnologia marcante na cultura da soja é o Manejo Integrado de Pragas (MIP-Soja), cujos resultados auxiliam técnicos na tomada de decisão quanto ao controle.
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS
O grão de soja apresenta grande variedade de uso, não se restringindo apenas à alimentação humana e animal. A crescente demanda pelo produto levou as empresas produtoras de sementes, adubos, herbicidas e agrotóxicos a desenvolver pacotes tecnológicos que reduzem grandemente o risco de perdas nas lavouras. Entretanto, mesmo aumentando a produtividade continuamente, há uma grande demanda por soluções mais sustentáveis.Adicionalmente, existe oportunidade de mercado, pois há uma parcela da população, tanto nacional quanto estrangeira, que demanda produtos orgânicos.
A soja convencional atinge um sobrepreço de 2 a 5 dólares acima da transgênica, enquanto a orgânica, inserida no Sistema de Comércio Justo, atinge 40% acima do valor. Por este motivo, a oscilação do valor da soja transgênica em função do dólar não causa variação na soja orgânica. Nesse sentido, reforça-se a necessidade de busca por insumos com base em recursos naturais renováveis.
A expectativa de adesão de novos produtores ao cultivo orgânico de soja é positiva, pois com o desenvolvimento de diversas técnicas de controle biológico de pragas e doenças, novas fontes de adubos orgânicos e manejo integrado de plantas daninhas sem o uso de herbicidas tem tornado a atividade mais atrativa. Para a conversão do cultivo convencional ao cultivo orgânico, são necessárias bases científicas consistentes e capazes de serem reproduzidas.
Nesse sentido, o desenvolvimento de novos fertilizantes mais sustentáveis é de fundamental importância. Uma via promissora é a reciclagem de resíduos orgânicos que, além de gerar uma destinação adequada ambientalmente, permite agregar valor para essas matérias primas.
Por Marihus Altoé Baldotto, professores da Universidade Federal de Viçosa.
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