Com sua vasta extensão continental, o Brasil abriga uma grande diversidade de solos. Ao todo, são classificadas cerca de 13 classes de solo. No entanto, mais de 70% do solo brasileiro é composto por três principais tipos: Latossolos, Argissolos e […]
Com sua vasta extensão continental, o Brasil abriga uma grande diversidade de solos. Ao todo, são classificadas cerca de 13 classes de solo. No entanto, mais de 70% do solo brasileiro é composto por três principais tipos: Latossolos, Argissolos e Neossolos.
Segundo a Embrapa, os Latossolos e Argissolos juntos representam 58% das terras do país. Por isso, a probabilidade de você ter um terreno com solo argiloso é alta, já que esse tipo faz parte dos Argissolos.
Como qualquer solo, os argilosos têm suas peculiaridades de manejo, especialmente no que se refere à correção e à manutenção da umidade. Uma boa produção agrícola começa com um planejamento e uma preparação adequados do solo. Vamos explorar tudo sobre o solo argiloso neste artigo.
O solo argiloso apresenta uma coloração vermelha-escura, é bastante úmido e macio. Com mais de 30% de argila em sua composição, esse solo também contém grandes quantidades de ferro e alumínio, características típicas das regiões tropicais quentes e úmidas, como o Brasil.
Esse tipo de solo, muitas vezes chamado de “solo pesado”, tende a absorver muita água após as chuvas, resultando em terrenos encharcados. No entanto, durante períodos secos, ele forma uma camada dura e pouco arejada, o que pode dificultar o desenvolvimento da vegetação.
Os solos argilosos se originam de rochas ígneas e metamórficas, especialmente no Planalto Atlântico, ou de rochas sedimentares finas em outras regiões. Essas áreas apresentaram florestas em sua origem, mas suas condições de relevo variam bastante.
Uma curiosidade é que o argissolo se divide em duas principais espécies: o solo argiloso, que discutimos aqui, e o solo arenoso. O argiloso é mais fértil para a produção agrícola, enquanto os arenosos apresentam produtividade inferior.
Como mencionamos, o solo argiloso contém mais de 30% de argila, podendo chegar a até 60%. Outra característica importante são os microporos, pequenos espaços porosos que permitem a retenção de água. Por conta dessa estrutura, o solo argiloso tende a ficar encharcado após chuvas, o que facilita o manuseio.
Contudo, quando está seco e compacto, sua porosidade diminui, tornando-o duro e com baixa aeração. Além disso, o solo argiloso tem consistência fina e é impermeável à água e a outros líquidos.
Fora do contexto agrícola, ele serve como matéria-prima para a fabricação de utensílios, cerâmicas, telhas e tijolos. Outras características relevantes incluem:
– Maior retenção de nutrientes
– Acidez moderada
– Maior resistência à erosão
– Propriedade propícia para cultivo agrícola
No Brasil, os dois tipos mais comuns de solo argiloso são o massapé e a terra roxa. Vamos detalhar cada um deles a seguir.
Fonte: AGEITEC (Embrapa).
A terra roxa, ou nitossolo, destaca-se pela sua tonalidade avermelhada. Seu nome originou-se do termo italiano “terra rossa”, que significa “terra vermelha”. No Brasil, esse solo é encontrado na metade norte do Rio Grande do Sul, em porções ocidentais de Santa Catarina, no Paraná, em São Paulo e no sul e sudoeste de Minas Gerais, além de em todo o sul e leste de Mato Grosso do Sul. Essas regiões são cruciais para a produção agropecuária.
Historicamente, a terra roxa foi fundamental para o desenvolvimento do Brasil no final do século XIX, impulsionando as grandes lavouras de café e a construção de ferrovias, que promoveram a urbanização de várias cidades na rota do café.
Chernossolo Argilúvico. Fonte: AGEITEC (Emprapa).
O chernossolo é rico em matéria orgânica na camada superficial e apresenta alta fertilidade, representando 0,5% do território brasileiro.
O massapé é um solo escuro, quase preto, encontrado na região litorânea do Nordeste. Muito fértil, ele é excelente para a agricultura e se forma pela decomposição do granito em regiões tropicais com estações seca e úmida bem definidas. Historicamente, era o solo predominante para o cultivo de cana-de-açúcar durante o período colonial.
Fonte: AGEITEC (Emprapa).
O vertissolo contém cerca de 1/3 de argila e possui boa fertilidade química, além de estar relacionado a calcários e sedimentos argilosos ricos em cálcio e magnésio. Vale destacar que esse solo tem baixa permeabilidade.
Os coloides são partículas do solo de tamanho reduzido que possuem cargas negativas e podem reter nutrientes. No solo argiloso, esses coloides retêm diversas substâncias como hidrogênio, cálcio, magnésio, sódio e potássio, que possuem cargas positivas.
Na prática, isso implica na necessidade de reavaliar os tipos de nutrientes adicionados, visto que os coloides já atraem uma boa parte deles. Portanto, a adubação adequada é essencial para garantir a movimentação dos nutrientes.
Agora que você conhece as características do solo argiloso, é hora de aplicar um manejo adequado. Lembre-se de que o mau manejo pode levar à compactação e ao aumento da densidade do solo. Quanto maior a densidade aparente, menor a porosidade. Aqui estão alguns cuidados essenciais:
Como as partículas de argila têm diâmetro menor que 0,002 mm, o solo argiloso apresenta limitações para o sistema de plantio direto. As partículas são suscetíveis à compactação causada pelo tráfego de máquinas.
Ao preparar o solo com arado e grade, mantenha a umidade na faixa de 60 a 70% da capacidade de campo. Para escarificadores e subsoladores, uma umidade de 30 a 40% é ideal. Essa umidade age como um lubrificante entre as partículas, reduzindo os riscos de compactação. O solo argiloso pode gerar altas produtividades em culturas como trigo, soja e milho. No entanto, evite encharcar o solo, pois a maioria das culturas não tolera altos níveis de umidade, exceto o arroz irrigado. Muitas vezes, será necessário implementar um sistema de drenagem para manter a produtividade.
CTC, ou capacidade de troca catiônica, é uma medida importante para o solo argiloso. Ele ajuda a imobilizar cátions orgânicos, catalisar reações não biológicas, reter elementos tóxicos e antibióticos, além de proteger microrganismos. O solo argiloso normalmente apresenta CTC entre 11 e 50. Se a CTC for inferior a 10, já estamos falando de solo arenoso.
Ter uma quantidade significativa de nutrientes no solo não garante que eles estejam disponíveis. Um exemplo é o fósforo, que se move lentamente em solos argilosos. Por isso, a adubação e a correção do solo são fundamentais.
O solo argiloso é um tipo muito comum no Brasil. Portanto, é crucial se informar e preparar-se adequadamente para o plantio, garantindo a correção correta do solo, considerando a necessidade de drenagem e o tipo de plantio. Com os cuidados certos, você assegura a produtividade da sua safra.
Se você está sofrendo com degradação do solo, saiba como evitar esse problema nas suas terras. Confira!
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