Coisa do futuro? A agricultura digital já uma realidade do presente e está transformando lavouras em todo o mundo. De acordo com dados publicados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), seremos 9,8 bilhões de pessoas em 2050. Trata-se […]
Coisa do futuro? A agricultura digital já uma realidade do presente e está transformando lavouras em todo o mundo. De acordo com dados publicados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), seremos 9,8 bilhões de pessoas em 2050. Trata-se de um aumento populacional de dois bilhões de pessoas em menos de 30 anos. Crescimento esse que vem acompanhado de aumento na demanda por alimentos.
Mas como produzir mais sem aumentar consideravelmente o espaço plantado? Com inovação e tecnologia! Ainda de acordo com a FAO, a adoção da agricultura digital é capaz de aumentar a produção e a produtividade, agilizar as cadeias de abastecimento e reduzir os custos operacionais.
Nesse texto, você descobrirá o que é a agricultura digital e do que ela é capaz, além de conhecer as principais tendências para os próximos anos. Também vamos mostrar um passo a passo sobre como começar com o digital na sua lavoura.
De acordo com o Projeto Breakthrough, das Nações Unidas (ONU), a agricultura digital é “o uso de tecnologias novas e avançadas, integradas em um sistema para permitir que os agricultores e outras partes interessadas dentro da cadeia de valor da agricultura melhorem a produção de alimentos”.
Ainda segundo a iniciativa, a coleta de dados realizada por ferramentas digitais é uma das formas de levar mais eficiência para as lavouras. Quando analisadas e interpretadas, essas informações levam mais clareza para o processo de tomada de decisão no campo.
Decisões melhores e mais precisas significam menos perdas na lavoura. Essas bases de dados de uma fazenda que geram modelos preditivos para uma operação estão sendo chamadas de gêmeo digital da fazenda.
Agricultura digital também é sinônimo de autonomia. De acordo com o projeto da ONU, é possível associar a tomada de decisão a sistemas inteligentes e mensurar o impacto daquela ação de forma automatizada.
Mas por que otimizar um processo – o cultivo de alimentos – que já é realizado desde os primórdios da civilização? É simples: precisamos produzir mais para garantir a segurança alimentar do globo. E, nesse cenário, sustentabilidade é palavra de ordem.
Em entrevista à Syngenta Digital, a chefe geral da Embrapa Informática, Silvia Massruhá, explicou que a sustentabilidade tem três dimensões: econômica, ambiental e social.
“Quando nós precisamos melhorar a atividade econômica, melhorar produção e produtividade, sem muita expansão de área, preservando os recursos naturais e garantindo qualidade de vida e equidade social, para isso, nós precisamos usar novas tecnologias e inovação pra agregar mais valor a todo o processo produtivo e conseguir que a gente atinja sustentabilidade nas três dimensões”.
O investimento em agricultura digital traz ganhos para todos os envolvidos na cadeia do agro e será determinante para que possamos atender a uma demanda crescente de alimentos.
A pesquisadora destaca ainda que essa demanda já sofreu alterações, à medida que consumidor atual é mais preocupado “com nutrição e saúde, com rastreabilidade. Então as novas tecnologias vêm para oferecer essa transparência ao processo que é exigida pelo consumidor do do momento”, diz Massruhá.
Quando falamos em otimização do agronegócio por meio da agricultura digital, estamos falando em melhorias de processos em toda a cadeia produtiva do setor, uma sucessão de etapas que permitem que um produto chegue até o seu consumidor final.
Silvia Massruhá também falou sobre os benefícios do digital para algumas dessas etapas. Veja a seguir:
Não há dúvidas de que a agricultura digital traz uma série de benefícios para todos os envolvidos na atividade agrícola. Mesmo assim, o caminho que deverá ser percorrido para a digitalização do campo ainda é longo. Isso porque existem uma série de desafios que dificultam a adoção da tecnologia nas lavouras. Veja:
Silvia Masshurá chama atenção para a questão da conectividade no campo. Uma pesquisa publicada pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDS) em 2020 sobre conectividade rural afirma que “o aprimoramento tecnológico atual depende, em grande medida, da oferta de conexão à internet”. Mas o mesmo estudo alerta para a ausência de cobertura no território brasileiro. De acordo com o Censo Agropecuário 2017, apenas 28% dos estabelecimentos rurais tinham acesso à internet naquele ano, cenário que varia conforme o estado.
Segundo Masshurá, o Brasil vem avançando na elaboração de programas e planejamentos para levar a internet para o campo. Em 2019, foi instituída no país a Política Nacional de Incentivo à Agricultura e Pecuária de Precisão, que prevê “estímulo à ampliação da rede e da infraestrutura de conexão de internet nas áreas rurais do país”.
De acordo com a pesquisa sobre conectividade rural, uma opção para driblar o problema estaria em uma organização coletiva que viabilizasse a instalação da rede organizada a partir de cooperativas.
“Existe uma oferta de tecnologias, mas o produtor fica perdido. Ele não sabe como a tecnologia pode agregar valor ao seu processo produtivo”, diz Silvia Masshurá sobre um dos principais desafios para a adoção da agricultura digital: a capacitação da mão de obra. Para a especialista, é preciso investir em uma capacitação digital.
Masshurá reforça que essa capacitação não deve estar restrita à equipe técnica de grandes companhias agrícolas. “A tecnologia pode ser essencial para a sobrevivência do pequeno e do médio produtor”, explica. Ainda segundo ela, a capacitação no agronegócio pode fazer com que um produtor mude de patamar, aumentando sua produção e produtividade.
Investir em capacitação é investir em pessoas e deve ser uma prioridade para o agricultor que deseja aproveitar os benefícios da agricultura digital. Mas é possível começar com iniciativas como a e-Campo, a vitrine de capacitações online da Embrapa, que traz uma série de cursos gratuitos ou a preços populares.
“A capacidade de investimento também é um limitante, para o pequeno e médio produtor principalmente”, conta a chefe geral da Embrapa Informática. Afinal, o agricultor tem uma série de custos todos os dias e sabe que é preciso empregar seus recursos com cautela.
Mas investir em tecnologia é importante para a longevidade do produtor no negócio e, para Silvia Masshurá, a resposta está nas cooperativas e associações de produtores. A especialista pensa que esses grupos de produtores “podem ser um ator importante para fomentar a agricultura digital no país”.
De acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2020, são mais de mil unidades de cooperativas e cerca de 990 mil cooperados. Associados, esses produtores podem viabilizar investimentos em conectividade, soluções digitais de gestão, sensoriamento remoto, monitoramento digital.
Prever o futuro da agricultura digital é tarefa para especialistas! O setor se move rápido e requer constante atualização. A chefe geral da Embrapa Informática Silvia Masshurá, que coordena projetos nas áreas de engenharia de software, Inteligência Artificial e ciência da computação aplicadas à agricultura, fez previsões sobre o assunto.
Em um futuro próximo, a agricultura será mais virtual. Isso significa que haverá maior integração entre o mundo físico e virtual. A visão computacional é a tecnologia que faz com que sistemas inteligentes obtenham, de forma artificial, as informações obtidas pela visão humana. No agro, um exemplo já aplicado pela Syngenta Digital é a .
O gêmeo digital da fazenda também vem ganhando força: “A gente fala muito em digital twins é uma área que tende muito a avançar com as tecnologias na área de inteligência artificial, você conseguir reproduzir o ambiente agrícola no computador e simular todo o sistema de produção”.
“Nos próximos 20, 30 anos, o que a gente vê é uma agricultura muito mais autônoma, com mínima intervenção humana, muito se fala hoje em ghost farming”, prevê Masshurá.
Ghost farming é o conceito de fazendas que são controladas por sistemas inteligentes. Para Silvia Masshurá, no entanto, isso não significa que não haverá mão de obra humana. Agrônomos e técnicos estarão dentro dos escritórios acompanhando cada detalhe da operação por meio das ferramentas de agricultura digital.
Se você achava que a agricultura digital era só para grandes produtores, nós esperamos que, depois deste texto, não ache mais! O agro do agora – rápido, conectado e digital – está ao alcance de qualquer produtor rural e será a resposta para um futuro que pede eficiência e transparência. Por isso, aproveite e conheça nosso artigo sobre as tendências da agricultura para 2030!
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