Existente no Brasil desde 2015, o Caruru Amaranthus palmeri pode levar a grandes prejuízos nos plantios de algodão, soja e milho. Entenda como agir Desde 2015, o controle de uma planta daninha em específico tem tirado o sono dos produtores […]
Existente no Brasil desde 2015, o Caruru Amaranthus palmeri pode levar a grandes prejuízos nos plantios de algodão, soja e milho. Entenda como agir
Desde 2015, o controle de uma planta daninha em específico tem tirado o sono dos produtores agrícolas brasileiros, trata-se do Caruru (Amaranthus palmeri), que também é conhecido como caruru-palmeri em nosso país.
O primeiro registro dessa daninha foi em 2015, no Mato Grosso, e desde então muito se fala no manejo ideal do caruru-palmeri, visto que é uma daninha bastante resistente e de crescimento rápido.
O fato é que, por ter resistência a glifosato e a herbicidas inibidores da ALS nas terras brasileiras, o manejo de caruru palmeri pede que se tomem medidas como uso adequado de herbicidas pré e pós-emergentes, além do revolvimento do solo e da rotação de culturas.
A seguir, trazemos todos esses pontos em detalhes.
O Caruru Amaranthus palmeri ou caruru-palmeri é uma espécie de daninha dióica, isso significa que uma parte das plantas terão somente flores femininas e a outra, apenas flores masculinas. Esse detalhe permite a identificação do caruru-palmeri, uma vez que todas as outras espécies de caruru já identificadas no Brasil têm flores masculinas e femininas separadas, porém na mesma planta, ou seja, são plantas monóicas.
Trata-se de uma daninha considerada agressiva porque, quando em competição com a cultura durante todo o seu ciclo de desenvolvimento, costuma ocasionar perdas de produtividade no milho superiores a 91%, 79% na soja e 77% em algodão, segundo estudo da Embrapa.
As sementes são produzidas nas plantas com flores femininas, e, mesmo que não ocorra a polinização, ainda é possível a produção de sementes, através da partenocarpia — o que permite a invasão dessa espécie em novos ambientes e aumenta a preocupação dos agricultores.
Quanto à introdução do caruru-palmeri no Brasil, o que se especula é que a daninha chegou via importação de colhedoras usadas de grãos e de algodão (elas estariam contaminadas com restos de caruru-palmeri vindos de fora do país).
De acordo com registros do Indea/MT, o Brasil conta com uma área de cerca de 12 mil hectares infestada com caruru-palmeri, quantidade essa que não se alterou muito desde que os primeiros registros foram feitos. Esse fato comprova que a infestação é considerada sob controle.
O crescimento acelerado da daninha de caruru-palmeri é um ponto que chama a atenção, podendo crescer até 4 centímetros por dia.
Entretanto, a identificação em si acontece por um conjunto de detalhes, como inflorescência da planta, aparência das folhas, etc. Confira quais são os principais pontos.
A daninha registrada no Mato Grosso apresenta flores femininas e masculinas em plantas separadas. As plantas fêmeas possuem brácteas, que envolvem as flores, e passam uma característica de serem mais espinhosas. As masculinas são mais uniformes, sem o aspecto de espinhos.
O caruru-palmeri conta com formato de folhas semelhantes ao do caruru-roxo, branco, rasteiro e de espinho, ou seja, tem lâminas foliares que variam entre o formato de ovada a rômbico-ovada.
Lembrando que algumas plantas de caruru-palmeri podem apresentar folhas com uma marca d´água branca em formato de V. Porém, vale ressaltar que o caruru-de-espinho pode apresentar marca semelhante, gerando alguma dificuldade na diferenciação das espécies.
A presença de um pequeno pelo na ponta das folhas ajuda a identificar o caruru-palmeri. Porém, essa característica não é exclusiva do caruru-palmeri, podendo ser encontrada em outras, como caruru-de-espinho.
Plantas de caruru-palmeri podem apresentar raízes profundas e caules grossos, mas isso nem sempre é regra. Afinal, as plantas do caruru-palmeri tem um desenvolvimento que dispensa padrões, devido a fatores que podem ser favoráveis ou não ao crescimento da planta, como época de germinação, temperatura, chuva etc.
No Brasil, algumas plantas, mesmo após serem capinadas em períodos chuvosos, conseguiram emitir novas raízes e continuaram a produzir sementes.
Já nos Estados Unidos, temos visto casos de plantas com tamanhos equivalentes ou superiores às plantas de milho. Assim, além da matocompetição, seu caule e raízes passam a ser um problema no momento da colheita, prejudicando a automotriz.
O padrão de crescimento das plantas caruru-palmeri é parecido ao de uma roseta, quando olhamos de cima para baixo. O formato e o arranjo das folhas, além do comprimento dos pecíolos, auxiliam na captação de luz. Isso você acaba notando mais em plantas jovens, ok?
Uma vez que ambas as plantas têm características semelhantes, a identificação acontece porque, no caruru-de-espinho, existe um par divergente de espinhos em cada nó do caule com comprimento de 0,5 a 2,5cm.
Em a “Caracterização e manejo de Amaranthus palmeri” da Embrapa há uma tabela que traz mais detalhes sobre as diferenças dos diversas espécies da planta caruru:
Características | A. palmeri | A. sniposus | A. deflexus | A. hybridus | A. retroflexus | A. viridis |
Comprimento do pecíolo maior que o comprimento do limbo foliar | P1 | P* | A2 | A | A | P* |
Peo na ponta das folhas jovens | P* | P* | A | P* | A | P* |
Mancha em formato de “V” investido nas folhas | P* | P* | A | A | A | A |
Brácteas da inflorescência feminina pontiagudas e rígidas | P | P | A | A | A | A |
Inflorescência terminal maior que 60cm | P* | P* | A | A | A | A |
Planta dioicas (planta masculinha e planta feminina) | P | A | A | A | A | A |
Pibescência nos ramos jovens (fase inicial de desenvolvimento) | A | A | P | P | P | A |
Par de espinho divergente em cada nó | A | P | A | A | A | A |
Existem populações de caruru-palmeri resistentes a herbicidas de seis diferentes mecanismos de ação, que são inibidores de:
Também podem apresentar resistência cruzada, que, no caso, é quando apresenta resistência a dois ou mais herbicidas de um mesmo mecanismo de ação. Há ainda a possibilidade de resistência múltipla, quando é resistente a dois ou mais herbicidas de diferentes mecanismos de ação.
No Brasil, sabemos que populações de Caruru Amaranthus palmeri têm resistência ao glifosato devido à seleção ocorrida no país de origem.
Algumas boas práticas permitem um melhor controle do Caruru Amaranthus palmeri. Veja quais são:
A rotação de culturas facilita a rotação de mecanismos de ação dos herbicidas, o que é uma prática importante, não só para prevenir o aparecimento da daninha, como também para manejar os biótipos resistentes.
O caruru-palmeri tem sementes pequenas, o que contribui para o maior índice de emergência na camada mais superficial do solo. O revolvimento do solo via aração e gradagem ajuda nessa redução.
Apostar em plantas de cobertura permite a supressão da emergência da daninha em questão, criando um ambiente inóspito à sua germinação.
Essa prática é eficiente, mas pede cuidado na escolha e na aplicação do herbicida em questão. Os herbicidas pré-emergentes ajudam a reduzir a densidade e controlar o crescimento do caruru-palmeri. Entre os pré-emergentes, podemos citar glufosinato de amônio, e 2,4 D.
Já os pós-emergentes, ajudam a controlar de forma consistente plantas pequenas e não ocasionam sintomas de intoxicação nas culturas tolerantes, independentemente do estágio de desenvolvimento. Entre os herbicidas mais comuns, estão o amônio-glufosinato usado com herbicidas de efeito residual no solo.
Uma consideração importante aqui é que todo herbicida deve ter registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e cadastro nos Estados que permitam a sua utilização.
Lembre-se de que antes de sair usando herbicidas contra a daninha caruru Amaranthus palmeri ou caruru-palmeri é preciso garantir sua identificação, evitando o uso indiscriminado de substâncias em sua plantação. Após a identificação, é imprescindível também realizar um monitoramento da daninha eficiente.
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