A citricultura tem uma grande importância no Brasil. Só para se ter uma ideia, a safra 2021/2022 da laranja deve totalizar mais de 264,14 milhões de caixas no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro. Sem contar que temos […]
A citricultura tem uma grande importância no Brasil. Só para se ter uma ideia, a safra 2021/2022 da laranja deve totalizar mais de 264,14 milhões de caixas no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro. Sem contar que temos outros frutos que pertencem ao grupo do citros, como limão e tangerina.
Para garantir que esses números continuem altos é de suma importância considerar a produção de mudas cítricas. A qualidade da produtividade delas é o que garante o sucesso de implantação, mas também a longevidade de pomares comerciais.
Há todo um processo por detrás e vale a pena conhecer como acontece a produção, ainda mais se o seu objetivo é potencializar a produtividade da sua lavoura. Confira nos tópicos a seguir mais detalhes sobre as mudas cítricas!
A história do citros no Brasil começou junto com a descoberta pelos portugueses. Poucos anos depois de se instalarem no país, eles introduziram as primeiras sementes de laranja doce na Bahia e em São Paulo. Devido às condições favoráveis presentes no território, as plantas tiveram uma produção satisfatória e desde então são importantes elementos da agricultura nacional.
No entanto, foi só em meados de 1930 que a citricultura passou de fato a ter um papel comercial importante, começando por São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro e depois se espalhando por todo o país.
As mudas cítricas sempre foram fundamentais nesse cenário, visto que elas fazem a diferença no sucesso ou fracasso da plantação. Além disso, elas têm um forte impacto no mercado nacional, afinal, mais de 1,44 milhões de estabelecimentos rurais produzem frutas como laranja, limão e tangerina.
Depois de entender melhor sobre o papel relevante ocupado pela citricultura, é hora de conhecer como funciona a produção de uma boa muda de citros. Para garantir a qualidade do insumo precisamos passar por diferentes etapas, como a escolha do porta-enxerto, obtenção de sementes, semeadura, viveiro, tratos culturais e enxertia. Descubra mais sobre elas a seguir!
A escolha do porta-enxerto deve levar em consideração o potencial produtivo da muda. Resistência a doenças, bem como seca e frio e também a compatibilidade com outras porta-enxertos precisam ser analisados.
As sementes de citros apresentam algumas especificidades importantes e que merecem atenção. Entre elas está o fato dessas sementes serem poliembriônicas, ou seja, tem mais de um embrião por semente, sendo que alguns deles são apomíticos, que se reproduzem de maneira assexuada. Logo, os embriões apomíticos são cópias da planta matriz, criando assim a necessidade de serem registrados.
A instalação do viveiro precisa levar em consideração dois aspectos principais: local e infraestrutura. No caso da instalação devem ser considerados aspectos como o relevo e solo, favorecendo a drenagem da água das chuvas. Aliás, os aspectos climáticos da região não devem ser negligenciados. Muitas vezes eles definirão a necessidade de instalação de equipamentos, como ventiladores.
Por sua vez, a infraestrutura precisa seguir algumas recomendações, como bancada elevada, ambiente cercado por muretas, cobertura plástica impermeável, entre outras obrigações previstas na legislação.
A obtenção de sementes de citros deve acontecer por meio de árvores sadias e produtivas. Essas sementes precisam passar por um processo que inclui a retirada da mucilagem (pele), secagem e também um tratamento com fungicida sistêmico.
Feito isso, elas podem ser semeadas para a formação do porta-enxerto. As borbulhas, por sua vez, precisam ser retiradas das copas da planta-mãe da variedade escolhida.
A semeadura é a fase que é realizada nos canteiros. Esses espaços variam conforme o número de mudas pretendidas. O importante é que algumas regras sejam seguidas, como a abertura de sulcos espaçados de 15cm a 20cm e cerca de 2cm de profundidade. Em média 100 sementes devem ser distribuídas por metro linear.
Lembrando que o canteiro precisa ser protegido contra a insolação com serragem ou mesmo palha seca. Essa cobertura deve ser retirada aos poucos na medida em que as sementes germinam, o que acontece de 15 a 30 dias após a semeadura.
A enxertia pode ser realizada após seis meses da semeadura. O método mais eficiente nesses casos é a borbulhia em T invertido. Quando a muda tiver uma altura de 30 cm do solo e um caule de 1 cm de diâmetro é possível fazer essa tarefa. Após 20 dias, é preciso checar o pegamento.
A parte aérea do porta-enxerto que fica acima da borbulha precisa estar “enrolada”, a fim de estimular a brotação da borbulha. Ela poderá ser cortada após 50 dias de enxertia ou quando o enxerto ficar com 20cm a 30cm, o que acontecer primeiro.
A irrigação, adubação, bem como o controle de plantas daninhas, pragas e doenças devem acontecer ainda nos viveiros em que são produzidas as mudas. A desbrota do porta-enxerto é uma prática considerada essencial, justamente por dar a possibilidade de formação de um tronco liso e reto.
É preciso também fazer a poda a 60cm do solo, conduzindo assim de 3 a 4 ramos por muda. Ao fazer todos esses processos a produção de mudas cítricas é concluída com sucesso.
Além do passo a passo apresentado, é preciso seguir algumas regras usadas no cadastramento dos viveiros para a produção de mudas cítricas. Para isso são instituídas normas técnicas de Defesa Sanitária Vegetal para a produção, comércio, transporte e também utilização das mudas.
Os cultivares precisam estar habilitadas no Registro Nacional de Cultivares. Nesse portal do Ministério da Agricultura, são colocadas informações sobre espécies, denominação da cultivar, mantenedor, entre outros.
Lembrando que devem ser respeitadas as regras da Instrução Normativa 48 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que estabelece como deverão funcionar as normas de produção e comercialização das mudas cítricas, válidas nacionalmente. Claro, que outras normas podem existir levando em consideração cada unidade federativa. Vale a pena ter atenção ao que cada estado determina.
Como visto ao longo do artigo, a produção de mudas cítricas envolve uma série de passos. Apesar de não ser uma tarefa simples, quando trabalhada corretamente, é possível obter bons resultados no campo. Além disso, é preciso estar atento à legislação que rege a produção, pois é ela quem garante a qualidade da citricultura.
Agora que você já conhece sobre a produção de mudas cítricas, o convidamos a se aprofundar na citricultura!
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