Já parou para pensar que em todo lugar que estamos, tem sempre um inseto ao nosso redor? Isso ocorre, por muitos fatores, como características que garantem o sucesso evolutivo, ou o grande número de tipos de insetos existentes, sendo este […]
Já parou para pensar que em todo lugar que estamos, tem sempre um inseto ao nosso redor? Isso ocorre, por muitos fatores, como características que garantem o sucesso evolutivo, ou o grande número de tipos de insetos existentes, sendo este o grupo mais abundante da face da Terra, ultrapassando em número todos os outros animais terrestres.
Leia a seguir como se dá a interação dos principais tipos de insetos com o ambiente e a sociedade!
Não sabemos exatamente quantos insetos existem, mas estima-se que já foram registrados cerca de um milhão de espécies. No entanto, a verdadeira diversidade de insetos vai bem além disso, podendo chegar a aproximadamente 30 milhões de espécies com os avanços de estudos, principalmente em áreas tropicais do planeta.
A história evolutiva dos insetos, permitiu-lhes adaptação a diversos hábitats e condições climáticas, razão pela qual dificilmente se encontre um local não habitado por um inseto.
A grande maioria dos insetos vive em ambientes terrestres (sobre ou sob o solo) ou em ambientes aquáticos, sobretudo em água doce, sendo raramente encontrados em mar aberto. Mas, é possível achar insetos em lugares bastantes peculiares que variam desde cavernas subterrâneas até em altas altitudes, como o Monte Himalaia.
Outros tipos de insetos são capazes de aguentar temperaturas extremas, sendo encontrados na Antártica, no Círculo Polar Ártico e nos desertos.
Insetos estão constantemente presentes em nossas vidas, compartilhando nossas casas, mercados, plantas e animais. Desta forma, é fundamental entender as relações que ocorrem entre os insetos e o meio no qual eles estão inseridos.
Os diferentes hábitos alimentares dos insetos fazem com que se tornem nocivos a diversos seres, causando prejuízos econômicos e comprometendo a saúde humana e animal.
Por exemplo, os insetos hematófagos possuem importância médica-veterinária por se alimentarem de sangue dos seres humanos e dos animais, o que os habilita a transmitir patógenos (vírus, bactérias, protozoários) responsáveis por diversas doenças.
Você já deve ter ouvido falar nos mosquitos da dengue (Aedes aegypti), que são vetores de vírus causadores de doenças como a Dengue, Febre amarela, Zika vírus e Chikungunya. Ainda podemos citar o Barbeiro, que transmite o protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas e o mosquito Anopheles que transmite o protozoário causador da malária.
Nos animais domésticos, a simples presença de pulgas pode desencadear reações alérgicas, anemia, verminoses e até mesmo estresse.
Os insetos fitófagos, ou simplesmente herbívoros, podem consumir todas as partes das diferentes famílias de plantas. Lagartas e vaquinhas se alimentam de folhas, cigarrinhas e pulgões sugam a seiva das plantas, as brocas perfuram os caules, córos e cupins se alimentam das raízes, algumas larvas de moscas se alimentam da polpa de frutos, e assim por diante.
Alguns insetos chamados de insetos vetores, ao se alimentarem plantas, podem transmitir fitopatógenos (vírus, bactérias) que estão localizados em seu trato digestivo e, consequentemente causam doença nas plantas.
Outros tipos de insetos se alimentam de madeira morta, como é o caso dos cupins ou deterioram alimentos armazenados (grãos e farinhas), como os gorgulhos, carunchos e traças.
Na agricultura, esses danos podem ocorrer de forma direta, quando os insetos atacam o produto a ser comercializado, ou de forma indireta, quando os mesmos atacam estruturas vegetais que interferem na produção. Por esse motivo, muitos assumem o papel de pragas em determinadas culturas agrícolas. No entanto, apesar da maioria dos insetos alimentar-se das plantas, apenas cerca de 2% dessas espécies são consideradas pragas.
A ocorrência de pragas está ligada diretamente às atividades humanas, principalmente a monocultura. Na natureza, todos os organismos se relacionam entre si e com o meio em que vivem, de modo que as populações são mantidas em equilíbrio.
No momento em que o homem interfere no ambiente com o objetivo de aumentar a produtividade, as populações de determinadas espécies de insetos fitófagos aumentam consideravelmente. Estes insetos são atraídos pelo alimento favorito em abundância em um só lugar, durante um longo período de tempo e, consequentemente conseguem se reproduzir com maior rapidez.
Além disso, a baixa diversidade de plantas na área, impede a formação de barreira natural na plantação, pois algumas plantas possuem componentes que repelem as pragas, ou servem de refúgio para os organismos que controlam naturalmente os insetos, os inimigos naturais das pragas (predadores, parasitoides e entomopatógenos).
Apesar de serem vistos como problemas para a sociedade, os insetos são extremamente valiosos para os seres humanos, pois contribuem para a nossa alimentação e para obtenção de bens que utilizamos. Diversas frutas, verduras, legumes, algodão, entre outros produtos agrícolas, só são produzidos a partir da polinização feita exclusivamente por insetos.
As abelhas são os principais polinizadores, gerando um aumento da produtividade das culturas, mas outros insetos, como moscas, borboletas, mariposas, vespas, besouro, formigas, e tripes também contribuem para a polinização de aproximadamente 90% das espécies de plantas em todo o mundo.
Vale ressaltar que as frutas provenientes da polinização por abelhas apresentam uma qualidade superior quando comparadas àquelas provenientes de outras formas de polinização ou por autofecundação.
Mas os polinizadores não são os únicos insetos benéficos presentes na agricultura. Os entomófagos, como são conhecidos os insetos predadores e parasitoides, se alimentam de outros insetos atuando como controladores naturais das populações de insetos-praga, ajudando a manter o equilíbrio no agrossistema.
Desta forma, ajudam a reduzir a utilização de produtos químicos nas lavouras, diminuindo os custos de produção, aumentando a qualidade dos alimentos produzidos e protegendo a saúde dos consumidores e também dos agricultores.
No mercado, podemos encontrar diversos produtos fabricados e/ou derivados dos insetos. Confira!
As abelhas, além de polinizarem infinitas culturas, ainda fornecem mel, um alimento delicioso e bastante nutritivo; própolis, que é considerado um poderoso antibiótico; cera de abelha, que apresenta propriedades medicinais e cosméticas, e outros produtos de valor comercial, como a geleia real e o pólen.
O bicho-da-seda, Bombyx mori é outro inseto economicamente importante para o setor têxtil. Suas lagartas possuem glândulas salivares modificadas que produzem o casulo, no qual protege a lagarta enquanto se transforma em mariposa.
Para a produção do casulo, cada lagarta de bicho-da-seda tece um fio, rico em fibroína e sericina, onde são extraídos para a confecção de diversos tecidos, principalmente a seda.
Além dos produtos que são facilmente adquiridos, os insetos ainda contêm uma vasta gama de compostos químicos, alguns dos quais podem ser coletados, extraídos ou sintetizados para nosso uso, como é o caso da quitina, um componente da cutícula (“pele”) dos insetos, que atua como anticoagulante, acelera a cura de feridas e queimaduras, serve como carreadores não alergênicos de fármacos, fornece poderosos plásticos biodegradáveis e melhoram a remoção de poluentes no tratamento de esgotos, entre tantas outras aplicações que ainda se encontram em desenvolvimento.
Ainda da “pele” do inseto, podem ser extraídos pigmentos para serem utilizados como corante. O mais conhecido é o carmim produzido a partir da cochonilha Dactylopius coccus muito utilizado na indústria alimentícia em produtos como biscoitos, gelatinas, recheios de bolacha, iogurte, balas, pirulitos, sorvetes, licores, refrigerantes, chocolate, leite de soja de frutas, carnes processadas, geleias, sucos, rações de animais e muitos outros produtos.
Este corante confere aos produtos a coloração vermelha, marrom, laranja ou rosada. Outras cochonilhas, como a Kerria lacca, secreta uma resina utilizada na produção um verniz comercial chamado goma-laca, usada como impermeabilizante para materiais porosos e absorventes como papel, madeira, cerâmica e gesso para posterior pintura.
Para o ecossistema de uma forma geral, os insetos apresentam diversas funções, como:
Além disso, eles estão no topo das teias trófica de outros animais de interesse para a nossa sociedade, como algumas aves, peixes e alguns mamíferos e até mesmo, o homem (Entomofagia).
Recentemente, tem-se investido na utilização de insetos na alimentação animal e/ou na produção de ração para criação de animais, como fonte de vitaminas, ácidos graxos e, principalmente, proteínas, garantindo aos animais a manutenção da boa saúde, fortalecendo o sistema imunológico e favorecendo o desenvolvimento dos tecidos.
Cada espécie de inseto é parte de um conjunto maior, e qualquer perda por menor que seja afeta a complexidade e a abundância de outros organismos. É importante ter em mente que os insetos fornecem mais do que benefícios econômicos e ambientais, alguns insetos em função de suas características peculiares são considerados modelos úteis para entender processos biológicos gerais.
O estudo dos insetos (Entomologia) tem ajudado muitos cientistas a resolverem problemas relacionados com hereditariedade, evolução, sociologia, como os insetos sentem o ambiente e outras questões.
Sem contar, que os insetos sempre estiveram presentes em nossas vidas por meio de totens e símbolos religiosos e espirituais e estão constantemente sendo retratados na arte, na literatura (contos e fábulas), no cinema e na música, e acreditem, ajudam inclusive a desvendar diversos crimes por meio do uso da Entomologia forense.
Esperamos que vocês tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre os diferentes modos como os tipos de insetos interferem em nossas vidas e da importância de vivermos em harmonia com esses seres.
Texto escrito em parceria com o Núcleo de Estudos em Entolomogia da Universidade Federal de Lavras. Autores: Mariana Macedo de Souza; Emanoel da Costa Alves¹; Ana Paula Ananias Antunes¹; Thamiris Gabrielle Bibiano¹; Rosangela Cristina Marucci2
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