As perdas causadas por nematoides nas grandes culturas aumentam progressivamente, ano após ano. Mas antes de traçar uma estratégia de manejo é preciso identificar o problema, que pode ser feito por meio de uma análise nematológica. Descubra como realizar uma […]
As perdas causadas por nematoides nas grandes culturas aumentam progressivamente, ano após ano. Mas antes de traçar uma estratégia de manejo é preciso identificar o problema, que pode ser feito por meio de uma análise nematológica.
Descubra como realizar uma amostragem de nematoides neste artigo.
Os nematoides que causam doenças nas plantas são vermes de tamanho microscópico. Esses vermes, também conhecidos como fitonematoides, vivem e se alimentam das raízes, caules e bulbos e, em alguns casos, das folhas e hastes das plantas.
O pequeno tamanho, o hábito de vida no solo e a diversidade de espécies e sintomas dificultam o seu reconhecimento, sendo muitas vezes confundidos com deficiências nutricionais ou com outras doenças.
A ideia de que os nematoides sempre apresentarão sintomas na lavoura e que é possível identificá-los visualmente nem sempre é correta e pode ocasionar prejuízos irreversíveis ao produtor.
A análise nematológica oferece as primeiras informações para a tomada de decisão de manejo. É somente por meio dela que é possível descobrir as espécies presentes na área/cultura (como o nematoide de galha), o nível populacional e sua distribuição ao longo dos talhões.
Com essas informações em mãos é possível realizar um manejo nematológico mais assertivo, já na entressafra e safra imediatamente posterior a identificação correta do problema, que pode ser, por exemplo, na escolha da cultura ou cultivar a ser utilizada com base na sua resistência aos nematoides, além de nematicidas direcionados a cada espécie.
Uma análise de qualidade depende de uma série de fatores, a começar por um procedimento de amostragem representativo ao longo da área.
Deve-se levar em consideração o histórico da área e, caso os nematoides já tenham sido detectados, o monitoramento deve ser constante.
A presença de reboleiras, que são manchas ao longo da lavoura com plantas amarelecidas e menos desenvolvidas, é o principal indício do ataque de nematoides, e são especialmente nesses pontos que as amostras devem ser coletadas.
Deve-se coletar na borda das reboleiras evitando plantas que estejam muito debilitadas, optando por aquelas que apresentam sintomas moderados. Retirar amostras fora da reboleira também é fundamental.
Talhões com queda de produtividade, também devem ser monitorados, pois, nem sempre, os nematoides vão apresentar sintomas evidentes. Áreas extensas e nas quais as reboleiras não são evidentes, podem ser divididas em faixas menores e homogêneas. Devem ser considerados, ainda, o tipo de solo e a declividade da área.
A amostragem deve ser realizada em uma profundidade de 25 a 30 cm. Deve-se coletar de 8 a 10 subamostras por talhão, as quais serão colocadas em um balde e homogeneizadas para formar uma amostra composta.
A maioria dos nematoides se concentra nas raízes, portanto deve-se coletar o sistema radicular da planta, com o máximo de raízes laterais (secundárias) possível, e, ainda, o solo ao redor da mesma. Cada amostra deve conter aproximadamente 200 g de raiz e 1 kg de solo.
Se houver suspeita de nematoide de parte aérea, Aphelencoides besseyi, que pode ocorrer em soja, feijão e algodão, deve-se coletar ainda a parte aérea das plantas, dando preferência para as regianpaliões sintomáticas e evitando a região do baixeiro.
No dia da coleta, é importante levar ferramentas que garantam a integridade das amostras, como pás, enxadões, baldes, tesoura de poda, sacos plásticos, etiquetas de identificação, caneta e caixa de isopor.
O momento ideal para coletas nematológicas é durante o florescimento da cultura, com, no mínimo, 40 dias após a emergência das plantas.
O solo deve apresentar umidade natural com aproximadamente 60% da capacidade de campo, não sendo recomendado realizar coletas em solos encharcados ou muito secos. O material coletado deve ser armazenado em sacos plásticos, acondicionando uma porção de solo no fundo do saquinho, seguido das raízes e outra porção de solo, de forma a garantir a conservação da umidade.
Cada amostra deve ser corretamente identificada, com a área, o talhão, a data da coleta, a cultura, a cultivar e demais informações que o responsável julgar necessárias. Armazenar as amostras em caixas de isopor e em locais arejados e livre da incidência do sol, ajuda a conservar o material.
Se as amostras não forem encaminhadas no mesmo dia para o laboratório, pode-se armazená-las na geladeira, na gaveta inferior, por um período de até cinco dias. Não é indicado adicionar gelo ou congelar a amostra, pois pode inviabilizar o material.
A qualidade e a confiabilidade dos resultados dependem de todos os fatores citados acima e, tão importante quanto eles, é a escolha do laboratório onde as amostras serão analisadas.
É fundamental dar preferência àqueles onde há um nematologista especialista em identificação de nematoides ao nível de espécie. Infelizmente, erros de identificação de espécies ainda são muito comuns nos laboratórios brasileiros, resultando em recomendações inadequadas de manejo e prejuízos ainda maiores aos produtores.
Agora que você sabe como funciona a análise nematológica, aproveite para ler nosso artigo com 4 formas para controlar pragas e doenças.
Autores:
Ana Paula Mendes Lopes
Eng. Agrônoma e Nematologista. Doutoranda em Proteção de Plantas pela Unesp/FCA e possui mestrado em Proteção de plantas pela UEM. Atualmente conduz pesquisas visando o manejo cultural de nematoides.
Daniel Dalvan do Nascimento
Eng. Agrônomo e Nematologista. Doutorando em Entomologia Agrícola pela Unesp/FCAV e possui mestrado em Produção Vegetal pela mesma Universidade. Atualmente conduz pesquisas visando o controle biológico de nematoides.
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